“.... e aprendi que se depende sempre de tanta,
muita, diferente gente. Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de
outras tantas pessoas. E é tão bonito quando a gente entende que a gente é
tanta gente onde quer que a gente vá. E tão bonito quando a gente sente que
nunca está sozinho por mais que pense estar ....” (Gonzaguinha)
O amor é como uma caixinha, onde se coloca e se tira…
Quando se dá amor, tira-se da nossa caixinha e se coloca na caixinha do outro.
Quando se recebe amor, tira-se da caixinha do outro e se coloca na nossa.
Acho que essa foi a melhor explicação que já recebi até hoje do amor.
Se você só recebe e não
dá, a caixinha lota, e ninguém mais consegue te dar amor. Se você só dá,
chega uma hora que acaba o seu. Por isso, na vida, é importante dar e
receber amor.
Nem sempre aquele que
recebe de nós é o que nos dá. Nem sempre damos de quem recebemos. Mas
sempre estamos fazendo troca e reciclando o nosso estoque de amor.
Não deixe sua caixinha
esvaziar nem deixe sua caixinha lotar. Saiba dar e saiba receber.
Coloque amor em tudo que faz, desde o acordar até o dormir…
Coloque amor no seu
sorriso pela manhã… Coloque amor no bom-dia animado. Coloque amor nos
detalhes do dia… Coloque amor nas pequenas coisas e nas grandes também. E
você verá que sua vida será cheia de realizações, sucesso, alegrias,
coisas boas e amor.
Uma menina, no caminho simples, disse à sua mãe:
— Estou seguindo suas pegadas, mãe, e não quero cair.
Algumas vezes, eu as vejo nitidamente.
Outras, mal posso enxergá-las.
Caminhe um pouco mais firme, mãe!
Para eu poder segui-la.
Eu sei que há muitos anos você percorreu caminhos que não queria percorrer.
Conte-me tudo sobre esse tempo, mãe, pois eu preciso saber.
Porque, às vezes, quando eu duvido, eu não sei o que fazer.
Caminhe um pouco mais firme, mãe!
Para eu poder segui-la.
Um dia, quando eu crescer,
você é quem eu gostaria de ser.
Então, terei uma pequena garotinha
que vai querer me seguir.
Eu quero poder saber conduzi-la à verdade!
Caminhe um pouco mais firme, mãe!
Para eu poder segui-la.
Nossos jovens estão nos
observando. Eles necessitam de menos discursos e de mais testemunhos. É
preciso ousar ser ativista da transformação, inspirando e conspirando
para a proeza do lótus, que surge do lodo e o transmuta em flor. Talvez
esse seja o maior desafio dos tempos em que vivemos: transmutar o lodo
da normose, do comodismo, da estagnação evolutiva e da perda dos valores
perenes e do sagrado numa flor de consciência, de amor e de
solidariedade.
Quente ou Frio?
R. Cansaan
Sete horas. Todos os
alunos aguardavam a chegada do mestre. O frio daquela manhã de inverno
era intenso. Ao entrar, o professor de Física, percebendo a forma como
os pupilos estavam focados apenas naquela dificuldade aparente, decidiu
quebrar o gelo.
“Estão com frio?”,
perguntou o professor. A classe anuiu de forma tímida. “Pois saibam que o
frio não existe”, disse o mestre, enfático. Aquela afirmação caiu como
uma bomba sobre eles, provocando comentários acalorados. Diante do
resultado intencional, o professor explicou: “Não existe frio, existe
ausência de calor”.
Essa incontestável
verdade científica encontra paralelos em todos os momentos de nossa
vida. Não existe escuro, por exemplo, existe ausência de luz. Também não
existe ignorância, existe ausência de conhecimento. E, numa empresa,
não existe fracasso, existe ausência de liderança.
Pense nisso. E, a partir de agora, seja o calor, a luz e o conhecimento que sua equipe precisa para alcançar o sucesso.
Içami Tiba
Não existe alguém
que nunca teve um professor na vida.
Assim como não há ninguém que nunca tenha tido um aluno.
Se existem analfabetos, provavelmente não é por vontade dos professores.
Se existem letrados, é porque um dia tiveram seus professores.
Se existe Prêmio Nobel,
é porque alunos superaram seus professores.
Se existem grandes sábios, é porque transcenderam suas funções de professores.
Quanto mais se aprende, mais se quer ensinar.
Quanto mais se ensina, mais se quer aprender.
“O diretor de uma
unidade escolar é, antes de mais nada, um educador de educadores. O que
isso significa? Que o diretor tem de ser uma pessoa saudável, competente
e experiente no lidar com seres humanos sofridos. A escolha do diretor
através de eleição compromete a liberdade de ação da pessoa que vai
ocupar o cargo: ‘Vota em mim, que eu não pego no teu pé’. O maior erro
inicial é, pois, decorrente do próprio sistema de escolha. Alega-se que,
para ser democrático, tem de ser por votação. Porém, nem tudo na vida
pode ser escolhido dessa maneira. Eu não embarco num avião se souber que
o comandante foi escolhido pelos tripulantes. O educador de educadores
tem de estar na plenitude da competência e da autoridade — sem ser
autoritário — para poder educar.”
Rubens Portugal é
pesquisador e doutor em Planejamento e Aplicações Militares e, durante
sete anos e meio, esteve ligado a um programa de capacitação de
professores no Paraná.
O mestre, o professor e o instrutor
As palavras
mestre, professor e instrutor geralmente são associadas a pessoas que
transmitem conhecimentos e educam, mas trazem consigo diferentes
significados. Cesar Augusto Dionísio, professor, economista e colunista
da revista Profissão Mestre, busca compreender as diferenças entre essas
três figuras, além de incentivar os professores a serem verdadeiros
mestres para seus alunos. Parabéns aos docentes que se esforçam para se
tornar grandes mestres.
O Mestre pede aos alunos para ouvirem o barulho da chuva que cai lá fora.
O Professor reclama da chuva que cai lá fora.
O Instrutor não vai trabalhar porque está chovendo.
O Mestre olha para uma conclusão lógica e diz: “Aqui começa o conhecimento”, e isto o incomoda.
O Professor olha para uma conclusão lógica e diz: “Aqui termina o conhecimento”, e isto o pacifica.
O Instrutor só consegue trabalhar com conclusões lógicas, e isto paga o seu salário.
O Mestre crê que a poesia pode ser ressuscitada no momento em que for asfixiada.
O Professor crê que a poesia pode realmente ter morrido.
O Instrutor só quer saber onde será o enterro, depois de ter rezado para a poesia ter logo se suicidado.
O Mestre ouve, pensa e fala.
O Professor ouve, fala e pensa.
O Instrutor fala, fala e só fala.
O Mestre cuida da educação e seus interesses.
O Professor cuida do aluno e seus interesses.
O Instrutor cuida dele próprio e seus interesses.
O Mestre se orienta a partir dos que precisam dele e não entenderam o assunto.
O Professor se orienta a partir dos que não precisam dele e entenderam o assunto.
O Instrutor se desorienta na frente dos que não precisam dele, sem saber se entenderam ou não o assunto.
O Mestre demonstra ao aprendiz o valor do erro.
O Professor revela ao aprendiz o valor do acerto.
O Instrutor só se preocupa em acertar.
O Mestre avalia seus alunos para que eles possam se conhecer melhor.
O Professor avalia seus alunos para que possa conhecê-los melhor.
O Instrutor avalia seus alunos para ter uma forma de puni-los.
O Mestre sonha que a educação seja possível e acredita.
O Professor acredita que a educação seja um sonho.
O Instrutor sonha apenas com o fim da aula.
Quem pendura a moldura vazia de um
quadro em uma parede e se põe diante dela em profunda reverência como se uma
obra de arte estivesse lá para ser vista? Loucura, não é?
Pois é isso que fazemos quando identificamos a nós mesmos, e as outras pessoas,
como um corpo, como um título acadêmico ou um cargo profissional. Quanto
sofrimento por causa desta ilusão!
O corpo e outras aparências são apenas um tipo de moldura da nossa essência.
Uma moldura tem algum valor na medida em que destaca a obra, mas, em si, não
representa nada.
