29 de março de 2013

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA INICIAL

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA INICIAL
Saber o que os alunos já conhecem é de fato essencial para o ponto de partida do planejamento docente.Essa prática tem sido bastante disseminada nas séries inicial do ensino fundamental.
E,além disso,muitos autores endossam esta prática,oferecendo referencias teóricas que a sustentem.
No entanto,esta prática acaba se restringindo á Língua Portuguesa, sobretudo nas classes de alfabetização.O professor se restringe á prática de sondagens,como o objetivo de diagnosticar as hipóteses de escrita, e acabam não realizando este procedimento em outras áreas do conhecimento.
Esta questão tem dois fatores essenciais a serem analisados.O primeiro é a insegurança que o professor tem de que seus alunos não atinjam as habilidades de leitura e escrita, ou seja, se alfabetizam. O outro fator é a falta de subsídios que o professor tem,em sua formação, no curso de Pedagogia.
Se por um lado, temos as pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, que revolucionaram a alfabetização com a psicogênese da Língua Escrita, por outro ainda se está construindo uma forma de compreender com o aluno aprende matemática e desenvolve seu raciocínio.
O autor que nos propõe um novo olhar sobre o ensino de matemática é Vernaud, defendo a idéia de que, não só é preciso se diagnosticar o que o educando já sabe, como acolher as diferentes estratégias por ele adotado.
Por fim, ao pensarmos em Projetos de Trabalho, é importante que o professor faça um levantamento prévio daquilo que seus alunos sabem sobre o tema, para que tenha parâmetros de como estruturar sua ação pedagógica e definir as etapas do Projeto.
Mais importante do que se preocupar com o conteúdo a ser dado, é o fato de que o professor faça a avaliação diagnóstica inicial e, assim, estabeleça os objetivos conceituais, procedimentais e atitudinais a serem alcançados.
Se o professor de primeira série pensar que precisa comoeçar por apresentar os numerais de 0 a 9, certamente se surpreenderá ao descobrir que alguns alunos já conhecem numerais até 100, 500, etc.
E é muito desestimulante que este aluno que sabe, fique exaustivamente fazendo aquilo que já conhece e domina.
Portanto, caros colegas, procurem conhecer o que seus alunos já sabem e, sem dúvida, este simples procedimento qualificará muito seu trabalho.

QUEM É MEU ALUNO?

QUEM É MEU ALUNO?
BAIXO DESEMPENHO

Os alunos deste nível encontram‐se abaixo do ponto 450, ou seja, da faixa 400‐450 da escala de proficiência. As competências C1. Identificação de letras do alfabeto e C3. Aquisição de consciência fonológica começaram a ser adquiridas e estão em desenvolvimento neste nível. Em relação a C1, na habilidade de distinguir palavras escritas com diferentes tipos de letras, por exemplo, as crianças estão começando a conseguir estabelecer correspondência entre uma mesma palavra escrita com letra de forma e escrita com letra cursiva. Já no que diz respeito a C3, destacam‐se as habilidades de identificar sílaba inicial e final. Em relação à leitura propriamente, os alunos apresentaram a habilidade de ler palavras, a qual faz parte da competência C5, Leitura de palavras e pequenos textos. A habilidade de ler pequenos textos é bastante inicial, com a localização de informações explícitas, por exemplo, em um curto fragmento de narrativa. Vale notar um dado interessante no baixo desempenho ainda no que se refere à leitura. Apesar da limitação nas habilidades de leitura, há ocorrências de uma habilidade da competência C7, Interpretação de informações implícitas em textos, que é mais complexa: é a habilidade de inferir informações em textos, especificamente em textos não verbais, sobretudo em tirinhas. Outra habilidade que é muito inicial é a de identificar o local de inserção de uma letra na ordem alfabética, a qual se relaciona à competência C10, Implicações do gênero e do suporte na compreensão de textos.

