TEXTOS DIVERSOS: Tatuagem
Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo
para
não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca.
(Mundo
Online, 4, fev., 2003)
Ela não era
enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78
anos, mas sim 42; bela mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a
mesma coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O homem
não comentou: perguntou apenas o que era para ser tatuado.
– É bom você
anotar – disse ela – porque não será uma mensagem tão curta como essa da
inglesa.
Ele apanhou
um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
– “Em caso
de que eu tenha uma parada cardíaca” – ditou ela –, “favor não proceder à
ressuscitação”.
Uma pausa, e
ela continuou:
– “E não
procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo está
cheio de ingratos.”
Ele
continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais
tatuasse, mais ganharia.
Ela
continuou falando.(...). Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha
adivinhado como terminaria a história (...). E antes que ela contasse a sua
tragédia resolveu interrompê-la.
– Desculpe,
disse, mas para eu tatuar tudo o que a senhora me contou, eu precisaria de mais
três ou quatro mulheres.
Ela começou
a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma coisa
num bar ali perto.
Estão
vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem. (...). Ele fez uma tatuagem
especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico (...).
Mas cada vez que ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se
tivesse sido ressuscitada, e como se tivesse vivendo uma nova, e muito melhor,
existência.
(Moacyr
Scliar, Folha de S. Paulo, 10/03/2003.)
1- O trecho da crônica que mostra que o
cronista inspirou-se em um fato real é
(A) a notícia, retirada da Internet,
que introduz a crônica.
(B) as manobras de ressuscitação
praticadas pelos médicos.
(C) a reprodução da conversa entre a
secretária e o tatuador.
(D) a história de amor entre a secretária e o tatuador.
2- O fato gerador do
conflito que constrói a crônica é a secretária
(A) ser mais jovem que a enfermeira da
notícia. (B) concluir que
a vida não vale a pena.
(C) achar romântica a história da
enfermeira
(D) ter se envolvido com o tatuador.
3- Um trecho do texto que
expressa uma opinião é
(A) “Mesmo assim, decidiu fazer a mesma
coisa.”
(B) “O homem não comentou; perguntou
apenas o que era para ser tatuado.”
(C) “A vida é cruel, o mundo está cheio
de ingratos.”
(D) “Ela começou a chorar. Ele
consolou-a como pôde.”
4- O trecho do texto que retrata a
consequência após o encontro da secretária com o tatuador é
(A) “Foi procurar um tatuador, com o
recorte da notícia”.
(B) “Ele apanhou um caderno e um lápis
e dispôs-se a anotar”.
(C) “E antes que ela contasse a sua
tragédia resolveu interrompê-la”.
(D)” Estão vivendo juntos há algum
tempo. E se dão bem”.
É preciso se levantar cedo?
A partir do
momento em que a lógica popular desenrola diante de nós sua sequência de
surpresas, é inevitável que vejamos surgir a figura do grande contador de histórias
turco, Nasreddin Hodja. Ele é o mestre nessa matéria. Aos seus olhos a vida é
um despropósito coerente, ao qual é fundamental que nós nos acomodemos.
Deste modo,
quando era jovem ainda, seu pai um dia lhe disse:
– Você devia
se levantar cedo, meu filho.
– E por quê,
pai?
– Porque é
um hábito muito bom. Um dia eu me levantei ao amanhecer e encontrei um saco de
ouro no meu caminho.
– Alguém o
tinha perdido na véspera, à noite?
– Não, não –
disse o pai. – Ele não estava lá na noite anterior. Senão eu teria percebido ao
voltar para casa.
– Então –
disse Nasreddin –, o homem que perdeu o ouro tinha se levantando ainda mais
cedo. Você está vendo que esse negócio de levantar cedo não é bom para todo
mundo.
(CARRIÈRE,
Jean-Claude. O círculo dos mentirosos: contos filosóficos do mundo
inteiro. São Paulo: Códex, 2004.)
5- O diálogo entre pai e filho permite
entender que
(A) pai e filho não se dão bem.
(B)
pai e filho têm os mesmos hábitos.
(C) pai e filho encontraram um saco de
ouro. (D) pai e filho pensam de forma
diferente.
6- O uso do vocábulo “então”,
que abre a fala final de Nasreddin, serve para que apresente ao seu pai
(A) a conclusão que tirou da
resposta.
(B)
a hora de encerrarem aquela conversa.
(C) a justificativa para acordar mais
tarde. (D) a hipótese de que estava com a razão.
O silêncio do rouxinol
[...]
Na época de
Salomão, o melhor dos reis, um homem comprou um rouxinol que possuía uma voz
excepcional. Colocou-o numa gaiola em que nada faltava ao pássaro e na qual ele
cantava, horas a fio, para encanto da vizinhança.
Certo dia,
em que a gaiola havia sido transportada para uma varanda, outro pássaro se
aproximou, disse qualquer coisa ao rouxinol e voou. A partir desse momento, o
incomparável rouxinol emudeceu.
Desesperado,
o homem levou seu pássaro à presença do profeta Salomão, que conhecia a
linguagem dos animais, e lhe pediu que perguntasse ao pássaro o motivo de seu
silêncio.
O rouxinol
disse a Salomão:
– Antigamente
eu não conhecia nem caçador, nem gaiola. Depois me apresentaram a uma
armadilha, com uma isca bem apetitosa, e caí nela, levado pelo meu desejo. O
caçador de pássaros levou-me, vendeu-me no mercado, longe da minha família, e
fui parar na gaiola deste homem que aí está. Comecei a me lamentar noite e dia,
lamentos que este homem tomava por cantos de gratidão e alegria. Até o dia em
que outro pássaro veio me dizer: “Pare de chorar, porque é por causa dos seus
gemidos que eles o mantêm nessa gaiola”. Então, decidi me calar.
Salomão
traduziu essas poucas frases para o proprietário do pássaro. O homem se
perguntou: “De que adianta manter preso um rouxinol, se ele não canta?”. E lhe
devolveu a liberdade.
CARRIÈRE.
Jean-Claude. O círculo dos mentirosos: contos filosóficos do mundo
inteiro. São Paulo: Códex, 2004.
7- O fato que gera o
conflito na história é o pássaro
(A) possuir uma voz excepcional.
(B) ter emudecido. (C) ser um rouxinol.
(D) encantar a vizinhança.
8- No trecho “...cantava, horas a fio,
para encanto da multidão.”, a expressão “horas a fio” tem o sentido de
(A) de vez em quando. (B)
durante muito tempo.
(C) pousado em um fio. (D) sem
cobrar por isso.
9- A decisão de não mais
cantar, comunicada pelo rouxinol a Salomão, que a traduziu para o homem, teve,
como consequência, o homem
(A) não entender a tradução.
(B) ficar desesperado. (C) libertar o
rouxinol. (D) silenciar o rouxinol.
10- O trecho do texto que
contém uma opinião é
(A) “Na época de Salomão, o melhor dos
reis,...”
(B) “Pediu que perguntasse ao pássaro o motivo de seu silêncio.”...
(B) “Pediu que perguntasse ao pássaro o motivo de seu silêncio.”...
(C) “Comecei a me lamentar noite e
dia,...”
(D) “E lhe devolveu a liberdade.”
As questões dessa prova foram retiradas do site: http://www.rio.rj.gov.br/web/sme
1 - (A) a
notícia, retirada da Internet, que introduz a crônica.
2 - (B) concluir que a vida não vale a pena.
3 - (C) “A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”
4 -(D)” Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem”.
5 - (D) pai e filho pensam de forma diferente.
6 - (A) a conclusão que tirou da resposta.
7 - (B) ter emudecido.
8 - (B) durante muito tempo.
9 - (C) libertar o rouxinol.
10 - (A) “Na época de Salomão, o melhor dos reis,...”
2 - (B) concluir que a vida não vale a pena.
3 - (C) “A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”
4 -(D)” Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem”.
5 - (D) pai e filho pensam de forma diferente.
6 - (A) a conclusão que tirou da resposta.
7 - (B) ter emudecido.
8 - (B) durante muito tempo.
9 - (C) libertar o rouxinol.
10 - (A) “Na época de Salomão, o melhor dos reis,...”
Linguagem figurada - 6º ano - com gabarito
1) Imagine...
Carolina diz para a amiga: “Gustavo é
uma gato”.
Gustavo comenta: “Carolina é uma
gatinha”.
a) O que cada um deles está querendo
dizer?
b) Gato e gata, então, ganharam um
novo sentido? Por quê?
2) A) O vento cochichava segredos
no seu ouvido.
B) o
menino cochichava segredos no ouvido da menina.