Nunca houve um tempo, como agora, em que os dotes físicos, a fama, o status e o
poder aquisitivo fossem tão valorizados! A libertação dessa ditadura
da aparência passa
por des-cobrir a obra-prima única que somos, a manisfetação individualizada da
Consciência Divina.
Lembra do Pequeno Príncipe? "O essencial é invisível aos
olhos."
No processo de comunicação, quer na área
organizacional, educacional ou familiar, a postura de TER RAZÃO é um dos
fatores de maior destrutividade dos relacionamentos. Constitui-se numa
das maiores catástrofes na existência humana.
Quando percebemos que duas pessoas estão lenta e
determinadamente destruindo a sua relação; que todo afeto, carinho e
reconhecimento começaram a se quebrar, podemos dar por certo que o TER RAZÃO
está minando a comunicação entre essas pessoas.
Vale aqui lembrar que a matemática é quem melhor nos explica
o significado da palavra RAZÃO = DIVISÃO.
Razão é fração, percepção... que é o mesmo que PONTO DE
VISTA, que é a vista de um ponto. Razão então é o que é verdadeiro para uma
certa pessoa, como também podem existir outros pontos de vista diferentes, mas
igualmente verdadeiros para outras pessoas.
Conclusão: razão não é "a verdade", mas, sim, a sua
verdade (que, aliás, pode ser mudada).
Uma reflexão para o NOVO ANO que vem
chegando:
Certo dia
um professor aplicava uma prova na faculdade. Faltavam poucos minutos para
terminar o horário estabelecido para finalizá-la quando um rapaz levantou o
braço e perguntou:
– Professor! Pode me dar uma folha em branco, por favor?
O
Professor então levou a folha até ele e perguntou-lhe porque queria mais uma
folha em branco. E o aluno respondeu:
– Enquanto respondia as questões, rabisquei tudo, fiz uma confusão
danada em algumas respostas, mas quero “passá-la a limpo” antes de entregá-la.
Moral da história: Todos os dias quando
acordamos, recebemos da vida uma nova folha em branco. Talvez tenhamos
preenchido algumas com rabiscos, confusões, tentativas frustradas, ou até
deixado algumas delas em branco, quem sabe? Pode até ser que tenhamos decidido
amassar algumas folhas e jogá-las na lixeira, optando pela ociosidade, gastando
nosso tempo inutilmente.
Não
importa a idade, condição financeira, religião, condição física… Este é o momento de
tomar essa nova página em branco em nossas mãos e passar a vida a limpo. Não se
preocupe em tirar nota dez ou ser o primeiro da turma; preocupe-se apenas em
fazer o melhor que puder. Na redação final não poupe as palavras: dignidade,
amizade, amor, fraternidade, ética, honestidade, sabedoria, esperança e fé.
Esta folha
em branco é um “presente” que é lhe dado todos os dias, por isso, não a amasse
nem rabisque de forma inconsequente, mas use-a com coragem e sabedoria.
Veja como
esta singela fábula de Esopo consegue traduzir uma sublime verdade:
Um homem tinha um cavalo e um jumento. Um dia que ambos iam à cidade, o
jumento, sentindo-se cansado, disse ao cavalo:
- Toma uma parte de minha carga se te interessa minha vida.
O cavalo, fazendo-se de surdo, não disse nada e o jumento caiu
vítima de fadiga e morreu ali mesmo. Então o dono passou toda a carga para cima
do cavalo, inclusive a pele do jumento, e o cavalo, suspirando, disse:
-Que má sorte tenho! Por não ter querido carregar um fardo leve,
agora tenho que carregar tudo, até a pele do jumento!
Cada vez que estendes tua mão para ajudar ao próximo, sem que notes
estás, na realidade, ajudando a ti mesmo.
VAMOS REFLETIR SOBRE ESTA
HISTÓRIA INSPIRADORA:
Em tempos bem antigos, um rei colocou uma pedra enorme no
meio de uma estrada.
Então, ele se escondeu e ficou observando para ver se alguém
tiraria a imensa rocha do caminho.
Alguns mercadores e homens muito ricos do reino passaram por
ali e simplesmente deram a volta pela pedra. Alguns até esbravejaram contra o
rei dizendo que ele não mantinha as estradas limpas, mas, nenhum deles tentou
sequer mover a pedra dali.
De repente, passa um camponês com uma boa carga de vegetais.
Ao se aproximar da imensa rocha, ele pôs de lado a sua carga
e tentou remover a rocha dali.
Após muita força e suor, ele finalmente conseguiu mover a
pedra para o lado da estrada.
Ele, então, voltou a pegar a sua carga de vegetais, mas notou
que havia uma bolsa amassada no local onde estava a pedra.
A bolsa continha muitas moedas de ouro e uma nota escrita
pelo rei que dizia que o ouro era para a pessoa que tivesse removido a pedra do
caminho.
O camponês aprendeu o que muitos de nós nunca entendemos:
"Todo
obstáculo contém uma oportunidade para melhorarmos nossa condição".
Uma vez, uma filha se queixou ao seu
pai que a sua vida era miserável e que ela não sabia como iria conseguir seguir
em frente. Ela estava cansada de lutar e se esforçar o tempo todo.
Parecia que, logo após resolver um problema, outro logo aparecia. Seu pai, um
cozinheiro, a levou até a cozinha.
Ele encheu três panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto.
Depois que as três panelas começaram a ferver, ele colocou batatas em uma
panela, ovos na segunda e café moído na terceira. Então, ele deixou a água
ferver. A filha, irritada, esperou impacientemente, imaginando o que ele estava
fazendo.
Depois de vinte minutos, ele apagou o fogo...
Ele tirou as batatas da panela e colocou-as em uma tigela. Ele retirou os
ovos e colocou-os em uma tigela. Ele pegou um filtro para coar o café e
colocou-o em um copo.
Ele se virou para ela e perguntou. -“Filha, o que você vê?”
-“Batatas, ovos e café,” ela respondeu apressadamente.
-“Olhe mais de perto,” disse ele, “e toque nas batatas.”
Ela obedeceu e notou que elas estavam macias. Em seguida, ele pediu para
ela pegar o ovo e quebrá-lo. Depois de retirar a casca, ela observou o ovo
cozido. Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole do café. Seu aroma rico
trouxe um sorriso ao seu rosto.
-“Pai, o que significa isso?” perguntou a menina.
Ele
então explicou que as batatas, os ovos e os grãos de café cada um tinha
enfrentado a mesma adversidade, a água fervendo. No entanto, cada um reagiu de
maneira diferente.
A batata entrou forte, firme e inflexível, mas na água fervente, tornou-se
macia e mole. O ovo era frágil, sua casca fina protegendo o líquido interior,
até que na água fervente o interior do ovo tornou-se duro. No entanto, os grãos
de café eram diferentes. Depois que eles foram expostos à água fervente, ele
mudou a água e criou algo novo.
“Qual deles é você?”
Quando a adversidade bate à
sua porta, como você responde?
Você é uma batata, um ovo ou café?
Um mestre do Oriente viu quando
um escorpião estava se afogando e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o
escorpião o picou. Pela reação de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de
novo na água e estava se afogando. O mestre tentou tirá-lo novamente e outra
vez o animal tentou picá-lo.
Alguém que estava observando se aproximou do mestre e lhe
disse:
- Desculpe-me, mas você é teimoso! Não entende que todas as vezes que tentar
tirá-lo da água ele irá picá-lo?
O mestre respondeu:
- A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é ajudar.
Preocupe-se
mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o
que você é; e sua reputação é o que os outros pensam de você.
ENSINAR
É INSPIRAR HISTÓRIAS
Aluísio Cavalcante Jr.
Ensinar
é inspirar histórias.
... Quem ensina,
Traz em si as tintas
Da esperança.
Quem aprende
Utiliza estas tintas
Para pintar a vida
E escrever a alegria;
Com as suas mais perfeitas palavras,
E com as suas mais belas cores.