DESEMPENHO INTERMEDIÁRIO

No nível intermediário, os alunos se encontram exatamente na faixa 450‐500 da escala de proficiência. Neste nível, a competência C1, Identificação de letras do alfabeto, é consolidada, de modo que os alunos conhecem todas as letras e tipos de letras (cursiva, de forma, maiúscula, minúscula...). A competência C2, Uso adequado da página, apenas começa a se configurar. Em relação a essa competência, neste nível, encontra‐se a habilidade de reconhecer as direções da escrita (da esquerda para a direita e de cima para baixo). Contudo, habilidades relativas ao uso correto da página no que se refere ao respeito às suas margens e à correta utilização das linhas ainda não ocorrem neste nível. A competência C3, Aquisição de consciência fonológica, merece destaque, uma vez que os alunos ampliaram a habilidade de identificar o número de sílabas que compõe uma palavra, conseguindo, por exemplo, reconhecer monossílabos como palavras compostas por apenas uma sílaba. Em relação a essa competência ainda, o reconhecimento de sílabas canônicas (CV – consoante‐vogal) no meio de palavra trissílaba começa a se configurar neste nível. Ressalta‐se que as duas habilidades citadas são mais complexas no processo de aquisição da consciência fonológica. A competência C4, Reconhecimento da palavra como unidade gráfica, é também consolidada neste nível, de forma que os alunos apresentam, por exemplo, a habilidade de contar quantas palavras tem um texto e a capacidade de identificar uma palavra específica em um texto. Ressalta‐se que C4 é uma competência que pode ser desenvolvida muito antes de os alunos estarem alfabetizados, de saberem ler e escrever efetivamente. Assim, recomenda‐se o trabalho mais precoce com esta competência no processo de alfabetização. É preciso destacar que, neste nível, os alunos ampliaram suas possibilidades de leitura no que se refere à competência C5, Leitura de palavras e pequenos textos. Eles já lêem frases, começando a interagir com estruturas sintáticas mais complexas. Quanto ao texto, iniciam‐se as habilidades de leitura de textos curtos (especialmente de textos narrativos) de gêneros familiares, como, por exemplo, fragmentos de contos de fadas ou de contos modernos e de notícias. Há de se ressaltar também neste nível, que a competência C7, Interpretação de informações implícitas em textos, é ampliada, de forma que os alunos inferem informações não somente em textos não verbais, como também começam a inferir informações em textos verbais e mesmo começam a conseguir inferir o sentido de uma palavra ou expressão em um texto. É importante destacar um ponto frágil dos alunos deste nível: habilidades das competências C8. Coerência e coesão no processamento de textos e C9. Avaliação do leitor em relação aos textos têm baixa ocorrência neste nível. Em relação à C8, ocorrem as habilidades, de recuperar o antecedente de um elemento anafórico (um pronome) e de identificar, em um dado texto, a fala/discurso direto de um personagem. Já no que se refere à C9, a habilidade de distinguir fato de opinião é apenas iniciada. Quanto à competência C10, Implicações do gênero e do suporte na compreensão de textos, os alunos começam a desenvolver as habilidades de identificar
gêneros, no caso uma piada, e a de identificar a finalidade de gêneros como bilhete e uma campanha de utilidade pública. Toda a caracterização realizada para o nível intermediário nos permite afirmar que aqui os alunos apresentam habilidades de alfabetização. É necessário, no entanto, destacar que essas habilidades precisam ser ampliadas para que ocorra a consolidação efetiva do processo de alfabetização.

DESEMPENHO RECOMENDÁVEL

Os alunos do nível recomendável situam‐se a partir do ponto 500, ou seja, da faixa 500‐550 da escala de proficiência. Neste nível, os alunos consolidaram a competência C3, Aquisição de consciência fonológica, de forma que já demonstram domínio de habilidades mais complexas como a de identificar sílaba inicial formada somente por vogal (sílaba V) e a de identificar a sílaba medial de uma palavra trissílaba. As competências C6, Localização de informações explícitas em textos e C7, Interpretação de informações implícitas em textos, também se consolidam neste nível. Como relação a C6, os alunos conseguem localizar informações em frases e textos de gêneros diversos, até mesmo de textos que apresentam informação numérica como tabela, gráfico e infográfico. Também identificam, com maior desenvoltura, elementos da narrativa como tempo, espaço, personagens e suas ações em contos de fadas, contos modernos, lendas e história em quadrinhos, por exemplo. Contudo, têm ainda certa dificuldade de reconhecer o conflito gerador de um texto narrativo. Quanto à C7, os alunos deste nível são capazes de inferir informações e o sentido de palavras e expressões em textos de diferentes gêneros como propaganda, piada, tirinha, e campanha de utilidade pública. Demonstram domínio da habilidade de identificar assunto de frases e textos de gêneros diversos como verbete, reportagem, propaganda e bula. No entanto, a habilidade de formular hipóteses sobre o conteúdo de um texto, seja a partir do seu título ou de seu início, é pouco frequente ainda neste nível. É importante ressaltar que, apesar de as competências C8, Coerência e coesão no processamento de textos, C9, Avaliação do leitor em relação aos textos, e C10, Implicações do gênero e do suporte na compreensão de textos, terem sido consideravelmente ampliadas neste nível de modo geral, ainda não se consolidam plenamente aqui. Com relação à C8, a habilidade de recuperar o antecedente ou o referente de um determinado elemento anafórico (especialmente as que se fazem como pronomes) tem recorrência relevante neste nível. É também presente a habilidade de identificar marcas linguísticas que evidenciam o enunciador no discurso direto, contudo, as que evidenciam no discurso indireto têm baixa ocorrência. São também pouco expressivas as habilidade de estabelecer relações lógico‐discursivas (com destaque somente para as relações de tempo) e de identificar efeito de sentido decorrente de recursos gráficos, seleção lexical e repetição. Nesta última habilidade, há poucas ocorrências de identificação de sentido de sinais de pontuação, em que se destaca o ponto de exclamação, e apenas uma ocorrência de identificação de efeito de humor em uma piada. A identificação de efeito de ironia não apresenta nenhuma ocorrência. Quanto à C9, tem frequência relevante a habilidade de distinguir fato de opinião, em especial, na identificação de opinião. A habilidade de identificar tese e argumentos é menos expressiva, sendo que a identificação de tese se destaca. Já a habilidade de avaliar a adequação da linguagem usada à situação apresenta uma única ocorrência em que o aluno deveria identificar marcas de oralidade em um texto escrito. Na competência C10, a habilidade de identificar gêneros textuais diversos é ainda pouco frequente. Tem maior recorrência a habilidade de identificar finalidade de gêneros diversos como história em quadrinhos, lenda, cardápio, curiosidade, manual de instruções e artigo, o que se mostrou como sendo o mais difícil para os alunos. A habilidade de reconhecer os usos sociais da ordem alfabética tem maior recorrência neste nível, contudo, a identificação de suportes que são organizados pela ordem alfabética, se limita ao reconhecimento do dicionário e não de outros suportes como enciclopédia ou lista telefônica. Também, a identificação do local correto de inserção de uma palavra no dicionário se faz apenas a partir da observação da primeira letra. Pela caracterização realizada, observa‐se que as crianças deste nível atendem à meta estabelecida para o 3º ano de escolaridade: “Toda criança lendo e escrevendo aos oito anos de idade”. Há que se atentar, no entanto, para o fato de que as habilidades de leitura de textos precisam ser ampliadas a fim de que as capacidades de leitura esperadas para o final dos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental.