Uma dessas
duas frases apresenta uma associação inesperada, pouco comum. Identifique-a e
explique o que ela tem de novo.
3) A) Seu olhar queima.
B) o
sol queima.
a) O que há de comum entre o olhar e o
sol?
b) Em uma das frases, o verbo foi usado
em sentido figurado, não é “queimar” de verdade.
Identifique-a, justificando sua resposta.
4) Joana tem olhos brilhantes. As estrelas
brilham no céu.
Compare, numa frase, os olhos de Joana
com as estrelas:
a) Usando a palavra “como”;
b) Eliminando a palavra “como”
CANÇÃO
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles. Viagem. In: Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
5) “Pus o
meu sonho num navio /e o navio em
cima do mar; / - depois, abri o
mar com as mãos, / para o meu
sonho naufragar”.
a) A palavra sonho não
está usada no sentido comum, de imagens que acontecem enquanto dormimos. Quando
estamos acordados, com o que sonhamos?
b) Sonho, nesse sentido,
então, tem um significado próximo ao de uma dessas palavras: falsidade, ilusão, realidade.escolha a melhor.
c) O que aconteceu com o
sonho do poeta?
6) a) A quarta estrofe sugere que o poeta
não quer o quê?
b) apóie-se
no texto e justifique sua resposta.
GABARITO:
1) a- Cada um está querendo dizer que o
outro é bonito.
b- Sim,
deixaram de significar o animal, para expressar um elogio
2) A frase A apresenta um associação
inesperada, porque cochichar é ação de pessoa, vento não cochicha.
3) a- Ambos queimam.
b- Em A, o verbo
foi usado em sentido figurado, porque o olhar não queima de verdade, como o
sol.
4) a- Os olhos de Joana brilham como
estrelas. Ou: Os olhos de Joana são brilhantes como as estrelas.
b- Os olhos
de Joana são estrelas
5) a- Sonhamos com o que não temos, com as
coisas que queríamos poder fazer...
b- Tem um
significado próximo de ilusão.
c- O poeta
afundou o próprio sonho.
6) a- A quarta estrofe sugere que o poeta
não quer que o sonho volte, pois tudo está perdido mesmo.
b- Ela quer
que o navio chegue ao fundo e que o sonho desapareça.
Avaliação para 5º e/ou 6º ano
Prova de
Literatura – Professora: _________________ – Data: ____/_____/_____
Aluno(a):
____________________________________ nº: ______ Turma: ______
A causa da chuva
Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram
inquietos. Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar.
Mas não chegavam a uma conclusão.
_ Chove só quando a água cai do telhado de meu galinheiro - esclareceu
a galinha.
_ Ora, que bobagem! - disse o sapo de dentro da lagoa. - Chove
quando a água da lagoa começa a borbulhar suas gotinhas.
_ Como assim? - disse a lebre. - Está visto que só chove quando as
folhas das árvores começam a deixar cair as gotas d'água que têm dentro.
Nesse momento começou a chover.
_ Viram? - gritou a galinha. - O telhado de meu galinheiro está
pingando. Isso é chuva!
_ Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando? - disse o
sapo.
_ Mas, como assim? - tornou a lebre - Parecem cegos! Não vêem que a
água cai das folhas das árvores?
Millôr Fernandes
1- O
trecho do texto que indica um fato é
(A)
“...começou a chover.”
(B) “...
diziam que ia demorar...”
(C) “... que
bobagem!”
(D) “...
diziam que ia chover...”
2- A ideia
central do texto é apresentar uma discussão sobre
(A) o
telhado do galinheiro. (B) a chuva. (C) a água da
lagoa. (D) as folhas das árvores.
3- A
inquietação dos animais tem como causa
(A) a
necessidade de águas nas árvores do lugar.
(B) a
expectativa de chuva no verão na lagoa.
(C) a
ausência de água na lagoa onde moravam.
(D) a falta
de chuvas no lugar onde moravam.
Caverna
Houve um
dia,
no começo do
mundo
em que o
homem
ainda não
sabia
construir
sua casa.
Então
disputava
a caverna
com bichos
e era aí sua
morada.
Deixou para
nós
seus sinais,
desenhos
desse mundo
muito
antigo.
Animais,
caçadas, danças,
misteriosos
rituais.
Que sinais
deixaremos
nós
para o homem
do futuro?
Roseana Murray. Casas. Belo Horizonte: Formato, 2004.
4- No último
verso da segunda estrofe: ”e era aí sua morada”, a expressão
em destaque pode ser substituída por: (A) sua casa. (B) o
homem. (C) do mundo. (D) com bichos.
Chegou a festa junina!
(Fragmentos)
Antes da era cristã, alguns povos antigos - persas, egípcios, celtas,
sírios, bascos, sardenhos, bretões e sumérios - faziam rituais para invocar a
fertilidade de suas plantações. Eles acendiam fogueiras para espantar os maus
espíritos e desejavam obter uma boa safra. Isso acontecia em junho, época em
que se inicia o verão no hemisfério norte. Esses festejos e perpetuaram. Mais
tarde, passaram a ser seguidos não só pelos camponeses, mas também pelos homens
da cidade na Europa. No entanto, os rituais eram considerados pagãos pela
Igreja Católica. Como não era possível dar fim a uma tradição tão antiga, a
Igreja adaptou essa celebração a seu calendário de festividades no século 4.
Estava iniciada a Festa Joanina, que recebeu este nome em homenagem a São João
Batista, um dos santos mais importantes celebrados em junho - os outros são
Santo Antônio (no dia 13) e São Pedro (no dia 29).
(http://www.cienciahoje.uol.com.br)
5- A
igreja adaptou os rituais a seu calendário de festividades porque
(A) deveria
espantar os bons espíritos. (B) queria perpetuar os festejos na Europa.
(C) desejava
manter os rituais no hemisfério norte.
(D) seria
muito difícil romper com as antigas tradições.
6- Em
“Esses festejos se perpetuaram.” , o trecho que mantém o
sentido da expressão em destaque é
(A) ...
“persas, egípcios, celtas, sírios, bascos, sardenhos, bretões e sumérios -
faziam rituais para invocar a fertilidade de suas plantações.”
(B) “Mais
tarde, passaram a ser seguidos não só pelos camponeses, mas também pelos homens
da cidade na Europa.”
(C) “Isso
acontecia em junho, época em que se inicia o verão no hemisfério norte.”
(D) “Estava
iniciada a Festa Joanina, que recebeu este nome em homenagem a São João
Batista, ...”
Viagem de Bonde
(Fragmentos)
Era o Bonde Engenho de Dentro, ali na Praça Quinze. Vinha cheio, mas
como diz, empurrando sempre encaixa. O que provou ser otimismo, porque talvez
encaixasse metade ou um quarto de pessoa magra, e a alentada senhora que se
guindou ao alto estribo e enfrentou a plataforma traseira junto com um bombeiro
e outros amáveis soldados, dela talvez coubesse um oitavo. Assim mesmo, e isso
prova bem a favor da elasticidade dos corpos gordos, ela conseguiu se insinuar,
ou antes, encaixar. E tratava de acomodar-se gingando os ombros e os quadris à
direita e à esquerda, quando o bonde parou em outro poste, e o soldado repetiu
o tal slogan do encaixe. E foi subindo − logo quem! − uma
baiana dos seus noventa quilos ... E aquela baiana pesava seus noventa quilos
mas era nua, com licença da palavra, pois com tanta saia engomada e mais os
balangandãs, chegava mesmo era aos cem...
(O Melhor da crônica brasileira. Raquel de Queiroz/Viagem de
Bonde.Editora Olympio.Rio de Janeiro/1980.p.53)
7- O
trecho que apresenta característica de humor é
(A) “Era o
Bonde Engenho de Dentro, ali na Praça Quinze. Vinha cheio, mas como diz, ... “
(B) “Assim
mesmo, e isso prova bem a favor da elasticidade dos corpos gordos, ela
conseguiu se insinuar, ou antes, encaixar. “
(C) “E
aquela baiana pesava seus noventa quilos mas era nua, com licença da palavra,
pois com tanta saia engomada e mais os balangandãs, chegava mesmo era aos
cem... “
(D) “quando
o bonde parou em outro poste, o soldado repetiu o tal slogan do encaixe.“
Prova de Português - 8º ano - Interpretação
Avaliação de
Português – 8º ano – Data: __ /__ /__valor: __ – Nota:
Aluno(a):
______________________Nº: _____ Turma : ____
Não há
dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos
usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro
igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe
inseriu riquezas novas. A este respeito a
influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções
novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade.
(MACHADO DE ASSIS. Apud Luft, Celso Pedro. Vestibular do português).