O PROFESSOR INSTRUTOR &
O PROFESSOR EDUCADOR
Miguel Almir L. de Araújo
O professor instrutor cumpre obrigações. O
professor educador celebra paixões. O professor instrutor superestima o
quantitativo, instrumentaliza para o ter que tende à coisificação e a
mercadejação do humano. O professor educador realça a busca do
qualitativo, da globalidade do ser, da dignidade e da beleza humana; conduz à
vocação, à voz do coração.
O professor instrutor assume a função de mero
transmissor e reprodutor dos saberes instituídos submetendo os indivíduos aos
ditames estabelecidos, ao adestramento e à domesticação. O professor educador
passa pelo já instituído e busca instituir novos saberes e sentires procurando
rasgar os papéis e as máscaras que empacotam e escondem, instigando a
autenticidade, o espírito criador e transgressivo.
O professor instrutor repete todo dia os mesmos
cacoetes e recursos metodológicos na cadência decadente das rotinas emboloradas
e desencantantes. O professor educador reinventa permanentemente seus
procedimentos, renovando-se e reencantando-se com o aprendizado vigoroso
de cada experiência vivida. O professor instrutor considera-se detentor do
saber, pretensamente pronto e acabado. O professor educador concebe-se aprendiz
inacabado nos fluxos do cotidiano.
O professor instrutor circunscreve-se na geometria
do tempo linear do chronos. O professor educador descortina-se pelas curvas do
tempo dinâmico do kairós. O professor instrutor dá aulas previsíveis, insípidas
e frias. O professor educador tece aulas imprevisíveis, abertas ao fluxo das
aventuras, ruminando o saber com sabor, convertendo-as em vivências vívidas e
encantantes; em constantes ritos de iniciação e de renovação dos pensares e
sentires. O professor instrutor percorre os caminhos já feitos do ordinário,
mais fáceis e cômodos. O professor educador ousa as veredas ainda não
trilhadas, mais desafiantes e difíceis, inaugurando caminhos novos,
extraordinários.
O professor instrutor tende a reduzir as salas de
aula em "selas de aula" aprisionantes e cinzentas, em que reinam a
tristeza e o desprazer, e a vida, os sonhos são mortificados. O professor
educador converte as salas de aula em espaços abertos e multicoloridos, em que
vicejam a alegria e o prazer, e a vida, os sonhos são vicejados – em espaços de
celebração da vida.
O professor instrutor obedece aos receituários das
liturgias mecânicas e cristalizadas, com suas normas e ordens asfixiantes. O
professor educador ultrapassa as receitas desodorizadas e move-se pelas buscas
dinâmicas das transformações constantes e emancipadoras entre ordem e
caos.
O professor instrutor transmite saberes. O
professor educador rumina saberes e busca sorver sabedorias. O professor
instrutor erige suas práticas pedagógicas com lógicas monológicas, metálicas e
excludentes. O professor educador fundamenta-se em lógicas dialógicas,
flexíveis e includentes.
O professor instrutor dita conteúdos para que os
alunos copiem e assimilem de modo reflexo. O professor educador
problematiza conteúdos para que os alunos reflitam e compreendam criticamente.
O professor instrutor encampa modelos uniformes lastreados em certezas fixas. O
professor educador articula múltiplas referências fundadas em possibilidades
abertas, em incertezas.
O professor instrutor privilegia o logos, a
cognição, a mente. O professor educador entrelaça logos e eros, cognição e
intuição, mente e corpo. O professor instrutor reduz-se aos muros/muralhas da
escola, da sala de aula. O professor educador transpõe esses limites
trespassando os horizontes expansivos do cotidiano movente da vida.
O professor instrutor professa voto de fidelidade
às alianças cultuadoras das burocracias que tendem à domesticação e à
subjugação. O professor educador concebe a necessidade mínima de burocracia,
sendo esta, mero instrumento que deve estar a serviço dos direitos e liberdades
fundamentais do ser humano.
O professor instrutor busca as competências técnica
e teórica, a inteligência cognitiva. O professor educador busca as competências
técnica e teórica, mas, principalmente, as competências éticas e estéticas, as
inteligências cognitiva, intuitiva e emocional. O professor instrutor tende à
intolerância e até ao abuso de poder, fala muito e quase não escuta. O
professor educador prima pelos princípios da tolerância, da ética da
solidariedade e da escuta sensível.
O professor instrutor prima pelos vãos do ter. O
professor educador prima pelos desvãos do ser. O professor instrutor busca a
reluzência das performances externas dos indivíduos. O professor educador passa
pela exterioridade como caminho que conduz às dimensões mais profundas da
interioridade do ser, ao autoconhecimento.
O professor instrutor acomoda-se nas linhas retas e
regulares das planícies. O professor educador aventura-se pelas curvas e
acidentalidades das montanhas. O professor instrutor habitua-se à rotina das
tartarugas e das galinhas que rastejam e ciscam a superfície da terra.
O professor educador, como a águia, nutre-se das
energias da terra e alça seus vôos bailantes pelos ermos do incomensurável. O
professor instrutor privilegia o desenvolvimento das dimensões mais instintivas
que traduzem os aspectos mais materialistas do ser humano, as quais, isoladas,
fomentam o espírito de competição e de arrogância que desembocam em
brutalização e barbárie.
O professor educador assume as múltiplas dimensões
do humano, passando pelo instinto e atingindo o coração e o espírito de fineza
fomentando a solidariedade e a amorosidade. O professor instrutor confina o humano
apenas à esfera do material/físico, do imediato e do visível (pedagogia do São
Tomé). O professor educador educa para a imanência e para a transcendência,
para o invisível, para os valores humanos – a espiritualidade.
A PEDRA
Autor desconhecido
O
distraído nela tropeçou...
O
bruto a usou como projétil.
O
empreendedor, usando-a, construiu.
O
camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para
meninos, foi brinquedo.
Drummond
a poetizou.
Já,
Davi, matou Golias,
E
Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura...
Em
todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
Não
existe "pedra" no seu caminho que você não possa aproveitá-la para o
seu próprio crescimento.
VIDA DE EDUCADOR
Madalena Freire
Educador
Educa
a dor da falta
a
dor cognitiva
Educando
a busca de conhecimento.
Educador
Educa
a dor do limite
a
dor afetiva
Educando
o desejo.
Educador
Educa
a dor da frusração
a
dor da perda
Educando
o humano, na sua capacidade de amar.
Educador
Educa
a dor do diferenciar-se
a
dor da individuação
Educando
a autonomia.
Educador
Educa
a dor da imprevisão
a
dor do incontrolável
Educando
o entusiasmo da criação.
LER DEVIA SER PROIBIDO
Guiomar de Grammon
A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para
realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e
ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde
lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos
de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de
cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de
reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante.
Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados,
perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto
perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode
ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder
incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria
feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria
mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem
procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria
nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer.
Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas
executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos
para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a
invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que
lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos
transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e
palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de
pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das
montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É
preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas
realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus
filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta
que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro
patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras,
destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular um
curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o
trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais
dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa
de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e
organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se
todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo,
a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por
razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio,
projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da
civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem
magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o
tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê,
não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do
que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para
se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles
que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no
silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos. Para
obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para
executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos
outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o
individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos,
porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de
compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o
homem perigosamente humano.
MENSAGEM
À FAMÍLIA
Eugênia Puebla
Na
educação de nossos filhos
Todo
exagero é negativo.
Responda-lhe,
não o instrua.
Proteja-o,
não o cubra.
Ajude-o,
não o substitua.
Abrigue-o,
não o esconda.
Ame-o,
não o idolatre.
Acompanhe-o,
não o leve.
Mostre-lhe
o perigo, não o atemorize.
Inclua-o,
não o isole.
Alimente
suas esperanças, não as descarte.
Não
exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê exemplo.
Não
o mime em demasia, rodeie-o de amor.
Não
o mande estudar, prepare-lhe um clima de estudo.
Não
fabrique um castelo para ele, vivam todos com naturalidade.
Não
lhe ensine a ser, seja você como quer que ele seja.
Não
lhe dedique a vida, vivam todos.
Lembre-se
de que seu filho não o escuta, ele o olha.