TUDO SOBRE A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
RIMAS

Pesquisas demonstram que a sensibilidade às rimas é um excelente indicador de um nível inicial, básico, de consciência fonológica (Lundberg, Olofsson e Wall, 1980; Muter, 1994).

FONEMAS INICIAIS E FINAIS

As atividades apresentam às crianças a natureza e a existência dos fonemas. As crianças devem ser estimuladas repetidamente a explorar, comparar e contrastar o ponto e o modo de articulação. Muitas vezes é preciso perguntar a elas: O que você está fazendo com os seus lábios, sua língua, sua boca e sua voz ao produzir o som de (m), (b), etc. Os fonemas iniciais são mais fáceis, por isso os fonemas mediais e finais devem ser introduzidas posteriormente. CONSCIÊNCIA FONÊMICA.

Compreender como funciona o princípio alfabético depende de se entender que todas as palavras são compostas por seqüências de fonemas. Os fonemas são mais difíceis para as crianças perceberem ou conceituarem que as palavras ou silabas. Eles são as menores unidades da língua, o que pode ser uma das razões para que sejam difíceis de perceber. Assim, os fones são melhor distinguidos pela forma como os fones são articulados do que pela forma como soam. Por essa razão, deve-se estimular as crianças a sentir a forma como sua boca e a posição de sua língua mudam em cada som. É fundamental dar às crianças representações concretas e tangíveis para diferenciar os fonemas.

Os primeiros jogos usam palavras com apenas dois fonemas, possibilitando que as crianças façam experiências com eles, tanto isoladamente quanto combinados em contextos fonológicos mínimos. No segundo conjunto de atividades, um novo fonema é acrescentado.

Após, sua atenção passa a ser direcionada à estrutura dos encontros consonantais. Esses jogos visam a desenvolver um nível de consciência fonêmica que traz benefícios bem documentados e significativos a pequenos leitores e escritores. Contudo, esteja ciente de que os desafios da consciência fonêmica são bastante difíceis para algumas crianças.

ATIVIDADES DE ENSINO

ATIVIDADES DE ENSINO
PROGRAMA SALAS DE APOIO À APRENDIZAGEM
ATIVIDADES DE ORTOGRAFIA

ATIVIDADE 1
A casa
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Numero Zero
Vinicius de Moraes


O professor, após selecionar no poema “a casa” as palavras casa e zero, ira trabalhar o fonema /z/, através da percepção do aluno que as duas palavras são escritas com letras distintas (s e z), porem tem o mesmo fonema. Após essa reflexão propor a montagem de um painel com duas colunas que tenham palavras recortadas de jornais e revistas com a mesma grafia e fonema.


ATIVIDADE 2

A CIGARRA E A FORMIGA
Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada,perguntou:
- Ei, formiguinha, para que todo esse trabalho? O verão é para se aproveitar! O verão é para se divertir!
- Não, não, não! Nós, formigas, não temos tempo para diversão. É preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno.
Durante o verão, a cigarra continuou se divertindo e passeando por todo o bosque e quando tinha fome, era só pegar uma folha e comer.
Um belo dia passou de novo perto da formiguinha carregando outra pesada folha.
A cigarra então aconselhou:
- Deixa esse trabalho para as outras! Vamos nos divertir. Vamos, formiguinha, vamos cantar! Vamos dançar!
A formiguinha gostou da sugestão. Ela resolveu ver a vida que a cigarra levava e 2 ficou encantada. Resolveu viver também como sua amiga.
Mas, no dia seguinte, apareceu a rainha do formigueiro e, ao vê-la se divertindo, olhou feio para ela e ordenou que voltasse ao trabalho. Tinha terminado a vidinha boa.
A rainha das formigas falou então para a cigarra:
- Se não mudar de vida, no inverno você há de se arrepender, cigarra! Vai passar fome e frio.
A cigarra nem ligou, fez uma reverência para rainha e comentou:
- Hum!! O inverno ainda está longe, querida!
Para a cigarra, o que importava era aproveitar a vida, e aproveitar o hoje, sem pensar no amanhã. Para que construir um abrigo? Para que armazenar alimento? Pura perda de tempo!
Certo dia o inverno chegou, e a cigarra começou a tiritar de frio. Sentia seu corpo gelado e não tinha o que comer. Desesperada, foi bater na casa da formiga.
Abrindo a porta, a formiga viu na sua frente a cigarra quase morta de frio.
Puxou-a para dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa bem quente e deliciosa.
Naquela hora, apareceu a rainha das formigas que disse à cigarra:
- No mundo das formigas, todos trabalham e se você quiser ficar conosco, cumpra o seu dever: toque e cante para nós.
Para a cigarra e para as formigas, aquele foi o inverno mais feliz das suas vidas.
(Fonte: http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=9. Acesso em maio/2009)

1. Observe que as falas da formiga geralmente vêm acompanhas de ponto de exclamação. O que isso significa?
2. Releia o penúltimo parágrafo do texto. Qual a função dos dois pontos nesse trecho?
3. Observe as palavras a seguir, retiradas do texto: vez, que, e, sem, não. Essas palavras possuem uma única sílaba. Copie outras palavras do texto que possuam apenas uma sílaba.
4. Observe como ocorre a separação silábica das palavras a seguir:

ESBARRANDO: ES-BAR-RAN-DO
CARREGAVA: CAR-RE-GA-VA
Quando temos RR, na separação silábica essas letras separam-se. Agora, separe
em sílabas as palavras a seguir:
CIGARRA:_____________
ARREPENDER:_______________
O mesmo acontece quando temos SS. Observando isso, separe as palavras a
seguir:
ESSE:___________
PASSEANDO:________________

ATIVIDADE 3
ORTOGRAFIA APLICADA: sons do x
1.Leia em voz alta as seguintes palavras: xícaras, exigente, máximo, oxigênio, extrato.
a) O que você notou sobre o som do x?
b) Em qual das palavras acima o x tem som de ch?
c)Em qual delas o x tem som de ss?
d) Qual o som do x na palavra exigente?
e) Em qual das palavras o x tem som de cs?

ATIVIDADE 4
Miados
O seu miado alvoroçado,
Meu gato Marquês
Traz um alto recado
Muito almejado,
Mas danado de se alcançar.
Não sei se é malvado,
Se é falso o seu miado,
às vezes tão alterado,
Meu gato Marquês.
Só sei que meu alvoroçado
É penetrar em sua alma,
Ó meu felino cor de algodão,
Sempre dormindo
Nas almofadas de feltro
Lá no alçapão.
Será um miado de amor?
Será de alegria ou dor?
Será de saudade da amada?
Será só maldade danada?
Tenho medo, muito medo
Do segredo guardado
No seu miado alternado
Que parece até bem calculado.
Porém seu miado
Algo de bom m faz,
Quando, às voltas e reviravoltas
Na relva acolchoada de verde
Você se volta,
Então só calma me traz.


Depois de ler um texto adaptado de Elias José, procure no caça-palavras os vocábulos com as sílabas AL – EL- IL-OL-UL.
A A L V O R O Ç A D O C C N
A A L T O P P V O L T A S M
X T P A L M E J A D O L O Q
A A L C A N Ç A D O A C L S
M A L V A D O L D D A U T C
F A L S O T T Ç P S L L A A
A A L T E R A D O X Ç A X L
A T D L M Q Q P L V A D X G
A A L M A T P Ã S A P O X O
A T D S U V X O T L Ã B T D
A L M O F A D A A V O N P Ã
F E L T R O D L N O O Q R O

ATIVIDADE 5
Jogo: Morto Vivo (troca de letras)
Material: Tiras pequenas com palavras.
Preparação: Crianças dispostas em fileira. Cada criança recebe uma palavra referente a alguma questão de ortografia (f/v, p/b, m/n, t/d). Neste exemplo usaremos as palavras vaca e faca.
Como se joga: Cada criança lê a sua palavra mas não conta para o colega. A professora dará a seguinte voz de comando: Quem tem a palavra que se encaixa na frase ficará em pé (vivo).
“ A .................. da fazenda da minha vó deu cria.”
As crianças mostram as palavras que tem. Quem ficou em pé com a palavra “faca” sai do jogo e quem abaixou com a palavra “vaca” também.
O jogo segue com novas frases e palavras até que sobre um só jogador.
Obs1.: A cada nova frase a voz de comando poderá ser mudada, passando a abaixar-se (morto) a pessoa que está com a palavra adequada.
Obs2.: Esse jogo tem por finalidade trabalhar questões ortográficas referente às trocas entre consoantes surdas e sonoras. (f/v, t/d, p/b, m/n).
Após a brincadeira poderão ser feitos alguns questionamentos como:
1. Por que nos confundimos?
2. Quais são as letras que têm sons parecidos?
Falar sobre as vibrações ou não das cordas vocais.


ATIVIDADE 6
RESPONDA AS PERGUNTAS:
1- Uso para me enxugar (6 letras)
2- Se ganha em campeonatos esportivos (7 letras)
3- Reflete nossa imagem (7 letras)
4- Nos dá o mel (6 letras)
5- Usamos para costurar (6 letras)
6- Cobre a casa (7 letras)
7- Assusta os pássaros na horta (10 letras)
8- Faz parte da árvore (5 letras)
9- Se faz com água e sabão (5 letras)
10-Onde coloco a joelheira (6 letras)