Vocabulário: Transplantação - transferir de um lugar ou
contexto para outro.
1- Ao
ler o texto, concluímos que
(A) as
mudanças do português da Europa para o Brasil evitaram inserir ao idioma
riquezas novas.
(B) as
alterações da língua estão condicionadas às necessidades dos usos e costumes e
ao tempo.
(C) o
português do século XVI é o mesmo de hoje, não sendo necessário parar a língua
no tempo.
(D) os
falantes do campo usam expressões atuais da língua mesmo sem sofrerem
influência européia.
Vamos imaginar que a indústria
farmacêutica desenvolveu uma pílula que pudesse prevenir doenças do coração, obesidade, diabetes e reduzir o risco de câncer,
osteoporose, hipertensão e depressão.
Já temos esse remédio. E não custa nada. Está a serviço de ricos e
pobres, jovens e idosos. É a atividade física.
(Gro Harlem Brundtland, diretora geral da OMS – Organização Mundial da
Saúde) Folha de São Paulo, 6 abr. 2002.
2- De acordo
com o texto, o remédio que não custa nada e está a serviço de ricos e pobres,
jovens e idosos:
(A) é uma
pílula fabricada pela indústria farmacêutica.
(B) só é
encontrado nas farmácias.
(C) é a
atividade física.
(D) ainda
não existe.
O cachorro
As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu
apartamento seria alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer
cabimento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e Anita,
além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos
esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram sentados na
sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde a mãe chegou do trabalho. Não
tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus
filhos.
Granatic, Branca. Técnicas Básicas de Redação.
3- No texto,
fica claro que haverá um conflito entre as crianças e a mãe, quando as crianças
(A) resolvem
levar um cachorro para casa, mesmo sabendo que a mãe seria contra.
(B) levam
para casa um cachorro vira-lata, e não um cachorro de raça.
(C) decidem
esconder o animal dentro de um armário.
(D) não
deixam o animal ficar na sala.
Jéssica veio do céu
Jéssica é somente uma garota de 11 anos (...). Mas tem a coragem de uma
leoa e a calma de um anjo da guarda. Na noite de domingo, a casa em que ela
mora se transformou num inferno que ardia em chamas porque um de seus irmãos
causou o acidente ao riscar um fósforo. Larissa, de 7 anos, Letícia, de 3, e o
menino de 8, que involuntariamente provocou o incêndio, foram salvos porque
Jéssica (apesar de seus 11 anos) se esqueceu de sentir medo. Mesmo com a casa
queimando, a garganta sufocando com a fumaça e a porta da rua trancada por fora
(a mãe saíra), a menina não se desesperou. Abriu a janela de um quarto e
através dela colocou, um por um, todos os irmãos para fora. Enquanto fazia
isso, rezava. Ninguém sofreu sequer um arranhão. Só então Jéssica pensou em si
própria. E sentiu muito medo. Pulou a janela e disparou a correr.
Revista Veja. São Paulo: Abril, 18 de fevereiro de 2004.
4- No
trecho “Larissa, de 7 anos, Letícia, de 3 anos, e o menino de 8, que
involuntariamente provocou o incêndio, foram salvos porque Jéssica (apesar
de seus 11 anos) se esqueceu de sentir medo”., o trecho destacado
se refere a(ao):
(A) Larissa
(de 7).
(B) Letícia
(de 3).
(C) menino
(de 8).
(D) Jéssica
(de 11).
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Tchau, tchau
Nunca foi tão fácil secar uma espinha
A gente acha que cuidar da pele dá trabalho. Que nada! Chato mesmo é
encarar aquela espinha que insiste em aparecer na cara da gente nas horas mais
impróprias: o primeiro dia de aula ou o encontro com o menino que a gente está
a fim. Pele bem cuidada dá uma levantada incrível no visual, né? Então, mãos à
obra com a linha Clearskin da Avon, que tem oito produtos que facilitam a nossa
vida. Além de combaterem a acne (eles são feitos com ácido glicólico, um
poderoso derivado da cana-de-açúcar), eles deixam a pele super-hidratada.
Borgatto, Ana; Bertin, Terezinha, Marchezi, Vera. Tudo é linguagem.
5- Encontramos
o registro de linguagem formal em
(A) “A gente
acha que cuidar da pele dá trabalho.”
(B) “Chato
mesmo é encarar aquela espinha que insiste em aparecer na cara da gente (...)”
(C) “(...) o
encontro com o menino que a gente está a fim.”
(D) “Além de
combaterem a acne (eles são feitos com ácido glicólico, um poderoso derivado da
cana-de-açúcar), eles deixam a pele super-hidratada.”
Dedé reconhece erro no clássico
Zagueiro vascaíno pede desculpas a
Willians e aos torcedores pela expulsão
O zagueiro Dedé, do Vasco, pediu desculpas ontem ao volante Willians, do
Flamengo, pela entrada violenta que deu no adversário no empate em 1
a 1 no clássico de domingo, no Engenhão, pelo Campeonato Brasileiro.
– (...) Peço desculpas ao companheiro de profissão e ao torcedor do
Vasco, pois não queria ter deixado o time (...).
Mas o zagueiro seguiu a linha do técnico Paulo César Gusmão de culpar o
juiz (...):
– Deixando de lado minha expulsão, o árbitro estava visivelmente nervoso
e atrapalhado. Inverteu muitas faltas, irritando nosso time, me deu um cartão
amarelo após eu ter levado o vermelho.
O Globo –
26/10/2010.
6- O
trecho do texto que expressa uma opinião é
(A) “Peço
desculpas ao companheiro de profissão...”. (l.4)
(B) “... o
árbitro estava visivelmente nervoso e atrapalhado.” (l.7-8)
(C)
“Deixando de lado minha expulsão...”.(l.7)
(D) “... me
deu um cartão amarelo...” (l.8)
Ingenuidade
Na boca da
caverna
Gritei,
vibrando:
– TE AMO!
TE AMO!
TE AMO!
E o eco
respondeu,
Lá de dentro
da caverna:
– TE AMO!
TE AMO!
TE AMO!
E eu,
ingênuo, acreditei...
Elias, José. Amor adolescente.
7- A
repetição, pelo eu poético, da expressão “TE AMO!” , que ecoou
dentro da caverna, reforça
(A) a
intensidade da paixão do eu poético.
(B) a
ingenuidade do eu poético.
(C) a beleza
do primeiro
amor.
(D) o eco
dentro da caverna.
O Último Computador
Luís Fernando Veríssimo
Um dia, todos os computadores do mundo estarão ligados num único e
definitivo sistema, e o centro do sistema será na cidade de Duluth, nos Estados
Unidos. Toda memória e toda informação da humanidade estarão no Último
Computador. As pessoas não precisarão ter relógios individuais, calculadoras
portáteis, livros etc. Tudo o que quiserem fazer – compras, contas, reservas –
e tudo que desejarem saber estará ao alcance de um dedo. Todos os lares do
mundo terão terminais do Último Computador. Haverá telas e botões do Último
Computador em todos os lugares frequentados pelo homem, desde o mictório ao
espaço. E um dia, um garoto perguntará a seu pai:
– Pai, quanto é dois mais dois?
– Não pergunte a mim, pergunte a Ele.
O garoto
apertará o botão e, num milésimo de segundo, a resposta aparecerá na tela mais
próxima. E, então, o garoto perguntará:
– Como é que eu sei que isso está certo?
– Ora, ele nunca erra.
– Mas se desta vez errou?
– Não errou. Conte nos dedos.
– Contar nos dedos?
– Uma coisa que os antigos faziam. Meu
avô me contou. Levante dois dedos, depois mais dois... Olhe aí. Um, dois, três,
quatro. Dois mais dois quatro. O computador está certo.
– Bacana. Mas, pai: e 366 mais 17? Não dá
para contar nos dedos. Jamais vamos saber se a resposta do Computador está
certa ou não.
– É...
– E se for mentira do Computador?
– Meu filho, uma mentira que não pode ser
desmentida é a verdade.
Quer dizer, estaremos irremediavelmente dominados pela técnica, mas
sobrará a filosofia.
8- No
trecho: O garoto apertará o botão e, num milésimo de segundo, a
resposta aparecerá
na tela mais
próxima. A expressão destacada significa o mesmo que
(A) depois
de muito tempo.
(B) em um
minuto.
(C) muito
rápido.
(D) durante
mil anos.
9- O
Último Computador será criado porque
(A) “as
pessoas não precisarão ter relógios individuais, calculadoras portáteis, livros
etc”.
(B) “(...)
tudo que desejarem saber estará ao alcance de um dedo”.