E,
finalmente, quando a gaiola do canário se quebrar, não compre outra...
Ensina-lhe
a viver sem portas.
SEMEADOR DE SONHOS
Aluísio Cavalcante Jr
Conta-se
que há muitos anos atrás,
Um professor encontrando um grande sábio
... Que visitava a sua cidade, perguntou-lhe:
- “ Mestre, como posso tornar-me um professor
inesquecível,
Que inspire e transforme a vida
De cada aluno que passe em meu caminho? ”
O Mestre olhou-o nos olhos.
Tocou-o levemente os ombros e disse:
O segredo para se tornar um professor
inesquecível,
É ver a escola como um jardim.
Os alunos são a terra deste jardim,
E aqueles que os ensinam, seus jardineiros.
Cabe então ao professor semear nesta terra,
A vida em seu modo mais intenso,
E depois cuidar para que esta vida cresça,
Alimentando-a com a esperança
Que em cada coração de professor é infinita.
É esta a missão maior de um quem ensina.
Semear, semear, semear...
Fazer feliz...
Ser feliz...
Todo aquele que é capaz de ensinar e entender
esta lição,
Tem o dom de se tornar inesquecível,
Na vida dos alunos que passarem por seu
caminho.”
O PROFESHOW E O PROFECHATO
Por Fabiano Brum
Atualmente o tema educação e o processo de ensino-aprendizagem têm sido
amplamente discutidos em diversos meios de comunicação. Metodologias, materiais
didáticos, integração da família na escola, capacitação de professores, são
assuntos frequentemente abordados.
Quando vemos alguma informação ligada à educação, vez ou outra nos
recordou de alguns professores que tivemos em nossa vida escolar. Do infantil
até o ensino médio, na graduação ou na pós-graduação, vários foram
os profissionais que estiveram lecionando na sala de aula onde estávamos
matriculados.
Alguns deles nos lembramos pelo companheirismo, outros pela rigidez na
condução do conteúdo, uns pela excelente didática e outros pela
total ausência dela. O curioso é que normalmente nos lembramos
daqueles que foram excelentes professores e, também, dos que foram péssimos.
Raramente nos lembramos dos professores medianos.
Isso porque ficam guardadas em nossa memória as experiências que se
diferenciam das nossas expectativas, ou seja, aquelas que foram positivamente
além daquilo que imaginávamos e, da mesma forma, temos facilidade de registrar
aquelas que ficaram aquém.
Por que alguns professores conseguem envolver seus alunos na compreensão
dos conteúdos, na discussão e participação em sala de aula e outros não? O que
caracteriza esse professor considerado bem-sucedido? De qual natureza são os
recursos internos de que dispõem os educadores e que desenham sua competência?
Educar pessoas não é uma tarefa fácil, e a profissão de educador é uma
das mais desafiadoras e exigentes. O relacionamento com o aluno, lidar com a
sensibilidade e a curiosidade da criança, a inquietude e o dinamismo da
juventude, a transformação de saberes e a internalização de valores
educativos, são atividades que exigem profissionalismo, preparação e amor pela
educação.
De uma forma geral percebemos que virou
moda “desacreditar” da profissão de professor, vemos até
mesmo professores falando mau de seu próprio ofício. Porém temos visto
professores que dão um verdadeiro show de desempenho em sala de aula. Para
estes dou o nome de PROFESHOW!
O Profeshow é aquele que ama sua profissão, é pesquisador, movido por
desafios e pela necessidade de aperfeiçoamento contínuo. Propicia aos seus
alunos oportunidades de construção e reconstrução do conhecimento, fundamentado
no aprender a aprender, no aprender a pensar, no aprender a ser, no aprender a
conviver, como formas para ampliação da compreensão do mundo.
O Profeshow inova em sua metodologia,entende que não existem trinta
alunos em sua sala, mas sim trinta pessoas, e que cada indivíduo necessita de
estímulos diferentes para que ocorra o aprendizado. O Profeshow é motivado e
motivador, inspirado e inspirador em suas atitudes. Excelente comunicador, ele
sabe que é preciso conquistar a atenção, o respeito e a admiração.
O Profeshow fez a escolha pela área de educação, ele é “professor na
plenitude da palavra”, dedicando-se a fazer o melhor pelos seus alunos, pela
sua escola, colegas de trabalho, pela sociedade e pela sua profissão. Por outro
lado, temos o PROFECHATO. O perfil do Profechato é exatamente o contrário do
Profeshow. Está sempre de mau humor, critica sua profissão, completamente sem
entusiasmo, encara o dia a dia do seu trabalho como um árduo fardo a ser
carregado. Suas aulas são monótonas, sem conteúdo e sem vida. Aliás, vida é
tudo o que falta para o Profechato.
Dizem que a nossa vida é feita de escolhas. Qual é a sua escolha? Ser um
Profeshow ou um Profechato?
O ATO DE EDUCAR
Texto de Patrícia Fontes, adaptado por Regina
Gregório
O
ato de educar não é mecanicamente profissional
O
ato de educar é de mais árdua paixão, de amor incondicional.
O
ato de educar exige engajamento, comprometimento, abnegação.
É
uma luta física e mental diária onde buscamos muito mais do que um simples
salário no fim do mês...
Buscamos
atingir todos os objetivos...
Desenvolver
todas as habilidades...
Orientar
todos os conhecimentos...
Facilitar
todas as aprendizagens...
O
prêmio? É a realização pessoal vinda através de um sorriso de criança frente a
uma nova descoberta. Somos, sim! Sonhadoras de um mundo justo repleto de
cidadãos críticos, questionadores, participantes, ativos numa Sociedade
igualitária, digna, honesta...
Acreditamos
no ato de educar em busca do nosso sonho.
Ousamos
no desafio de inovar dentro da sala de aula.
A ESCOLA DOS MEUS
SONHOS
Frei Betto
Na escola dos meus
sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, a
fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, a conhecer
mecânica de automóvel e de geladeira e algo de construção civil. Trabalham em horta,
marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e
tocam na orquestra. Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de
lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres,
feirantes e cozinheiros profissionais. Assim aprendem como a cidade se articula
por baixo, mergulhando em suas conexões que, à superfície, nos asseguram
limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.
Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas com
abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade,
sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do
contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos
leilões das privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos
textos de jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos
internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas pesquisas do
supertelescópio Huble; a Química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a
História, na violência de policiais contra cidadãos, para mostrar os
antecedentes na
relação colonizadores - índios, senhores - escravos, Exército - Canudos, etc.
Na escola dos meus
sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de
Educação Física se complementem; a multidisciplinaridade faz com que a História
do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a
transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e dança e associa a história
da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas. Se a escola for
laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo, o pai-de-santo,
do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do espiritismo; o pastor, do
protestantismo; o guru, do budismo, etc. Se for católica, há periódicos retiros
espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja. Na
escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos
treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da
competência, comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e
didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido
do que sejam democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.
Ela não briga com a
TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas
e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o
produto adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada
pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores
porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado:
a proposta de vida subjacente, a visão de felicidade, a relação
animador-platéia, os tabus e preconceitos reforçados, etc. Em suma, não se
fecham os olhos à realidade, muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração
entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina
obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a
sério e, um mês por ano, setores não vitais da instituição são administrados
pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e
seus discursos analisados e comparados às suas práticas.
Não há provas baseadas
no prodígio da memória nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho
mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e membro
da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do
Brasil, os alunos traziam para a classe a bibliografia pertinente e, dadas as
questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar. Não há coincidência
entre o calendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em
seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibilidade, aptidão e seus
recursos. É mais importante educar do que instruir; formar pessoas que
profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender à elite. Dentro de uma
concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa
unidade corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece conexões com o
noticiário da mídia.
Na escola dos meus
sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio
para se poderem manter. Pois é a escola de uma sociedade em que educação não é
privilégio, mas direito universal, e o acesso a ela, dever obrigatório.
VER
VENDO
Otto Lara Rezende
De tanto ver, a gente balaniza o
olhar – ver... não vendo.