ATIVIDADE 7
Leia com atenção o texto a seguir:
IRACEMA MEDROSA
-Iracema é uma medrosa!...
-Iracema é uma medrosa!...
-Iracema é uma medrosa!...
A gente ficava em bando, voando à sua volta e gritando sempre:
- Iracema é uma medrosa!...
Seus olhinhos castanhos se enchiam d'água.
- Não façam assim _ murmurava.
A gente pousava na rama e comentava:
- Ora, Iracema, o que é que tem? Vamos até lá. A gente fica pendurado nos fios
elétricos e é uma delícia. Balança-se que não se acaba mais. Pra lá... pra cá...
- Não. Não. Eu não vou. Tenho medo. Vocês nunca deviam ir. Nunca deviam sair da
floresta.
- Bobagens! Que é que tem?
-Tem sim. E se vocês encontram um alçapão?_ indagava Iracema nervosa._E se tem
uma gaiola?
- Gaiola?_ perguntei espantado. _Que é isso? Mamãe nunca falou pra gente sobre
gaiola.
- É porque vocês são crianças.
- Então, Iracema, fale. Conte para a gente o que é gaiola.
Iracema arrepiou-se e sua vozinha saiu trêmula.
- Gaiola é uma coisa horrível. Uma coisa muito feia. Uma floresta de árvores fininhas,
amarradas por um cipó chamado arame. Tem uma porta. Botam a gente lá dentro, e
pronto. Nunca mais se sai de lá.
- Ah! Isso não existe. Você está imaginando coisas. Vamos balançar nos fios.
Ela torceu nervosamente as pontas das asas.
- Vocês me desculpem, mas eu não vou.
Dizendo isso, levantou voo e fugiu para o coração da mata que nesse momento era
quente e acolhedor. A gente ficou caçoando dela aos berros.
- Iracema é uma medrosa!... _Iracema é uma medrosa!...
Como ficou longe aquele vozerio:
- Iracema é uma medrosa.
Agora meus olhos se enchem d'água e eu vejo a gaiola em volta do meu corpo moço.
Iracema tinha razão: A gaiola é uma coisa horrível! Já não tenho vontade de me mover.
Nem sei mesmo se me acostumei em dar pulos de um poleiro para outro. Tudo tão triste.
Triste. Triste.
- Rapaz, que tristeza é essa?_ perguntava da outra gaiola, seu Pedro, um velho tiêsangue.
- Isso passa. No começo é sempre assim. Daqui a pouco você começará a
cantar e cantando a vida fica bonita até dentro de uma gaiola.
- Não. Eu nunca cantarei. Eu nunca cantarei.
E me lembrava de Iracema que jamais passaria por tudo que eu já passara. Iracema
teria ninhadas e ninhadas de filhotes e continuaria com medo, mas vivendo livre dentro da
mata.  José Mauro de Vasconcelos

Sugestões de atividades para trabalho com a ortografia:
*Após a leitura e interpretação oral e escrita do texto foram desenvolvidas algumas atividades de ortografia para trabalhar o uso da letra C e Ç tendo em vista que muitos alunos usam a cedilha em palavras como ”VOÇÊ, AÇIDENTE, NASÇER.
* Reler trechos do texto nos quais aparecem palavras com a letra C e analisar coletivamente Ao escrever certas palavras, as vezes temos dúvidas quanto ao uso adequado de determinadas letras, isso ocorre porque na língua portuguesa há diferenças entre a fala ( sons ) e a escrita (representação gráfica dos sons).
Conheça uma letra de música do cantor e compositor Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha. Leia e complete os espaços com c, ss, s ou sç.

Sementes do amanhã
Ontem, o menino
Que brincava me falou
Que hoje é __emente do amanhã
Para não ter medo
Que este tempo vai pa__ar
Não se desespere, não
Nem pare de __onhar
Nunca se entregue
Na__a __empre com as manhãs
Deixe a luz do __ol brilhar
No __éu do __eu olhar
Fé na vida,
Fé no homem,
Fé no que virá
Nós podemos tudo
Nós podemos mais
Vamos lá fazer o que __erá!os sons apresentados por ela como em “castanhos, Iracema e crianças”.

* Localizar no texto as palavras que tem o C com som de /s/.
*Questionar quando usamos a cedilha e perceber que ela é colocada sob a letra C antes de A, O, U, para indicar quando tem o som do fonema /s/.
* Junto com os alunos escrever palavras que eles conheçam que possuem as seguintes sílabas. Quando houver dúvidas consultar um dicionário. As palavras podem ser pesquisadas em jornais, livros e revistas.
CA CU CO CE CI ÇA ÇU ÇO
9
* Ditado de palavras apresentadas no texto como:
Façam, delícia, vocês, crianças, alçapão, cipó, balançar, torceu, coração, caçoando,moço, começo, começará, Iracema .
* Depois do ditado os alunos procuram as palavras no texto e sublinham-nas para fazerem a correção. Em seguida, fazem o ditado para o professor escrever as palavras no quadro e para que eles possam conferir a sua escrita. Caso preferir, o professor poderá fazer a conferência dos acertos pedindo que o aluno atribua um ponto a cada palavra que ele acertou. No final do ditado o próprio aluno conta quantos pontos fez, não com o objetivo de competir com um colega, mas com o de ele mesmo avaliar sua escrita, observando-a e analisando os avanços a cada ditado.
Obs. Para atribuir pontuação à palavra, o aluno deve ler com atenção o que escreveu; a falta disso, muitas vezes, justifica muitas dificuldades apresentadas na escrita.
Obs.: O professor, se preferir, poderá fazer o ditado da frase onde está a palavra que pretende analisar com os alunos.

ATIVIDADE 8
Leia o texto a seguir e responda as questões:
A chácara do Chico Bolacha
Na chácara do Chico Bolacha
o que se procura
nunca se acha.
Quando chove muito
O Chico brinca de barco,
porque a chácara vira charco.
Quando não chove nada,
Chico trabalha com a enxada
e logo se machuca
e fica de mão inchada.
Por isso, com o Chico Bolacha,
o que se procura
nunca se acha.
Dizem que a chácara do Chico
só tem mesmo chuchu
e um cachorrinho coxo
que se chama Caxambú.
Outras coisas, ninguém procura,
porque não acha.
Coitado do Chico Bolacha. (Cecília Meireles. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.)