(C) “(...)
jamais vamos saber se a resposta do Computador está certa ou errada”.
(D) “(...)
estaremos irremediavelmente dominados pela técnica (...)”.
A Mulher no Brasil
A história da mulher no Brasil, tal como a das mulheres em vários outros
países, ainda está por ser escrita. Os estudiosos têm dado muito pouca atenção
à mulher nas diversas regiões do mundo, o que inclui a América Latina. Os
estudos disponíveis sobre a mulher brasileira são quase todos meros registros
de impressões, mais do que de fatos, autos-de-fé quanto à natureza das
mulheres ou rápidas biografias de brasileiras notáveis, mais reveladoras sobre
os preconceitos e a orientação dos autores do que sobre as mulheres
propriamente ditas. As mudanças ocorridas no século XX reforçam a necessidade
de uma perspectiva e de uma compreensão históricas do papel, da condição e das
atividades da mulher no Brasil.
(fragmento) Hahner, June E.
10- Considerando
o fragmento lido, podemos afirmar que
(A) quanto à
existência de um estudo histórico sobre seu papel na sociedade, a mulher
brasileira assemelha-se à de várias partes do mundo.
(B)
excetuando-se as rápidas biografias de brasileiras notáveis, as demais obras
sobre a mulher no Brasil estão impregnadas de informações sobre o seu valor na
sociedade.
(C) as
modificações de nosso século reforçam a necessidade de que se escreva uma
verdadeira história da mulher no Brasil.
(D) os estudos
disponíveis sobre a mulher brasileira são registros baseados em fatos
inquestionáveis numa perspectiva histórica.
Cadernos de João
(…) Na última laje de cimento armado, os trabalhadores cantavam a
nostalgia da terra ressecada.
De um lado era a cidade grande: de outro, o mar sem jangadas.
O mensageiro subiu e gritou:
- Verdejou, pessoal!
Num átimo, os trabalhadores largaram-se das redes, desceram em
debandada, acertaram as contas e partiram.
Parada a obra.
Ao dia seguinte, o vigia solitário recolocou a tabuleta: “Precisa-se de
operários”, enquanto o construtor, de braços cruzados, amaldiçoava a chuva que
devia estar caindo no Nordeste.
(Anibal Machado, Cadernos de João )
11- De
acordo com o texto, a palavra “Verdejou” significa
(A) a
saudade dos trabalhadores.
(B) o mar
sem jangadas.
(C) a parada
da
obra.
(D) a chuva
caindo no Nordeste.
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costumo imprimir duas páginas por folha. Basta clicar em propriedades, na
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As questões dessa prova foram retiradas do site: http://www.rio.rj.gov.br/web/sme
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Prova 6º ano - Interpretação
Prova de
Literatura - 6º ano - Aluno(a)____________nº: ____ Turma: ___
A LUA NO CINEMA
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
– Amanheça, por favor!
Paulo Leminski. Distraídos venceremos. São Paulo,
Brasiliense, 1993.
1 - Nos
versos “Não tinha porque era apenas / uma estrela bem pequena” da
segunda estrofe do poema, o uso da palavra “porque” introduz
(A) a causa
de não ter namorado.
(B) uma
oposição a um filme engraçado.
(C) a
consequência de uma história de amor.
(D) uma
comparação do tamanho da estrela com a intensidade da luz.
2- Este
poema
(A) explica
o nascimento do cinema.
(B) faz a
propaganda de um filme engraçado.
(C)
apresenta as características de uma lua solitária.
(D) conta a
história de uma estrela que não tinha namorado.
POR ONDE ANDARÁ SEVERINO?
A última ariranha-azul em liberdade no mundo mora no Brasil, mas está
desaparecida há dois meses. Se não for encontrada, a espécie corre o risco de
extinção.
Apelidada de Severino, a ave habita a região de Curuçá, no sertão da Bahia.
Segundo a coordenação de comitê de Recuperação da Ariranha-Azul, uma equipe de
estudiosos e moradores já esta à procura de Severino. Há suspeitas de que ele
tenha sido atacado por gaviões.
A ariranha-azul é a menor arara brasileira que existe, mede menos
de 30 centímetros e pesa cerca de 400 gramas. Hoje há cerca de
40 espécies em cativeiro no mundo todo (no Brasil são sete). Seu pequeno
tamanho e a beleza da cor azul infelizmente atraem os traficantes de animais,
que caçam e vendem as ararinhas como animais domésticos.
O Estado de S. Paulo, 9/12/2000. Estadinho.
3- A
finalidade deste texto é
(A) divulgar
a beleza das aves de nosso país.
(B) informar
que gaviões são animais predadores.
(C)
comunicar o desaparecimento da ariranha azul.
(D) convidar
as pessoas a visitarem a região de Curuçá, no sertão da Bahia.
O CONTO DA MENTIRA
Rogério Augusto
Todo dia Felipe inventava uma mentira. “Mãe, a vovó tá no telefone!”. A
mãe largava a louça na pia e corria até a sala. Encontrava o telefone mudo.
O garoto havia inventado morte do cachorro, nota dez em matemática, gol
de cabeça em campeonato de rua. A mãe tentava assustá-lo: “Seu nariz vai ficar
igual ao do Pinóquio!”. Felipe ria na cara dela: “Quem tá mentindo é você! Não
existe ninguém de madeira!”.
O pai de Felipe também conversava com ele: “Um dia você contará uma
verdade e ninguém acreditará!”. Felipe ficava pensativo. Mas no dia seguinte...
Então aconteceu o que seu pai alertara. Felipe assistia a um programa na
TV. A apresentadora ligou para o número do telefone da casa dele. Felipe tinha
sido sorteado. O prêmio era uma bicicleta: “É verdade, mãe! A moça quer falar
com você no telefone pra combinar a entrega da bicicleta. É verdade!”
A mãe de Felipe fingiu não ouvir. Continuou preparando o jantar em
silêncio. Resultado: Felipe deixou de ganhar o prêmio. Então ele começou a
reduzir suas mentiras. Até que um dia deixou de contá-las. Bem, Felipe cresceu
e tornou-se um escritor. Voltou a criar histórias. Agora sem culpa e sem medo.
No momento está escrevendo um conto. É a história de um menino que deixa de
ganhar uma bicicleta porque mentia...
4- Felipe
começou a reduzir suas mentiras porque
(A) começou
a escrever um
conto.
(B) deixou
de ganhar uma bicicleta.
(C) inventou
ter sido sorteado por um programa de TV.
(D) seu pai
alertou sobre as consequências da mentira.
5- No trecho
“A mãe tentava assustá-lo.”, o termo destacado substitui
(A) pai de
Felipe.
(B)
Pinóquio.
(C)
cachorro.
(D) Felipe.
6- No desfecho do conto, ficamos sabendo
que Felipe
(A) continua
contando mentira para seus pais.
(B) decide
ler todos os livros sobre o Pinóquio.
(C) torna-se
um escritor e volta a criar histórias.
(D) escreve
um livro de normas para o campeonato de rua.
Olá, mãe!
Mãe, eu
queria te dizer ...
(não te
chamando de mamãe como no tempo em que a vida era você,
mas te
chamando de mãe
deste meu
outro tempo de silêncio e solidão.)
Mãe, eu
queria te dizer
(sem cara de
quem pede desculpa pelo que não fez ou pensa que fez)
que amar
virou uma coisa difícil
e muitas
vezes o que parece ingratidão,
ou até
indiferença,
é apenas a
semente do amor
que brotou
de um jeito diferente
e amadureceu
diferente
no
atrapalhado coração da gente.
Acho que era
isso, mãe,
o que eu
queria te dizer.
(Carlos Queiroz Telles. Sonhos, grilos e paixões. São Paulo:
Moderna, 1995.)
7- O eu
poético deseja, por meio deste texto,
(A)
demonstrar seu sentimento de amor.
(B) reviver
um tempo de silêncio e solidão.
(C) revelar
que está insatisfeito com as atitudes da mãe.
(D)
agradecer à mãe pelo tempo em que a vida era mais simples.
8- O eu
poético escreve uma mensagem à mãe por meio de
(A) um
conto.
(B) um
poema.
(C) uma
crônica.
(D) uma
propaganda.
9- O verso que comprova para quem o texto
foi escrito é
(A) “acho
que era isso, mãe...”
(B) “que
amar virou uma coisa difícil”.
(C) “no
atrapalhado coração da gente”
(D) “deste
meu outro tempo de silêncio e solidão”
10- Na
primeira estrofe do poema, o eu poético utiliza-se dos parênteses para
(A) pedir
desculpa pelo que pensa que fez.
(B) contar
que a semente do amor brotou de um jeito diferente.