Experimente ver, pela primeira vez, o que você
vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é: o que nos cerca, o que
nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa retina é como o vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma
porta.
Se alguém lhe pergunta o que você vê pelo
caminho, você não sabe.
De tanto vê, você banaliza o olhar.
Sei de um profissional que passou 32 anos a fio
pelo mesmo hall do prédio do seu escritório.
Lá estava sempre, pontualíssimo, o porteiro.
Dava-lhe bom dia, às vezes, lhe passava um
recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro faleceu.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia?
Não fazia a mínima idéia.
Em 32 anos nunca consegui vê-lo.
Para ser notado o porteiro teve que morrer.
Se, um dia, em seu lugar tivesse uma girafa
cumprindo o rito, pode ser, também, que ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e baixa a vontade. Mas a
sempre o que ver; gente; coisa; bichos.
E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê aquilo que o adulto não vê. Tem
olhos atentos e limpo para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela
primeira vez, o que, de tão visto, ninguém vê. O pai que raramente vê o próprio
filho. O marido que nunca viu a própria mulher.
Os nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos.
...e por ai que se instala no coração o monstro
da indiferença.
GAIOLAS OU ASAS?
Rubem
Alves
Picasso dizia: “Eu não
procuro. Eu encontro”. Assim são os pensamentos. Eles aparecem de repente sem
ter sido procurados. Pois, de repente, sem que o procurasse, esse pensamento me
atacou: “Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas”.
As gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo.
Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Seu dono pode levá-los para onde
quiser. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Asas não amam as gaiolas.
O que elas amam é o vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. O vôo
não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esse pensamento nasceu de um sofrimento: sofri conversando com
professoras de segundo grau, em escolas de periferia. O que elas contam são
relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças...
Ouvindo os seus relatos vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes
arreganhados, garras à mostra – e as domadoras com seus chicotes, fazendo
ameaças fracas demais para a força dos tigres... Sentir alegria ao sair da casa
para ir para a escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O seu sonho é
livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é
a mesma porta que as fecham junto com os tigres.
Nos tempos da minha infância eu tinha um prazer cruel: pegar
passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava
escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia
comendo, entrava na arapuca, pisava no poleiro – e era uma vez um passarinho
voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o
colocava dentro de uma gaiola. O pássaro se lançava furiosamente contra os
arames, batia as asas, crispava as garras, enfiava o bico entre os vãos, na
inútil tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava ensangüentado... Sempre me
lembro com tristeza da minha crueldade infantil.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta
será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes de periferia? Ou
serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas? Me falarão sobre
a necessidade das escolas dizendo que os adolescentes de periferia precisam ser
educados para melhorar de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, é
preciso que todos tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos
para uma vida melhor.
O que é uma boa educação?
O que os burocratas pressupõem é que os alunos ganham uma boa educação
se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E para se testar a qualidade
da educação criam-se mecanismos, provas, avaliações, exames, testes.
Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se
identifica com o ideal de uma boa educação? Você sabe o que é “dígrafo”? E os
usos da partícula “se”? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o
sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o
brado retumbante”? Qual a utilidade da palavra “mesóclise”? Pobres professoras,
também engaioladas pelos programas... São obrigadas a ensinar o que os
programas mandam, sabendo que é inútil. Bruno Bettelheim relata sua experiência
com as escolas: “Fui forçado (!) a estudar o que os professores haviam decidido
o que eu deveria aprender – e aprender à sua maneira...”
Qual é o sujeito da
educação? O sujeito da educação é o corpo. É o corpo que quer aprender para
poder viver. Esse é o único objetivo da educação: viver e viver com prazer. A
inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver.
Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era “ferramenta” e “brinquedo” do
corpo. Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender “ferramentas”,
aprender “brinquedos”. “Ferramentas” são conhecimentos que nos permitem
resolver os problemas vitais do dia-a-dia. “Brinquedos” são todas aquelas
coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria
à alma. No momento em que escrevo estou ouvindo uma sonata de Beethoven. Ela
não serve para nada. Não é ferramenta. Não serve para nada. Mas enche a minha
alma de felicidade. Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o
resumo educação.
Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me
permitem voar pelos caminhos do mundo. Brinquedos me permitem voar pelos
caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo
liberdade. Quem aprende liberdade não fica violento. Fica alegre, vendo as asas
crescerem... Assim todo professor, ao ensinar, teria de perguntar: “Isso que
vou ensinar é ferramenta? É brinquedo?” Se não for é melhor deixar de
lado.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos
alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se são gaiolas
ou asas. Mas eu sei que há professores que amam o vôo dos seus alunos. Há
esperança.
A BATALHA DOS MÉTODOS
Marlene
Carvalho
Numa rua de subúrbio,
uma criança estava sentada à porta de casa, olhando um livro ilustrado. Bem
perto, havia uma escola e ali passavam muitas jovens que estavam se preparando
para ser professoras.
Uma delas parou para
ver a criança e disse:
— Que gracinha de
menina!
— Me conta a história,
disse a garota.
— Não, primeiro você
tem de aprender a ler. Quer que eu te ensine? Olhando o título, a jovem
apontou: a, o, e, u, i, o. Não, assim, não. Melhor assim: a, e, i, o, u.
A criança olhou
desconsolada e pediu novamente para ouvir a história. A futura professora não
desistiu.
— Veja, é fácil: a com
i faz ai! Como você fala quando sente uma dor. E e com u faz eu! E apontava
para o próprio peito, dizendo: eu, ai! eu, ai!
A criança, um pouco
assustada, desviou o olhar e abriu o livro. A normalista aborreceu-se e foi
para a aula de Métodos e Técnicas de Alfabetização contar para a professora que
tinha encontrado uma pobre criança que era um caso típico de falta de prontidão
para a leitura.
Logo depois passou
outra jovem que se enterneceu com a cena da menina com o livro nas mãos.
— O que é que você
está lendo?
— Não sei ler. Me
conta a história?
— Vou ensinar a você.
Como é seu nome?
— Betinha.
— Não, isso é seu
apelido. Como é seu nome?
A menina pensou um
pouco e olhou desolada para o livro:
— Me conta a história.
— Só se você me disser
seu nome.
— Elisabete Maria de
Oliveira.
— Ah, bom. Então vamos
ver.
Puxando um caderninho
da bolsa, a moça escreveu Elisabete e pediu à criança:
— Aqui está o seu
nome: ELISABETE. Vamos ler apontando com o dedinho.
Apontando as nove
letras, a menina leu: E-li-sa-be-te- ma-ri-a- de- o-li-vei-ra.
A jovem ficou
embatucada e anotou a resposta para ir perguntar à professora de Psicogênese da
Língua Escrita como interpretá-la.
— Tchau, querida!
Outro dia eu te ensino, OK?
Não demorou muito,
passou outra jovem de boa vontade e a criança lhe pediu:
— Me conta a história!
— Que gracinha! Eu
conto se você me responder umas perguntas.
A criança olhou
ressabiada.
— Você já sabe as
letras do alfabeto?, disse a moça.
— Não.
— Você conhece as
famílias silábicas?
— Quê?
— Deixa pra lá.
Diga-me uma palavra que começa com pa. Por exemplo, pato, papai, palácio.
— Rei, princesa.
— Quê?
— Palácio, rei,
princesa.
A futura professora
suspirou. Saiu dali muito triste, achando que a menina era muito bonitinha, mas
não tinha discriminação auditiva.
Daí a meia hora,
passou um professor de Gramática, cansado e meio calvo, andando devagar. A
menina resolveu tentar a sorte.
— Me conta a história!
— Não é assim. Fale de
novo: conta-me a história.
— Hum?
— Conta-me a história,
eu disse, respondeu o gramático.
— Mas eu não sei ler.
— Não, não é você que
deve contá-la. Aliás, minha pobre criança, você não sabe nem falar.
A menina fechou o
livro com força e fez uma careta de nojo para o gramático. Ele respondeu:
— Atrevida!
Analfabeta! Iletrada! Anômala! Anojosa! Anacoluto! e retirou-se, muito
satisfeito de possuir um vasto vocabulário para qualificar a pirralha.