1) No texto existem várias palavras escritas com X e CH. Observe que apesar de serem letras diferentes, na hora da leitura, elas possuem o mesmo som. Sendo assim, escolha no texto três palavras nas quais acontece essa mesma situação e compete o quadro abaixo.
X CH
2) A letra maiúscula é utilizada para expressar nomes próprios ou no inicio de frases.
Retire do texto 3 situações em que a letra maiúscula foi empregada e explique porque ela foi utilizada.
1-___________________________________________________________________
2-___________________________________________________________________
3-___________________________________________________________________

3) Leia as palavras retiradas do texto:
BARCO
CACHORRINHO
TRABALHA
POR

Agora escreva outras palavras grafadas com a letra R, separando-as conforme o que se pede no quadro abaixo.
R no final da sílaba RR R acompanhado de uma consoante R no final da palavra
4) Releia as palavras retiradas do texto: quando, enxada, inchada e nunca. Observe que todas as palavras são grafadas com N no final da sílaba. Vamos realizar o Jogo do Stop utilizando casos semelhantes.
FRUTA CARRO CIDADE PESSOA BRINQUEDO ROUPA
5) CAXAMBU é o nome do cachorrinho do Chico Bolacha. Diferentemente das palavras do exercício anterior, Caxambu está escrito com M ao invés de N.
Explique porque isso acontece e pesquise em jornais e revistas outras palavras que acontece a mesma situação para que seja montado um mural em sala de aula.

ATIVIDADE 9
Emprego do “S” e do “Z”
1- Leia o seguinte e-mail.

Marcelo,
Eu odeio essa MANIA de você consertar meu Português. Tá bom, eu sei que escrevi que meu sanduíche estava “gostoso” com Z, mas precisava pegar tanto no meu pé?????!!!!!

Dudu.

2- Pegaram no pé do Dudu porque ele escreveu gostoso com z.
a) Por que foi possível trocar a letra “s” pela “z’ nessa palavra?
b) Que outras palavras escritas com s apresentam o mesmo som z ? Escreva cinco em seu caderno.
A letra s entre vogais tem o mesmo som que a letra z.
3- Reescreva as frases a seguir substituindo cada ............ pela palavra indicada nos parênteses, acrescida de oso ou osa, conforme o caso. Faça as adaptações necessárias.

a) Mamãe é muito.............. (carinho).
b) Dudu é um menino muito............... (dengo).
c) Detesto pessoas ............... (mentira).
d) Marcelo é muito ................ (cuidado).
13
Os adjetivos terminados em oso / osa são escritos com s.
4- Ajude o Marcelo a responder à mensagem do Dudu. Copie o e-mail substituindo as palavras dos colchetes de acordo com a regra acima.
Dudu,
Você é um grande amigo, por isso pego no seu pé. Eu sei que você é [gula] e que o sanduíche estava muito [gosto] e [apetite], mas não quero ser [veneno]. É melhor começar a escrever certo.
Do seu [fama] amigo!!!!!!!!!
Marcelo.
5- Copie as palavras a seguir no caderno e acrescente outras duas da mesma família de cada uma delas.
Análise – casa – cruz – azar – aviso – pesquisa – juiz – azedo.
Escrevem-se com s ou com z as palavras derivadas de outras que já possuem a letra sou z, respectivamente, em sua grafia.
6- Copie as palavras a seguir no caderno, completando-as adequadamente com s ou z.
a) lapi......eira – cicatri.....ar – despre.......ível
b) fal........ário - co........inheiro - anali.........ar
7- Pegue um dicionário e certifique-se de que escreveu corretamente as palavras do item anterior. Depois escreva mais duas palavras da mesma família de cada uma delas.
8- Recorte, de jornais e revistas, 15 (quinze) palavras escritas com s ou com z que estejam de acordo com as regras aprendidas nesta aula. Cole-as em seu caderno e dê um título a cada grupo.

ATIVIDADE 10
Encaminhamento Metodológico
Leitura de algumas regras ortográficas relacionadas ao uso do fonema /S/, ampliação dos exemplos, de acordo com cada regra, através de pesquisas em revistas e colagem na folha específica.
Ortografia - Fonema /S/
Qual letra usar na hora de escrever o fonema /S/? O fonema(som) /S/ pode ser representado na escrita por diversas letras ou grafemas.
Após observar as regras gerais, recorte outros exemplos de revistas e cole-as abaixo de cada item:
S - No início das palavras e depois de consoantes.
Ex.: Saboroso, Seresta, penSativo, anSeio.
C - Antes de e ou i.
Ex.: Cidadania, Celeiro, Ciência, aCima, paCífico, paCiente, Cinema.
Ç - Antes do a, o e u (jamais no começo dos vocábulos, palavras).
Ex.: aÇúcar, aÇude, paÇoca, peÇa.
X - Antes do e e i (raramente), ou no final de sílabas.
Ex.: êXito,trouXe, peiXe, proXimidade, teXto, eXplicação, eXperiente.
Z - no final de palavra.
Ex.: paZ, faZ, atriZ, motriZ, feliZ.
O fonema /S/ também pode ser representado graficamente pelos dígrafos:
SS - Entre vogais.
Ex.: paSSado, paSSeio, poSSível, aSSar, paSSada, maSSa.
SC, SÇ - sempre dentro da palavra, jamais em início de vocábulo.
Ex.: naSCimento, creSCer, creSÇa, adoleSCente, piSCina.
XC -Só é usado em palavras iniciadas pela letra e.
Ex.: eXCelente, eXCesso, eXCeto, eXCipiente.
Escolha alguns dos exemplos que recortou e explique por que você acredita que essas
palavras têm essa grafia.