(C) explicar
o porquê do uso da palavra “mãe” ao invés de “mamãe”.
(D) opinar
sobre o sentimento de ingratidão ou indiferença demonstrado.
Irapuru – o canto que encanta
Certo jovem, não muito belo, era admirado e desejado por todas as moças
de sua tribo por tocar flauta maravilhosamente bem. Deram-lhe, então, o nome de
Catuboré, flauta encantada. Entre as moças, a bela Mainá conseguiu o seu amor;
casar-se-iam durante a primavera.
Certo dia, já próximo do grande dia, Catuboré foi à pesca e de lá não
mais voltou.
Saindo a tribo inteira à sua procura, encontraram-no sem vida, à sombra
de uma árvore, mordido por uma cobra venenosa. Sepultaram-no no próprio local.
Mainá, desconsolada, passava várias horas a chorar sua grande perda. A
alma de Catuboré, sentindo o sofrimento de sua noiva, lamentava-se
profundamente pelo seu infortúnio. Não podendo encontrar paz, pediu ajuda ao
Deus Tupã. Este, então, transformou a alma do jovem no pássaro irapuru, que,
mesmo com escassa beleza, possui um canto maravilhoso, semelhante ao som da
flauta, para alegrar a
alma de
Mainá.
O cantar do irapuru ainda hoje contagia com seu amor os outros pássaros
e todos os seres da natureza.
(Waldemar de Andrade e Silva. Lenda e mitos dos índios
brasileiros. São Paulo: FTD, 1997.)
11- Catuboré
foi à pesca e de lá não mais voltou porque
(A)
apaixonou-se por uma índia de outra
tribo.
(B)
encontrou uma flauta encantada.
(C) dormiu à
sombra de uma
árvore.
(D) foi
mordido por uma cobra.
12- No
trecho “Deram-lhe, então, o nome de Catuboré, flauta encantada.”
Do primeiro parágrafo do texto “Irapuru – o canto que encanta”, o
termo destacado se refere
(A) ao
grande dia. (B) ao certo jovem. (C) à bela
Mainá. (D) a sua tribo.
13- Para
conceder a paz a Catuboré, o Deus Tupã
(A)
transformou a alma do jovem no pássaro irapuru.
(B)
desapareceu com todas as cobras venenosas.
(C) criou a
primavera para celebrar o
casamento.
(D) convocou
toda a tribo para tocar flauta.
A lebre e a tartaruga
Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.
A lebre vivia caçoando da lentidão da tartaruga.
Certa vez, a tartaruga, já muito cansada por ser alvo de gozações,
desafiou a lebre para uma corrida.
A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente. Não perdendo tempo, a
tartaruga pôs-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém firmes.
Logo a lebre ultrapassou a adversária e, vendo que ganharia fácil, parou
e
resolveu
cochilar.
Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de
chegada, toda sorridente.
Moral da história: Devagar se vai ao longe!
http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=29
14- O
episódio da narrativa que contribui para a vitória da tartaruga é
(A) a
decisão da lebre de parar e cochilar.
(B) o
desafio de realizar uma corrida com a lebre.
(C) o
desafio de correr para garantir a vantagem.
(D) a
decisão firme de caminhar com passos lentos.
15- O
trecho que expressa uma opinião a respeito de um dos personagens é
(A) “Logo a
lebre ultrapassou a adversária...”
(B) “Era uma
vez... uma lebre e uma tartaruga.”
(C) “A
lebre, muito segura de si, aceitou prontamente.”
(D) “Quando
acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
16- A
finalidade deste texto é ensinar ao leitor que
(A) o sono
renova as energias do corpo.
(B) a
caçoada do adversário garante a vitória.
(C) o êxito
depende de dedicação e persistência.
(D) o
esporte é necessário para manutenção da saúde.
17- As
características do texto “A lebre e a tartaruga”, tais como – o tipo de
personagens
e a presença
de moral –, exemplificam o texto conhecido como
(A)
receita. (B) fábula. (C) campanha
publicitária. (D) história em quadrinhos.
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costumo imprimir duas páginas por folha. Basta clicar em propriedades, na
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1-(A) a causa de não ter namorado.
2-(D) conta a história de uma estrela que não tinha namorado.
3-(C) comunicar o desaparecimento da ariranha azul.
4-(B) deixou de ganhar uma bicicleta.
5-(D) Felipe.
6-(C) torna-se um escritor e volta a criar histórias.
7-(A) demonstrar seu sentimento de amor.
8-(B) um poema.
9-(A) “acho que era isso, mãe...”
10-(C) explicar o porquê do uso da palavra “mãe” ao invés de “mamãe”.
11-(D) foi mordido por uma cobra.
12-(B) ao certo jovem.
13-(A) transformou a alma do jovem no pássaro irapuru.
14-(A) a decisão da lebre de parar e cochilar.
15-(C) “A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente.”
16-(C) o êxito depende de dedicação e persistência.
17- (B) fábula.
2-(D) conta a história de uma estrela que não tinha namorado.
3-(C) comunicar o desaparecimento da ariranha azul.
4-(B) deixou de ganhar uma bicicleta.
5-(D) Felipe.
6-(C) torna-se um escritor e volta a criar histórias.
7-(A) demonstrar seu sentimento de amor.
8-(B) um poema.
9-(A) “acho que era isso, mãe...”
10-(C) explicar o porquê do uso da palavra “mãe” ao invés de “mamãe”.
11-(D) foi mordido por uma cobra.
12-(B) ao certo jovem.
13-(A) transformou a alma do jovem no pássaro irapuru.
14-(A) a decisão da lebre de parar e cochilar.
15-(C) “A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente.”
16-(C) o êxito depende de dedicação e persistência.
17- (B) fábula.
Papo maluco
O sujeito entra num bar, senta-se à mesa e logo um garçom aparece.
— Boa noite, o que o senhor toma?
— Tomo vitamina C pela manhã, o ônibus para ir ao serviço e uma aspirina
quando tenho dor de cabeça.
— Desculpe, mas acho que não fui claro. Eu quis dizer do que é que
o senhor gostaria?
— Ah! Tudo bem! Gostaria de ter um Ferrari, de casar com a Gisele
Bündchen e mandar a minha sogra para o inferno.
— Não é nada disso, meu senhor! — Continua o garçom, ainda calmo. — Eu
só gostaria de saber o que o senhor deseja de beber.
— Ah! É isso? Bem... o que é que você tem?
E o garçom:
— Eu? Nada, não! Só tô um pouco chateado porque o meu time perdeu pro
São Caetano.
Norma Ferreira da Silva (por e-mail)
Uberlândia – MG Almanaque Drogasil, ano 1, nº 1, maio de 2004, p.22.
6- Por que o texto recebeu o título Papo
maluco?
7- Como o garçom poderia ter abordado o
freguês para ser entendido logo na primeira fala?
8- E a fala do freguês, como poderia ter
sido mais clara?
9- Na segunda fala do freguês, que expressão
nos leva a pensar que ele passou a entender o garçom?
10- Como o garçom age em relação ao
freguês? Por quê?
GABARITO:
1- Desenho, quadrinhos.
2- a) Os personagens são a moça e a mãe. Há
diálogo entre eles, porque estão conversando.
b) Não, a fala da mãe é adivinhada pelas respostas da filha.
3- Respostas variadas.
4- Preguiça, sono, cansaço, enjoo.
5- a) Sim, a mãe continua mandando na
filha, porque a figura da galinha que representa a mãe é muito maior.
b) Sim, ela esconde a filha debaixo da asa.
6- Porque quando o leitor pensa que é só o
freguês que não entende o que o garçom quer dizer, este passa a agir da mesma
forma que o freguês.
7- No próprio texto, temos: “Eu só gostaria
de saber o que o senhor quer beber”.
8- Sugestão: O que é que você tem pra
beber?
9- “Ah! Tudo bem”!
10- Age com calma, educadamente.
Afinal, na condição de servir o freguês, o garçom tem de ser atencioso,
paciente e respeitar pequenos deslizes, provocações ou mesmo algumas atitudes
estranhas para que o cliente tenha boa impressão sobre os serviços prestados no
local.