Passou um tempinho,
veio pela calçada uma professora de Sociolingüística, com seu gravador a
tiracolo, e a menina resolveu tentar a sorte:
— Tia, me conta a
história!
— Fala de novo, meu
bem, disse a professora, e ligou o gravador. A menina era um exemplo magnífico de
falante das classes populares do subúrbio do Rio, de modo que a pesquisadora
não podia perder a oportunidade de entrevistá-la.
— Que que é isso?,
perguntou a criança.
— Um gravador. Vou
gravar o que você falar. Vamos conversar. Quantos anos você tem?
— Me conta a
história.
— Depois eu conto.
Converse um pouquinho comigo.
— Quero a história.
— Você me conta uma
história. Eu gravo, depois passo tudo para o papel, pego a sua história e aí...
Mas a professora não
pôde concluir: a menina já estava longe, pulando num pé só, fora do alcance da
pesquisadora.
Logo na esquina, a
menina encontrou o vendedor de cocadas que fazia ponto perto da escola normal.
Pouco movimento, tarde parada. O vendedor olhou pra menina com o livro e
perguntou:
— Já leu esse livro?
— Não, lê pra mim?,
disse a menina, sem muita esperança de ser atendida.
— Hum, deixa eu ver.
O rapaz abriu o livro.
Foi lendo devagar, como era possível, pois tinha aprendido a ler mal e mal, há
muito tempo:
— Era uma vez uma
menina chamada Chapeuzinho Vermelho. Um dia, a mãe dela cha-cha-mou-a e
disse...
A menina deu um
suspiro de prazer e sentou no muro da escola para ouvir a história. Lá dentro,
alguém dava uma aula sobre Métodos de Alfabetização.
RECOMEÇAR
Não
importa aonde você parou... em que momento da
vida você cansou... o que importa é que sempre é possível e necessário
“Recomeçar”.
Recomeçar
é dar uma nova chance a si mesmo... é renovar as
esperanças na vida e o mais importante... acreditar em você de novo.
Sofreu
muito nesse período?
Foi aprendizado...
Chorou muito?
Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi Para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?
É por que fechaste a porta para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início de tua melhora...
Pois
é... Agora é hora de reiniciar... de pensar na
luz... de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um novo emprego?
Uma
nova profissão?
Um
corte de cabelo arrojado...
diferente...?
Um novo curso...?
Ou aquele velho desejo de aprender a pintar... desenhar... dominar o
computador... ou qualquer outra coisa...
Olha quanto desafio... quanta coisa nova nesse mundão de Deus te esperando.
Tá se sentindo sozinho?
Besteira... tem tanta gente que você afastou nesse seu período de isolamento...
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para chegar pertinho de você.
Quando nos trancamos na tristeza... nem nós mesmos nos suportamos... ficamos
horríveis... o mal humor vai comendo nosso fígado... até a boca fica amarga.
Recomeçar... hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você quer chegar ?
Ir alto... ?
Então sonhe alto... queira o melhor do melhor... queira coisas boas para a
vida... pensando assim trazemos pra nós aquilo que desejamos... se pensamos
pequeno... coisas pequenas teremos... já se desejarmos fortemente o melhor e
principalmente lutarmos pelo melhor... o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental...
Vamos lá... joga fora tudo que te prende ao passado... ao mundinho de coisas
tristes... fotos... peças de roupa... papel de bala... ingressos de cinema,
bilhetes e viagens... e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos
julgamos apaixonados... jogue tudo fora... mas principalmente... esvazie seu
coração... fique pronto para a vida... para um novo amos...
Lembre-se somos apaixonáveis... somos sempre capazes de amar muitas e muitas
vezes... afinal de contas...
Nós somos o “Amor”...
Porque somos do tamanho daquilo que vemos, e não do tamanho da nossa altura.
ESCREVER É COMPROMETER-SE
Sérgio Simka
A
palavra texto significa "tecido". Com efeito, o texto é um tecido
composto de palavras que se reúnem em frases, períodos e parágrafos. Mas antes
de assumir essa forma, o texto começa na mente de quem vai escrevê-lo.
Aí é
que reside o grande problema do ensino de "redação": Ensinam-se
técnicas, macetes, dicas, truques, fórmulas pré-fabricadas de textos, esquemas,
roteiros etc., mas não se ensina a pensar.
Tem
sido comum, nas aulas de redação, a prática de sugerir aos alunos que escrevam
sobre um assunto em relação ao qual, na maioria das vezes, não têm sequer
afinidade ou aproximação com suas experiências de vida. A essa prática não se
agrega um componente fundamental que é o de levar os alunos a se debruçarem
sobre a questão proposta, a discutirem a matéria, a questioná-la, a enxergá-la
de diversas facetas.
Em
outras palavras, os alunos não são levados a pensar sobre o assunto; não se
propõe uma discussão na qual possam expor o que pensam relativamente à questão.
As aulas de redação têm sido momentos enfadonhos dos quais os alunos participam
mais para se verem livres da tarefa do que para terem a oportunidade de
exteriorizar suas opiniões; mais para receberem notas do que para assumirem um
compromisso intelectual.
No
entanto, "o escrever" é comprometer-se intelectualmente; é assumir
antes um compromisso com você mesmo diante do que pensa sobre o assunto, sobre
aquilo em que acredita, sobre aquilo que forma seu conjunto de valores e
concepções do mundo. Escrever é conhecer-se; como dizia Clarice Lispector,
"é lembrar-se do que nunca existiu"; e, segundo Roland Barthes,
"é espantar-se".
Espantamo-nos
à medida que conhecemos um pouco mais sobre nós mesmos, sobre o que nos
impulsiona, sobre o que nos mantém ligados à existência etc.
Mas
nada disso parece merecer a atenção de nossos alunos e professores, que se
encontram num ensino de redação cujo foco consiste em distanciar cada vez mais
os alunos de constituírem os sujeitos de seu próprio dizer, de seu próprio
texto, que se assenta em experiências de vida, pessoal e intransferível.
Daí
o medo da ‘folha em branco’, dos bloqueios que costumam vir associados ao ato
de escrever. Porque o escrever, na maior parte das vezes, esteve ligado a um
ato que gerou mais frustração do que prazer, que causou mais traumas que
benefícios, que serviu mais para aferir a correção gramatical do que para
aferir a capacidade de organização textual-discursiva, que sempre esteve
associado mais a um dom de poucos do que a uma habilidade que todos podem
adquirir.
O
escrever sempre gerou medo. Temos medo de escrever porque não sabemos pensar.
Porque à proporção que o ensino nos levava a não pensar, nos levava também a
ter medo de escrever. E escrever, dentro dessa concepção, pressupunha conhecer
as regras gramaticais, que o ensino também não nos ensinava. Somos um misto de
sem-língua, sem-texto, sem-escrita, sem-pensamento com outra porção bem grande
de com-medo, com-frustração, com-bloqueios. O resultado, como se vê, não é nada
animador.
Devemos
mudar o foco de nossas aulas de redação alterando as estratégias, transformando
o ‘medo de escrever’ em ‘prazer de escrever’. Quando há prazer, tudo fica mais
fácil; é mais gostoso, não percebemos o passar das horas, nos sentimos
superbem, ficamos de bem com a vida. É hora de ficarmos de bem com o ato de
escrever, conferindo-lhe prazer e não o medo.
O
NÓ DO AFETO
Eloi Zanetti
Era um reunião numa escola. A diretora incentivava os pais a apoiarem as
crianças, falando da necessidade da presença deles junto aos filhos. Mesmo
sabendo que a maioria dos pais e mães trabalhava fora, ela tinha convicção da
necessidade de acharem tempo para seus filhos.
Foi então que um pai, com seu jeito simples, explicou que saía tão cedo
de casa, que seu filho ainda dormia e que, quando voltava, o pequeno, cansado,
já adormecera. Explicou que não podia deixar de trabalhar tanto assim, pois
estava cada vez mais difícil sustentar a família. E contou como isso o deixava
angustiado, por praticamente só conviver com o filho nos fins de semana.