ATIVIDADE 11
A letra x apresenta vários sons, dependendo da palavra onde ela está. Até parece um camaleão.
Veja alguns exemplos:
X = S explicar / texto
X = Z exigiu
X = CH enxada
X = CS fixo
Pesquise, junto com um amigo, cinco palavras escritas com x que apresentam sons diversos:
X = S X = Z X = CH X =CS X = SS
Agora leia as palavras com a ajuda da professora.
Pesquise o significado das palavras que você não conhece ainda.
Escolha, com a ajuda da professora, quatro palavras da tabela para encontrar as palavras cognatas, como foi feito com a palavra experimento:
-Experimento – experimentar, experimental, experimentei, experimentou, experimentamos, experimentados.
Leia com atenção e observe que todas as palavras encontradas da mesma família de experimento são escritas com x. Agora faça você com palavras da tabela.

ATIVIDADE 12
1. Complete as frases com as palavras abaixo:
faxina - churrasco - lixo - caixote - engraxate - chácara
Chumaço - chá – caxumba - chaleira - chuva - encharca
a) No domingo, iremos a um ______________ na ______________ .
b) Preciso fazer uma _____________ no __________________ .
c) Jogue o ______________ de algodão no _______________ .
d) A ______________ ferve água para o _______________ .
e) O ______________ está com o___________________ .
f) A ____________ ________________ as roupas no varal.
2. Pesquise e escreva dez palavras com j e dez com g, em seguida, dê o significado.( Consulte o dicionário)

ATIVIDADE 13
Levar para sala de aula textos diversos (jornais, revistas, catálogos, etc.) para uma leitura de reflexão ortográfica, a fim de promover no aprendiz uma capacidade de olhar para o interior das palavras, tomando sua forma escrita não só como veículo de significado, mas como um objeto de conhecimento em si. A partir das leituras, realizar um ditado musical, um bingo ortográfico e a atividade lúdica: Soletrando. Ditado musical Nesta primeira atividade o professor coloca uma música para os alunos ouvirem fazendo pausas diversas, de modo que os alunos escrevam a última palavra ouvida, posteriormente são estimulados a discutir certas dificuldades ortográficas. Os alunos sabem que o ditado é para sanar as dúvidas e buscar as devidas regras de nossa língua materna, tendo em vista que é uma língua irregular e que precisamos ter atenção no momento da escrita.

Bingo ortográfico
Nesta segunda atividade a intenção é desenvolver no aluno a percepção visual e a escrita correta das palavras.
Os alunos, em grupos, deverão recortar figuras coloridas de objetos variados de revistas como, por exemplo, roupas, sapatos, óculos, frutas, animais, etc. Colar essas figuras em cartolina, formando trinta e seis fichas. Em uma caixa, papeizinhos dobrados com os nomes das figuras.
Distribuir as figuras entre os participantes e sortear os papéis com seus nomes. O aluno que estiver com a figura deve apresentá-la escrevendo a palavra no quadro e o aluno que estiver com a escrita da palavra fará a correção, marca ponto quem não errar a escrita.

Soletrando
O professor faz sorteio da palavra e os alunos, individualmente, devem soletrar. Os alunos que não obtiverem erros ortográficos vencem a competição, sendo premiados com brindes.

ATIVIDADE 14
BRINCANDO COM A LETRA

JUSTIFICATIVA:
Percebendo-se a dificuldade que o aluno tem para escrever , por falta de empolgação, interesse, prática e gosto pela leitura, o professor de Língua Portuguesa tem esgotado muitos meios como forma de despertar o interesse do educando por essas atividades em sua prática pedagógica..
Acredita-se que é possível despertar o interesse no aluno pela escrita através de brincadeiras iguais ao do “Brincado com o P”, postada na Internet. À semelhança desta, pode-se aplicar na ação pedagógica sugerindo além da letra “P”, outras letras tais como:
“F, H entre outras”.
Segundo Paulo Freire “...ninguém é superior a ninguém, muito menos em função dos saberes que cada um possui, pois não existe um saber melhor que o outro e sim saberes diferentes.”


OBJETIVO GERAL:
Estimular a prática da leitura e da escrita.

OBJETIVO ESPECÍFICO
O aluno deverá ser capaz de:
- Pesquisar as palavras de acordo com a letra sugerida.
- Anotar as palavras no caderno conforme a quantidade estipulada.
- Listá-las em colunas de acordo com a classe gramatical: substantivos, adjetivos, verbos etc.
- Conhecer a estrutura textual: dissertação, narração, descrição.
- Produzir um texto de acordo com a sua escolha de estrutura textual.
- Fazer a leitura oral em sala.
- Explorar o significados das palavras
- Lembrar que ‘A escrita é para ser lida”.
- Refazer o texto quanta vezes forem necessárias para aprimorá-lo.
- Usar apenas as conjunções, artigos, advérbio de negação, verbo (ser), preposições na produção do texto.

METODOLOGIA:
Primeiramente o professor lerá o texto BRINCANDO COM O P, para dar incentivo e esclarecimento a cerca da proposta desejada. A partir das palavras encontradas e listadas através da pesquisa, o aluno fará sua produção textual com o tema livre bem
como a estrutura desejada.
O professor deverá aproveitar todos os textos inclusive os pequenos e as histórias de interesse do aluno.


MATERIAL DIDÁTICO:
O aluno deverá ter acesso a vários matérias de pesquisa, livros, revistas jornais, caderno, lápis, borracha, caneta.