Atividades de interpretação - 8º e 9º
Conversa de
botequim
Vadico e
Noel Rosa
Seu garçom
faça o favor
De me trazer
depressa
Uma boa
média que não seja requentada,
Um pão bem
quente com manteiga à beça,
Um
guardanapo
E um copo
d`água bem gelada
Fecha a
porta da direita
Com muito
cuidado
Que eu não
estou disposto
A ficar
exposto ao sol
Vá perguntar
ao seu freguês do lado
Qual foi o
resultado do futebol
Se você
ficar limpando a mesa,
Não me
levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao
seu patrão
Uma caneta,
um tinteiro,
Um envelope
e um cartão
Não se
esqueça de me dar palitos
E um cigarro
pra espantar mosquitos
Vá dizer ao
charuteiro
Que me
empreste umas revistas
Um isqueiro
e um cinzeiro
Telefone ao
menos uma vez
Para 34-4333
E ordene ao
seu Osório
Que me mande
um guarda-chuva
Aqui pro
nosso escritório
Seu garçom
me empreste algum dinheiro
Que eu
deixei o meu com o bicheiro,
Vá dizer ao
seu gerente
Que pendure
essa despesa
No cabide
ali em frente
1) Logo no primeiro verso, por meio do uso
de um vocativo, fica claro quem fala e quem escuta nessa “conversa”.
a) A quem a personagem que fala na canção
se dirige?
b) Quem é a personagem que fala?
2) Observe como o tamanho dos versos desta
canção varia muito. Pensando também no título, como você explicaria esse fato?
3) No entanto, para realizar-se como
canção, a letra e a melodia devem manter ainda alguma regularidade. Assinale as
rimas da canção.
4) Em que modo estão os verbos usados pela
personagem para se dirigir ao garçom? Por quê?
5) Na primeira estrofe, o “cliente” faz ao
garçom uma série de pedidos.
a) O que ele pede?
b) Esses pedidos são adequados à situação?
6) Na segunda estrofe outros pedidos são
feitos.
a) Quais são eles?
b) Esses pedidos são adequados à situação?
7) Na última estrofe, o “cliente” parece
passar dos limites.
a) O que ele pede ao garçom?
b) Explique por que esses pedidos excedem
o que se espera que um cliente peça a um garçom.
c) Como o botequim é chamado pelo cliente?
d) O que esse cliente vai fazer no
botequim?
8) Por ser o fragmento de um diálogo,
“Conversa de botequim” reforça a coloquialidade própria do gênero canção. Você
concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.
Gabarito:
1) Logo no primeiro verso, por meio do uso
de um vocativo, fica claro quem fala e quem escuta nessa “conversa”.
a. A quem a personagem que fala na canção
se dirige? Ao garçom.
b. Quem é a personagem que fala? O cliente de um bar ou botequim.
2) Observe como o tamanho dos versos desta
canção varia muito. Pensando também no título, como você explicaria esse
fato? A canção imita a fluidez e a
coloquialidade da fala.
3) No entanto, para realizar-se como
canção, a letra e a melodia devem manter ainda alguma regularidade. Assinale as
rimas da canção.
4) Em que modo estão os verbos usados pela
personagem para se dirigir ao garçom? Por quê?
Os verbos estão no imperativo. Eles definem o tipo de relação que se
estabelece entre as personagens da canção.
5) Na primeira estrofe, o “cliente” faz ao
garçom uma série de pedidos.
a. O que ele pede?
Um média (xícara de café com leite), um pão quente com manteiga, um
guardanapo e uma gelada.
b. Esses pedidos são adequados à situação?
Sim, pois são
pedidos de um cliente a um garçom de botequim.
6) Na segunda estrofe outros pedidos são
feitos.
a. Quais são eles?
Para que o
garçom não limpe a mesa e para que traga uma caneta, um tinteiro, um envelope
um cartão, palitos, cigarro, revistas, isqueiro e cinzeiro.
b. Esses pedidos são adequados à situação?
Não são mais
pedidos apropriados a um botequim, pois incluem itens encontrados na tabacaria
ou na papelaria.
7) Na última estrofe, o “cliente” parece
passar dos limites.
a. O que ele pede ao garçom?
Pede para que
o garçom ligue para um número e ordene a um tal de Osório que mande um
guarda-chuva; pede dinheiro emprestado e pede para que o gerente “pendure” a
conta.
b. Explique por que esses pedidos excedem
o que se espera que um cliente peça a um garçom.
Os pedidos da
última estrofe são inusitados, o que ajuda a produzir o humor na canção. Eles
imitam uma relação de patrão com empregado, ou de pessoa muito “espaçosa”, em
ambiente familiar.
c. Como o botequim é chamado pelo cliente?
Nosso
escritório.
d. O que esse cliente vai fazer no
botequim?
Provavelmente,
ele é um poeta, um sambista que vai ao botequim para compor suas canções.
CRIME MAIS QUE PERFEITO
Quando o furgão contornou a esquina e parou diante do nº 168, Davi abriu
a caderneta e anotou: Quinta-feira, chegada, 4h 15min. Assistiu ao
leiteiro que, com passadas rápidas, deixou o litro de leite à porta e retornou
ao furgão, posto logo em movimento. Davi escreveu: saída, 4h 20 min.
Embolsou a caderneta, desprendeu-se do pilar que lhe servia de esconderijo.
Planejava o crime original.
Voltara para casa assim como saíra, invisível. Subiu a escada, parou no
corredor. O quarto de tia Olga fechado, mas, no de Cláudia, a luz riscava o
chão pela fresta da porta. Empurrou-a com cuidado, entrou no quarto e
contemplou a irmã adormecida. Para Davi, ela seria sempre uma criança. Os olhos
dele foram ficando mansos, os lábios esboçaram um sorriso... Um leve ruído: a
adoração se encobriu de trevas.
Com a mesma cautela, saiu para o corredor e logo entrou em seu quarto. A
lembrança súbita de Jorge Antar dissipou a beleza deixada em seus olhos pela
moça em doce sono. Aquele noivado. Revoltava-se com o amor de Cláudia pelo
malandro. Conhecia-o bem: vivia de golpes financeiros, além de possuir, em
segredo, um harém. O malandro visava à herança da moça, inocente e apaixonada.
Não, Jorge não seria o homem de Cláudia, dessa Cláudia que ele, substituindo o
pai ajudara a criar. Há dias, por isso, resolvera mudar seu comportamento, não
agravar, com novas rixas, suas relações com a irmã. Recolhera conselhos,
reprimira censura e ameaças, enquanto o plano diabólico progredia na ardência
do cérebro, como o relógio trabalhando no interior da bomba.
Deitado na cama leu a caderneta: “leiteiro” Segunda-feira, chegada, 4h
08 min. – saída, 4h 15 min.; Quarta-feira, chegada, 4h 05 min. – saída, 4h 12
min. Na última anotação: chegada, 4h 15 min. – saída, 4h 20 min. O furgão
parava na rua das Margaridas, nº 168, sempre depois das 4 horas da madrugada, e
em sua casa às 3 horas, mais ou menos. Plano feito, perfeito. E mais perfeito
ainda, porque Cláudia, conforme havia dito, iria passar o fim de semana, na
capital, fazendo compras e preparando seu espírito para o casamento.
Davi já conhecia todos os hábitos de Jorge: no sábado, acordava mais
cedo, tomava seu desjejum e saía de casa para o “trabalho”, antes da criada
entrar em serviço. Aquele plano era exato como a sucessão das horas, infalível
como a própria morte...
Sexta-feira, a véspera da perfeição. A noite demorou, mas acabou gerando
a madrugada. O motor do caminhão forçou a marcha. Era o leiteiro virando a
esquina. Davi ouviu a parada em frente de sua casa; o tilintar de vidros. Os
passos de retorno, a batida do portão. Sentou-se na cama, calçou o tênis.
Levantou-se, foi à cômoda, abriu a gaveta e meteu o vidrinho no bolso.
Apanhando a lanterna, clareou o relógio de pulso: 3h 20min. Calçou as luvas que
estavam debaixo do travesseiro. Iluminando o caminho, chegou à sala, abriu a
porta, cuidadosamente pegou o litro de leite pelo gargalo e depois seguiu para
a copa. Foi à pia, retirou a tampa da vasilha, derramou um pouco de leite, substituindo
pelo conteúdo do vidrinho que trouxera. Recolocou a tampa, meteu o litro de
leite no bolso largo do casaco. Abotoou o casaco, saiu pela porta da cozinha.
Fez sumir na lata de lixo o vidrinho lavado. Luz sobe o pulso: 3h 35 min.
Seguiu para a casa de Jorge, atingindo-a pelos fundos. Agachando-se,
escondeu sob o tanque de lavar roupas. Relógio iluminado: 4h.
Depois de dez minutos, o furgão parou em frente à casa. Davi decifrou a
jovialidade do entregador pelos passos meio dançados. De novo, os passos. O
motor pulsando, a neblina tragando as luzes vermelhas do furgão.
Sempre encostado à parede, Davi caminhou até à porta lateral da casa
onde uma pequena entrada o protegia da visão da rua. Na soleira de mármore,
aproximou os dois litros de leite.