O pai, então, falou como tentava redimir-se, indo beijar a criança todas
as noites, quando chegava em casa. Contou que a cada beijo, ele dava um pequeno
nó no lençol, para que seu filho soubesse que ele estivera ali. Quando
acordava, o menino sabia que seu pai o amava e lá estivera. E era o nó o meio
de se ligarem um ao outro.
Aquela história emocionou a diretora da escola que, surpresa, verificou
ser aquele menino um dos melhores e mais ajustados alunos da classe. E a fez
refletir sobre as infinitas maneiras que pais e filhos têm de se comunicarem,
de se fazerem presentes nas vidas uns dos outros. O pai encontrou sua forma
simples, mas eficiente, de se fazer presente e, o mais importante, de que seu
filho acreditasse na sua presença.
Para que a comunicação se instale, é preciso que os filhos 'ouçam' o
coração dos pais ou responsáveis, pois os sentimentos falam mais alto do que as
palavras. É por essa razão que um beijo, um abraço, um carinho, revestidos de
puro afeto, curam até dor de cabeça, arranhão, ciúme do irmão, medo do escuro,
etc.
Uma criança pode não entender certas palavras, mas sabe registrar e
gravar um gesto de amor, mesmo que este seja um simples nó.
E você? Tem dado um nó no lençol do seu filho?
SE A ESCOLA FOSSE
UMA ORQUESTRA
Se a escola fosse uma orquestra, seria possível ouvir-se a sinfonia da
compreensão humana?
Como haver sinfonia se cada músico está com seu instrumento em um tom? Onde
está o autor da sinfonia? Ou será que a orquestra é que não quer tocá-la?
A orquestra está desafinada.
E o maestro? Deve ser responsabilizado pelo insucesso?
E os ouvintes, por que não gritam?
Estão mudos?
Não; não sabem gritar.
Gritam , às vezes, buscando em outro músico o fracasso advindo do tom
desafinado que emitem.
E você? Também é músico nesta orquestra?
A escola nunca será orquestra, se cada músico não se afinar. Os músicos devem
interpretar a partitura da compreensão humana, para atender a cada ouvinte na
sua individualidade.
Não basta simplesmente tocar.
A harmonia entre os músicos e os ouvintes é a compreensão, o respeito, a
doação, o "assumir", é a responsabilidade, o envolvimento com o
trabalho.
Reaja diante da música. Se um tom soa-lhe desafinado, pare!
O ponto de espera é calmo e longo; com sua ajuda virá outra música. Com certeza
será o início de uma verdadeira orquestra onde todos possam entoar a música da
Paz, da Harmonia, da Colaboração, do Respeito Mútuo.
PROFESSORES
APAIXONADOS
Gabriel Perissé
Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde,
movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo. Apaixonados, esquecem a
hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de
múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério
igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a
todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um
grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro!
Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio
comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem
cantando o pneu da alegria. Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de
aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do
contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado
com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias,
catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do
desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o
professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando
apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no
café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro. Ter
fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas
substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com
nada, ensinar é uma forma de oração. Não essa oração chacoalhar de palavras sem
sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo,
somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a
química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma
explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo,
professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
RÓTULOS E PROFESSORES
Maria
Augusta Sanches Rossini
Contam
que numa escola da Inglaterra aconteceu o seguinte fato:
No
início de um ano letivo um computador, programado de modo incorreto, inverteu
os resultados acadêmicos de duas classes de alunos. Aos “melhores”, ele lançou
os resultados insatisfatórios da turma dos “piores” e vice-versa.
As
aulas tiveram seu início. Cinco meses e meio depois, a direção descobriu o
erro. Sem comentar o fato com os professores, resolveu aplicar novos testes.
Pasmem
com os resultados! Os “melhores” haviam piorado e os “piores” haviam melhorado.
Acontece
que os professores trataram as duas turmas de acordo com os “rótulos”: aos
“piores”, que na realidade eram os bons, deram um tratamento como se fossem
limitados, com dificuldade de aprendizagem.
Aos
“melhores”, que na realidade não eram os bons, deram um tratamento como se
fossem brilhantes. Os professores comentaram que no início sentiram que seus
métodos não estavam funcionando. Então, como a informação do computador dizia
que eles eram bons alunos, decidiram rever seus métodos de ensino acreditando
que os problemas estavam nos “métodos”.
Ler é inteirar-se de outras
proposições,
é confrontar-se com outros destinos,
é transformar-se a partir da experiência
vivenciada pelo outro e referendada
pelo fruidor. Existe, pois, ação educativa
maior do que esta de formar leitores?
Bartolomeu Campos de Queirós
Teresa, não. As outras, não sei,
mas ela, com certeza, não. Nunca reclama. Parece um doce que não desanda.
Sentada na varanda de sua casinha modesta, mas limpinha, casinha branca de
janelas azuis, tão de brinquedo que parece uma pintura. Florezinhas plantadas
em latas de óleo vazias, um gato malhado que dorme no primeiro degrau.
Borboletas voando que estalam as asas, feito quem diz: “Ai, que bom viver! Ai,
que delícia!”. Ali não é um lugar, é uma lembrança de infância. Será por isso
que os filhos nunca aparecem? Nem para as festas? As comadres falam “que
absurdo!”, e outras exclamações cheias de vogais. Teresa, não. Nunca reclama.
Ao invés, faz mais doces, mais e mais.
E tão difícil que é, veja só: num fogão
de lenha! Tem que catar graveto, que ela não tem dinheiro para encomendar lenha
já cortada, como a vizinha Salete, aposentada do Correio. Que quê tem? Graveto
dá no chão, graveto dá de graça. É só pegar. Teresa pega as coisas do ar. Com
seus olhinhos de jabuticaba, só faz sonhar. Por isso que a vida não dói.
Fazendo beiradas de paninhos de copa, vai cabeceando, cabeceando até cochilar.
Entra no sonho, toma um sorvete com o primeiro namorado, brinca de roda com as
amigas de longas tranças, banho de rio, rouba goiaba e faz doce de tacho...
Acorda com o cheiro do doce de verdade. Quase passou da hora de tirar do fogo!
Teresa gostava muito de filme de bangue-bangue. Perdia tempo escrevendo cartas
compridas para uma sua prima do interior mais interior que o dela. E tendo já
uma queda para o doce, ia matando menos índios, dando menos tiros, amansando os
gritos, aumentando os romances e suspiros, terminando por fazer do tal filme,
um melado.
Mas agradava. A prima sempre respondia agradecida, dizendo que não
perderia de jeito nenhum o tal filme, quando passasse em sua cidade. Que nunca
ia ser: no interior do interior ninguém nem sabia o que era filme, que dirá
cinema. Isso quando era menina-moça. Depois o marido largou dela e teve de pelejar
para criar os sete filhos. Só. Com doce. O que ficava de menino com o nariz
espetado na janela, que nem pardal querendo roubar pão da mesa de gente, nem te
conto. Um mundo!
Esqueceu dos filmes. E o doce? Levado em potes, para as casas
com mais abastança. Nem por isso parava de brotar, do seu coração, mais doce,
mais e mais. Quem não tem vocação para amarga, venha a onda que for — não
arrasta. Nem salga. Nesse meio tempo, teve de botar as cartas, letras, filmes e
histórias de lado. Para depois. Mas depois sempre vem. Os sete filhos, criados,
foram cada um para um lado. Nenhum puxou seu jeito doce, todos traziam o selo
do pai: sério, preocupado com essa coisa de fazer dinheiro. Os filhos, iguais,
foram buscar o ouro no pote do final do arco-íris. Teresa queria era o pote. E
o arco-íris.
O ouro, se tivesse, botava de enfeite num bolo. Um dia, procurando
cortes de fazenda para fazer um vestido novo de Natal, deu com as cartas da
prima. Que saudade de escrever! A prima, já morta, escrever para quem? Os filhos
trabalhavam tanto, os netos e bisnetos nunca iriam responder... — Pra mim, ué.
Por acaso, eu sou ninguém? A mão, treinada de doce, buscava um gosto de
começar. Com canela ou sem? Pitada de baunilha, sim ou não? E foi soltando a
imaginação, brotando o caldo, em calda.