Levantou-se, enfiou no bolso do casaco o que fora deixado para Jorge,
com a mesma precaução, dirigiu-se ao lugar de espera, perto do tanque. Retomou
o caminho de volta, pisando sempre na parte cimentada do quintal a fim de não
largar vestígios de seu tênis.
A neblina espessa não venceu a intrepidez da caminhada de volta, última
pedra do mosaico delituoso. Fechando-se na cozinha de sua casa, sentiu-se
liberto. Tonificado pelo descanso de alguns segundos, repôs em seus lugares o
casaco, o litro de leite e as luvas. Depois de tirar os tênis, acendeu o
isqueiro, aqueceu-lhes as solas para secá-las mais rapidamente. Em seguida,
limpou-os com um pano e guardou-os no lugar costumeiro. Preparado para dormir,
ingeriu uma pílula. Caiu na cama, com um suspiro de
alívio. Em breve
o cansaço e o hipnótico trouxeram o sono que surpreendeu Davi no gozo de sua
obra
perfeita.
Quando amanheceu, gritos:
—Davi, acorda. Acorda, menino!
E a tia Olga começou a agitá-lo.
— O que é que há, titia?
— Estão aí dois homens da polícia que querem falar com você.
— Da polícia? Diga-lhes que descerei imediatamente. Enquanto as mãos
trêmulas lavavam o rosto, pensou: “É impossível. Não cometi nenhum erro.
Ninguém me viu”. Revisou todos os seus atos: não encontrou a menor falha.
Amarrando o roupão, desceu a escada.
—Sr. Davi Ortiz? Carlos Antunes, delegado de plantão.
— Não estou entendendo...
— Estou aqui em cumprimento de um dever bastante desagradável.
— Como assim?
— Antes de pedirmos a colaboração do senhor, no entanto...
— Sim?
— Jorge Antar foi encontrado morto, esta manhã, na casa em que morava.
— Que horror!
— Ao lado dele, também morta... a senhorita Cláudia, irmã do senhor.
Acreditamos que se suicidaram, de acordo com as primeiras investigações, com
veneno misturado ao leite.
(Luiz Lopes Coelho, A morte no envelope)
VOCABULÁRIO:
Furgão: Carro coberto, para transporte de bagagens ou
pequena carga.
Fresta: Abertura estreita na parede, para deixar passar a
luz e o ar.
Dissipar: dispersar, desfazer, fazer desaparecer.
Visar: Ter como objetivo; ter em vista.
Jovialidade: Alegre, prazenteiro.
Precaução: Cautela, cuidado.
Espesso: Grosso, denso.
Intrepidez: Valentia, coragem.
Mosaico: Embutido de pedrinhas de cores, dispostas de modo
que formem desenhos.
Delituoso: Que
constitui delito; culposo.
Tonificar: Dar vigor a; fortificar.
Hipnótico: substância que produz sono.
Gozo: prazer, satisfação.
1. A frase que apresenta a ideia principal do texto
é:
A) “Planejava o crime
original”.
B) “Davi escreveu: saída, 4h 20min”.
C) “Quando o furgão contornou a
esquina”.
D) “Davi abriu a caderneta e anotou”.
E) “Acreditamos que se suicidaram.”
2. A intenção de Davi Ortiz ao anotar a chegada e a
partida do leiteiro era
A) saber o horário em que o leite chegava
nas casas.
B) evitar que algo desse errado em seu plano.
C) fazer anotações sobre o movimento dos
furgões.
D) conhecer todos os hábitos de Jorge.
E) anotar as casas que recebiam leite.
3. Em “Um leve ruído: a adoração se
encobriu de trevas” , o que fez Davi mudar de atitude foi o fato de
A) Cláudia esboçar um leve
sorriso.
B) o quarto da tia Olga estar fechado.
C) ter-se lembrado do noivo de
Cláudia.
D) Cláudia se mexer na cama.
E) estar chegando a hora de o leiteiro passar.
4. A expressão “...além de possuir, em
segredo um harém.” significa que o noivo
A) era um sultão árabe que possuía muitas
mulheres.
B) já era casado.
C) tinha em sua casa muitas esposas.
D) trocava constantemente de
esposas.
E) vivia cercado de mulheres.
5. A palavra “trabalho” escrita entre aspas, deve
ser vista como uma ironia, devido ao fato de (o)
A) antagonista trabalhar em ofícios
desgastantes.
B) trabalho do personagem ser muito cansativo.
C) noivo possuir um
harém.
D) Jorge Antar trabalhar em ofícios não
respeitáveis.
E) jovem ser responsável e ter bons hábitos.
6. O local escolhido por Davi para observar a
chegada do caminhão, antes do crime, foi
A) o fundo do
jardim.
B) atrás de um
pilar.
C) embaixo do tanque de lavar.
D) pequena lateral da
casa.
E) um esconderijo na parede.
7. É característica psicológica do protagonista o
fato de ele ser
A) relaxado.
B) desmotivado.
C)
calculista.
D)
tímido.
E) jovial.
8. O personagem principal não aprovava o casamento
da irmã com Jorge Antar porque
A) o noivo tinha um
harém.
B) o noivo era malandro e
mentiroso.
C) Cláudia não amava o noivo.
D) era muito
ciumento.
E) agia como pai da moça.
9. Todas as frases abaixo são precauções para
tornar o crime perfeito, exceto
A) “... pisando sempre na parte cimentada do
quintal...”
B) “Fez sumir na lata de lixo o vidrinho lavado”.
C) “Calçou as luvas que estavam debaixo do
travesseiro”.
D) “... aqueceu-lhes as solas para secá-las mais
rapidamente”.
E) “... contemplou a irmã adormecida.”
10. Ao saber que a polícia estava em sua casa, Davi
ficou:
A) aliviado e
feliz.
B) trêmulo e
agitado.
C) orgulhoso de seu plano.
D) temeroso de ter sido
descoberto.
E) tranquilo, despreocupado.
11. Apesar de não conhecer o rapaz, Davi concluiu
que o entregador de leite era jovem porque
A) entregava o leite com
rapidez.
B) parecia dançar quando andava.
C) sabia dirigir um furgão.
D) a neblina tragava as luzes vermelhas do furgão.
E) acordava de madrugada todos os dias.
12. Para não levantar suspeitas, Davi tomou algumas
atitudes com relação à irmã. Uma delas foi:
A) reprimir Cláudia a toda
hora.
B) não lhe dar mais
conselho.
C) não falar mais com ela.
D) contemplar a irmã
adormecida.
E) deixá-la viajar com o noivo.
13. A lógica do título “Crime mais que
perfeito” foi fundamentada com o fato de que
A) o personagem principal matou apenas Jorge Antar.
B) por ironia, Davi matou também a irmã
do criminoso.
C) a polícia achava que fosse
suicídio.
D) tudo fora premeditado com muita perfeição.
E) houve uma total impunidade do protagonista.
14. Com a frase: “Plano feito, perfeito” ,o
protagonista concluía que
A) Cláudia casaria com outro
homem.
B) valeria a pena tantas noites em
claro.
C) o crime não seria descoberto.
D) o furgão pararia na rua das margaridas, nº
168.
E) Cláudia viajaria na véspera do crime.
15. Cláudia Ortiz disse ao irmão que viajaria na
sexta-feira para a capital. No entanto, ela se encontrava no (a)
A) companhia do
noivo.
B) shopping, fazendo
compras.
C) quarto de tia Olga.
D) casa de uma
amiga.
E) seu quarto, dormindo.
16. Em “A noite demorou, mas acabou gerando
a madrugada”, representa que a(o)(s)
A) noite passava com
rapidez.
B) madrugada demorou a
chegar.
C) era véspera do dia do casamento.
D) horas passaram despercebidas.
E) tempo estacionou.
17. O fato surpreendente no desfecho da história
foi
A) tia Olga gritando
desesperadamente.
B) a chegada da polícia na casa de Cláudia.
C) Cláudia não estar preparando o espírito para o
casamento.
D) Jorge Antar ter sido encontrado morto.
E) a morte acidental de Cláudia.
A modorra
Um dia Pedrinho enganou Dona Benta que
ia visitar o tio Barnabé, mas em vez disso tomou o rumo da mata virgem de seus
sonhos. Nem o bodoque levou consigo. “Para que bodoque, se levo o saci na
garrafa e ele é uma arma melhor do que quanto canhão ou metralhadora existe?”
Que beleza! Pedrinho nunca supôs que
uma floresta virgem fosse tão imponente. Aquelas árvores enormes, velhíssimas,
barbadas de musgos e orquídeas; aquelas raízes de fora dando ideia de
monstruosas sucuris; aqueles cipós torcidos como se fossem redes; aquela
galharada, aquela folharada e sobretudo aquele ambiente de umidade e sombra,
lhe causaram uma impressão que nunca mais se apagou.
Volta e meia ouvia um rumor estranho,
de inambu ou jacu a esvoaçar por entre a folhagem, ou então, de algum galho
podre que tombava do alto e vinha num estardalhaço — brah, ah, ah… —
esborrachar-se no chão.
E quantas borboletas, das azuis, como
cauda de pavão; das cinzentas, como casca de pau; das amarelas, cor de gema de
ovo!
E pássaros! Ora um enorme tucano de
bico maior que o corpo e lindo papo amarelo. Ora um pica-pau, que interrompia o
seu trabalho de bicar a madeira de um tronco para atentar no menino com
interrogativa curiosidade.
Até um bando de macaquinhos ele viu,
pulando de galho em galho com incrível agilidade e balançando-se, pendurados
pela cauda, como pêndulos de relógio.
Pedrinho foi caminhando pela mata
adentro até alcançar um ponto onde havia uma água muito límpida, que corria,
cheia de barulhinhos mexeriqueiros, por entre velhas pedras verdoengas de limo.
Em redor erguiam-se as esbeltas samambaiaçus, esses fetos enormes que parecem
palmeiras. E quanta avenca de folhagem mimosa, e quanto musgo pelo chão!
Encantado com a beleza daquele sítio, o
menino parou para descansar. Juntou um monte de folhas caídas; fez cama;
deitou-se de barriga para o ar e mãos cruzadas na nuca. E ali ficou num enlevo
que nunca sentira antes, pensando em mil coisas em que nunca pensara antes,
seguindo o voo silencioso das grandes borboletas azuis e embalando-se com o
chiar das cigarras.
De repente, notou que o saci dentro da
garrafa fazia gestos de quem quer dizer qualquer coisa.
Pedrinho não se admirou daquilo. Era
tão natural que o capetinha afinal aparecesse…
— Que aconteceu que está assim
inquieto, meu caro saci? — perguntou-lhe em tom brincalhão.
— Aconteceu que este lugar é o mais
perigoso da floresta; e que se a noite pilhar você aqui, era uma vez o neto de
Dona Benta…
Pedrinho sentiu um arrepio correr-lhe
pelo fio da espinha.
— Por quê? — perguntou, olhando
ressabiadamente para todos os lados.
— Porque é justamente aqui o coração da
mata, ponto de reunião de sacis, lobisomens, bruxas, caiporas e até da
mula-sem-cabeça. Sem meu socorro você estará perdido, porque não há mais tempo
para voltar para casa, nem você sabe o caminho. Mas o meu auxílio eu só darei
sob uma condição…
— Já sei, restituir a carapuça —
adiantou Pedrinho.
— Isso mesmo. Restituir-me a carapuça e
com ela a liberdade. Aceita?
Pedrinho sentia muito ver-se obrigado a
perder um saci que tanto lhe custara a apanhar, mas como não tinha outro
remédio senão ceder, jurou que o libertaria se o saci o livrasse dos perigos da
noite e pela manhã o reconduzisse, são e salvo, à casa de Dona Benta.
— Muito bem — disse o saci. — Mas nesse
caso você tem de abrir a garrafa e me soltar. Terei assim mais facilidade de
ação. Você jurou que me liberta; eu dou minha palavra de saci que mesmo solto o
ajudarei em tudo. Depois o acompanharei até o sítio para receber minha carapuça
e despedir-me de todos.
Pedrinho soltou o saci e durante o
resto da aventura tratou-o mais como um velho camarada do que como um escravo.
Assim que se viu fora da garrafa, o capeta pôs-se a dançar e a fazer cabriolas
com tanto prazer que o menino ficou arrependido de por tantos dias ter
conservado presa uma criaturinha tão irrequieta e amiga da liberdade.
— Vou revelar os segredos da mata
virgem — disse-lhe o saci — e talvez seja você a primeira criatura humana a
conhecer tais segredos. Para começar, temos de ir ao “sacizeiro” onde nasci,
onde nasceram meus irmãos e onde todos os sacis se escondem durante o dia,
enquanto o sol está fora. O sol é o nosso maior inimigo. Seus raios
espantam-nos para as tocas escuras. Somos os eternos namorados da lua. É por
isso que os poetas nos chamam de filhos das trevas. Sabe o que é trevas?
— Sei. O escuro, a escuridão.
— Pois é isso. Somos filhos das trevas,
como os beija-flores, os sabiás e as abelhas são filhos do Sol.
Assim falando, o saci levou o menino
para uma cerrada moita de taquaraçus existente num dos pontos mais espessos da
floresta.
Pedrinho assombrou-se diante das
dimensões daqueles gomos quase da sua altura e grossos que nem uma laranja de
umbigo.
(LOBATO, Monteiro. O saci.
Modorra: vontade incontrolável de dormir.
Bodoque: arco com duas cordas e uma rede
(malha) ou couro em que se põe a bola de barro, pedra ou chumbo, com
que se
atira. Também conhecido como estilingue.
Virgem: intacto, puro; diz-se da mata que
ainda não foi explorada.
Inambu e
jacu: espécies de ave.
Taquaraçu: espécie de bambu.
Pilhar: Agarrar, pegar.
1. Após
capturar o Saci, Pedrinho enganou Dona Benta e foi para a mata. Diz o texto que
o menino não levou sequer o bodoque. Segundo seus conhecimentos sobre esse ser
lendário, explique por que o menino acreditava que o Saci era a melhor arma
existente.
Pedrinho
acreditava que o Saci possuía poderes mágicos e que poderia ajudá-lo em uma
situação de risco.
2.
Pedrinho surpreendeu-se pela imponência, pela grandiosidade daquela floresta.
Por que essa mata virgem impunha sua importância? O que ela tinha de
diferente de outras florestas?
A mata
visitada por Pedrinho ainda não havia sido explorada pelo homem, não havia
qualquer interferência humana , permanecendo com sua estrutura intacta.
3.No
texto narrativo, há o momento em que se tem a apresentação, o início dos
acontecimentos. Quais são os fatos que indicam a situação inicial do
texto?
Os fatos que
correspondem a situação inicial são quando Pedrinho engana Dona Benta e vai
para a mata virgem.
4. O que Pedrinho fazia no momento em
que notou que o Saci dentro da garrafa parecia querer dizer alguma coisa?
O menino
estava deitado, descansando.
5. No
início da conversa entre o Pedrinho e o Saci, aquele falava em um tom
brincalhão. O que o Saci disse para que Pedrinho ficasse assustado? Explique o
motivo do medo do menino.
O saci afirmou
que ali era o ponto mais perigoso da floresta , pois estavam bem no coração da
mata, lugar em que outros seres lendários habitavam .
6. Saci ofereceu ajuda para livrar
Pedrinho dos perigos da noite e levá-lo de volta para casa. Qual foi a
condição estabelecida para que isso acontecesse
Pedrinho
deveria devolver a carapuça ao Saci, bem como a liberdade dele.
7.
Segundo o texto, “Pedrinho soltou o Saci e durante o resto da aventura tratou-o mais como
um velho camarada do que como um escravo.” O que significa tratar alguém como um velho camarada? E como um escravo?
Tratar alguém
como um velho camarada é o mesmo que tratar a um amigo, com respeito, com
brincadeiras e com certa intimidade. Já tratar a um escravo e exigir que se
cumpram determinados trabalhos, dar ordens e fazer com que estas sejam
cumpridas.
8. O Saci é chamado no texto de
“capeta”. Por que ele recebeu esse apelido?
Saci levou
esse apelido por ser muito sapeca, fazer muitas travessuras .
9. O
primeiro lugar a que o Saci levaria Pedrinho seria o sacizeiro. Como e onde era
esse lugar?
Era uma
cerrada moita de taquaraçus num dos pontos mais espessos da floresta.
10. De acordo com o desfecho desse
texto, Pedrinho chegou a ver algum outro Saci, que não o que estava com
ele? Qual foi a reação do menino nesse trecho?
O menino não
chega a ver outro Saci, apenas sente-se assombrado por estar naquele lugar em
que esses seres nascem.
11.
Releia os trechos a seguir e indique a quem corresponde a fala.
a) “’Para que bodoque, se levo o saci na
garrafa e ele é uma arma melhor do que quanto canhão ou metralhadora existe?”
Corresponde a
fala de Pedrinho.
b) “Que
beleza!”
Corresponde a
fala do narrador.
c) “E pássaros!”
Corresponde a
fala do narrador.