Uma vida toda para contar, bem
temperada. Doce que nem ela. Feito compotas guardadas em porões secretos,
coisas simplezinhas que, envelhecidas, tornam-se finas iguarias para adoçar a
mesa de reis. Escreveu, escreveu, escreveu. Depois amarrou o monte de cadernos
de espiral com uma tira de chita florida. E deixou para lá. Até que um dia...
(sempre tem um dia em que as coisas mudam, sei lá por quê). Um dia, os filhos
disseram que vinham para o Natal. Com a família completa. Vai ver assistiram a um
desses filmes xaroposos na televisão, em que morre a mãe velhinha, sofrendo da
horrível dor da solidão e do abandono.
É verdade que é triste isso de passar
borracha em gente, mas Teresa... Teresa, não. Nunca reclama. Achou boa a ideia.
E foi fazer doce. Trabalhou que foi uma enormidade. Mas quando se tem noventa e
seis anos já não se é mais uma menina. Vá convencer Teresa disso! Arrumou a
casa, preparou tudo, os meninos chegavam daí a pouco. Guardou o avental e foi
se sentar na varanda, à hora da Ave-maria. Que pôr de sol bonito! Parecia um
caldo de goiabada, esparramado num chão de azulejo azul. Foi cabeceando,
cabeceando até cochilar.
Nem o barulho das gentes chegando acordou Teresa. Nem
os beijos dos bebês, melados das lágrimas do medo de ver um rosto tão marcado
de rugas. Nem os presentes de todo tamanho e feitio. Nem chamando pelo nome,
que fazia tempo ela não ouvia de boca outra que não a própria. Nem balançando
de leve a cadeirinha. Nem sacudindo, sacudindo. Teresa entrou no sonho e era um
sonho tão doce, doce, mais e mais. Não deu vontade de sair. Parecia um sonho de
verdade, não como os de padaria — dos feitos em casa. Depois do enterro, a
família voltou para casa com pressa de ir embora. Não cabiam mais ali.
Distribuíram os muitos doces entre si, arrumando as coisas com a pressa de quem
quer fugir. Quase iam deixando o principal para trás. Porém um menino se soltou
do colo da mãe e, andando por aí, deu com uma ponta de chita florida embaixo da
cama. Foram abrindo os cadernos, um por um, lendo devagar, sentando no chão
para apreciar. Aquilo é que era doce! Não sei... É por essas e outras que eu
penso que a vida devia começar pela sobremesa. O salgado vinha depois. Porque,
às vezes, quando o doce chega, não tem mais espaço...
CORAGEM
Por Maria Inês Felippe
Paixão de conhecer o mundo
Para
permanecer vivo, educando a paixão, desejos de vida e morte, é preciso educar o
medo e a coragem.
Medo e coragem em ousar.
Medo e coragem em assumir a
solidão de ser diferente.
Medo e coragem em assumir a educação desse drama, cujos personagens são nossos
desejos de vida e morte.
Educar a paixão (de morte e
vida) é lidar com esses dois ingredientes cotidianamente, por meio da nossa
capacidade, força vital (que todo ser humano possui: uns mais; outros menos; em
outros, anestesiada) e desejar, sonhar, imaginar e criar.
Somos sujeitos porque
desejamos, sonhamos, imaginamos e criamos na busca permanente da alegria, da
esperança, do fortalecimento da liberdade, de uma sociedade mais justa, de
felicidade a que todos temos direito.
Este é o drama de permanecer
VIVO... fazendo educação!
Madalena
Freire
Desejo, idéias. Onde estão nossos sonhos, utopias e fantasias?
Alguns possíveis de realizar imediatamente; outros não.
Quem não tem coragem, não
concretiza, não caminha, não busca o novo, não muda, nem evolui. Quanto medo!!!
Para isto, temos de conhecer a
realidade, não se esquecendo de que ela não está pronta, terminada, redonda. É
preciso sonhar, é preciso ter coragem para concretizar. O mundo não está
redondo.. por que enquadrar?
Tivemos um ano de muita
agitação: copa, eleições; ameaças, riscos, oportunidades, desilusões,
descobertas. Estamos juntos para reconstruir, para criar e dar prosseguimento
ao que está aí. A Criação nada mais é do que o sonho colocado em prática, a
reconstrução do passado e a abertura para o que vem pela frente.
QUEM
DOBROU SEU PÁRA-QUEDAS HOJE?
Charles Plumb era piloto de um
bombardeiro na guerra do Vietnã. Depois de muitas missões de combate, seu avião
foi derrubado por um míssil.
Plumb saltou de pára-quedas, foi capturado e
passou seis anos numa prisão norte-vietnamita. Ao retornar aos Estados Unidos,
passou a dar palestras relatando sua odisséia e o que aprendera na prisão.
Certo dia, num restaurante, foi saudado por um
homem:
–
Olá, você é Charles Plumb, era piloto no Vietnã e foi derrubado, não é mesmo?
– Sim, como sabe?, perguntou
Plumb.
– Era eu quem dobrava o seu pára-quedas. Parece que funcionou bem, não é
verdade?”
Plumb
quase se afogou de surpresa e com muita gratidão respondeu:
–
Claro que funcionou, caso contrário eu não estaria aqui hoje. Muito obrigado!
Ao ficar sozinho naquela noite, Plumb não conseguia dormir, lembrando-se
de quantas vezes havia passado por aquele homem no porta-aviões e nunca lhe
disse nem um “bom dia”. Era um piloto arrogante e aquele sujeito,
um simples marinheiro.
Pensou também nas horas que o
marinheiro passou humildemente no barco enrolando os fios de seda de vários
pára-quedas, tendo em suas mãos a vida de alguém que não conhecia.
Agora, Plumb inicia suas palestras perguntando
à sua platéia: “Quem
dobrou seu pára-quedas hoje?”.
Todos temos alguém cujo trabalho é importante
para que possamos seguir adiante. Precisamos de muitos pára-quedas durante o
dia: físico, emocional, mental, espiritual.
Jamais deixe de agradecer.
O que a mãe é...
(Roberta Faria)
Mãe é cheiro. De creme hidratante, alho descascado,
roupa lavada que secou no sol, café recém-passado, fumaça do fogão a lenha,
terra revirada no jardim, sabonete de erva-doce do banheiro de visitas, perfume
guardado no fundo do armário para dias de festa.
Mãe são mãos. Que cortam o bife, fazem carinho nas costas pra
dormir, desembaraçam o cabelo terrível, espremem a farpa na sola do pé, ameaçam
“vocês-vão-ver-só” com o chinelo, estapeiam a roupa pra limpar a sujeira que
ficamos depois de brincar no chão.
Mãe é engraçada. Muda o jeito como chama a gente
dependendo se está feliz ou brava, conversa com pessoas estranhas no mercado
como se as conhecesse a vida toda, tem uma parte molinha no braço que gostamos
de balançar (mas ela fica brava), inventa dramas só pra pôr medo na gente (por
exemplo: não pode chupar bala redonda porque morre engasgado).
Mãe é ocupada. Acorda antes de todo mundo, carrega uma
bolsa que é mistura de cartola de mágico com buraco negro e, enquanto o pai só
trabalha e lê jornal, ela trabalha, lê jornal, faz a comida, leva na aula,
costura a calça rasgada, pinta a unha, leva no médico, fala no telefone com as
tias, vai na reunião da escola, desentope a pia, conversa, reclama, arruma,
ouve, briga, ensina, beija e ainda conta histórias.
Mãe tem sempre razão. Até finge que concordou, mas dá
um jeito de fazer a coisa do jeito que ela quer. Bate boca com quem fala mal
dos filhos dela (porque só ela pode brigar com eles). Sabe como tudo deveria
ser feito, e, por isso, ela é quem manda.
Mãe é uma força da natureza, que nem gravidade, vento, placas
tectônicas. É muito maior que nós. Mesmo se a gente se esquece disso, mesmo se
acha que não precisa mais, mesmo se ela já partiu… de algum jeito, a mãe
continua aqui. Na melhor parte do que somos. Nas verdades que aprendemos. E no amor que temos para passar adiante.