AVALIAÇÃO:
O professor avaliará por meio de produção de texto com leitura oral, onde todos os alunos deverão participar da escolha e apreciação dos melhores textos.
As produções escolhidas deverão ser rescritas após correção, fixadas no mural da escola ou encaminhadas ao jornal da cidade.
P. P. P. PARTIDO DA PROMOÇÃO PESSOAL
Pedro Paulo Pimentel Pereira, piauiense, professor, primeiro pesquisador e promotor em Políticas Públicas do Piauí, Pernambuco e Paraíba, profissional partidário do PPP (Partido da Promoção Pessoal), pessoa puramente prestativa, preocupado em promoções públicas, partiu de Petrópolis para Província do Porto - Portugal para participar do Planejamento das Propostas Políticas Pedagógicas do Pontifício Pio XXII, ao perceber o programa das propostas puramente políticas e não pedagógicas, permitiu-lhe parar, pensar nas possibilidades pertinentes à pedagogia. “Projetos de Parceria Pública à Pedagogia” um programa que passe de pessoas para pessoas e que possibilite proposta participativa periodicamente na prática pedagógica..
A palestra do parlamentar de Petrópolis provocou na Pátria Portuguesa, pouca possibilidade nas parcerias do programa, pressupondo-se para os presentes que as Propostas Políticas Pedagógicas passem à pesquisadores, pós-graduados, para posteriormente ao público.
Os profissionais pesquisadores em políticas públicas possam perceber a porção de paraplégicos que precisam participar dos Projetos Políticos Pedagógicos e Programas Paraolímpicos. “As pessoas não podem pagar o preço das perdas públicas por parlamentares não se permitirem participar de perto da pequena parcela que é posta à prova”, diz o Parlamentar Pimentel Pereira.Principalmente a “princesa das piscinas” Patrícia Pastori Pardinho de Paranaguá Paraná, psiquiatra, paraplégica por pandemia, tem o prazer dos primeiros passos na participação do programa do Promotor e Professor Pedro Paulo Pimentel Pereira que prevê para o próximo período, proteção aos paraplégicos e premiações nas participações paraolímpícas.
Portanto, a população precisa parabenizar o Presidente do país, pois o projeto foi primeiramente para o Planalto no papel e está pronto para pratica pedagógica.
Parceria da Petrobrás, PAC- Plataforma P52 (petróleo) e Pré-sal, com publicação no POPULAR. Não é um projeto provisório ou parado, mas um projeto pronto para produzir as principais promoções pessoais, possibilitando proximidade e permanência dessas pessoas em sua pátria, seu país, sem perder o ponto de partida, promoção e proteção pessoal.. Professora Eloiza Helena de Paula Dario

ATIVIDADE 15
BINGO ORTOGRÁFICO do M antes de P e B e do N
Material: cartelas confeccionadas pelos alunos, seguindo as instruções dadas pelas professoras.
Confecção das cartelas com 16 espaços em branco – através da dobradura do sulfite (dobra, marcando bem, sempre ao meio 4 vezes até obter 1 retângulo no tamanho aproximado de 7,5cm x 5cm); desdobra e, com o auxílio da régua, risca as marcas deixadas pela dobradura, totalizando 16 retângulos.
1. Mostrar cada palavra em papel-cartão para que todos as visualizem e as leiam coletivamente.
2. O professor irá fazer a leitura das palavras (sem mostrá-las) aleatoriamente e o aluno deverá registrá-la na cartela no espaço que ele mesmo tenha escolhido. Observar que o aluno não poderá escrever as palavras na sequência a fim de que as cartelas não fiquem iguais.
3. Depois de preenchidos os 16 espaços da cartela, começará o jogo. O professor terá as palavras escritas em cartões pequenos os quais irá embaralhar e iniciar o jogo.
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4. Cada jogada se dará de uma maneira: horizontal, vertical, 4 cantos, em L, em U, em X, cruzada, etc.
5. O aluno só ganhará o brinde surpresa se, além de acertar a colocação das palavras na cartela, que também esteja correta a ortografia.
SONÂMBULO – DENTADURA – ASSOMBRAÇÃO – SEMPRE – DENTRO – TUMBA –DE REPENTE – EMBORA – ENFEITE – EMBAIXO – OMBRO – PENTE – POMBA –EMPADA – TEMPERO – IMPORTANTE

ATIVIDADE 16
Atividades ortográficas
1. Ditado de um trecho de textos já lidos na sala. A seguir os alunos trocam o caderno e fazem a correção, observando o texto original.
2. O professor deve ditar palavras já visualizadas durante as leituras e que possam oferecer dificuldades quanto ao emprego de ss, x , sc, ç e outros. Os alunos digitam e corrigem, com ajuda do professor e de dicionários, observando o texto original.
3. Pesquisa e cópias de palavras nas revistas que possam oferecer dificuldades ortográficas (uso do x, ss, sc , ç).
4. Busca de textos na internet sobre os assuntos estudados. A seguir, fazer a leitura dos mesmos e copiar algumas palavras que apresentam dificuldades ortográficas.
6- Palavra cruzadas.
7- Jogos da internet (caça-palavras).

Sugestões de Atividades para Correção Erros Ortográficos


Os erros podem ser identificados pelo tipo de palavras: regulares e irregulares
Morais (1998) propõe uma distinção entre as palavras regulares e irregulares, considerando as regulares como passíveis de compreensão das regras subjacentes à sua ortografia, enquanto os irregulares seriam aquelas que dependeriam da memorização para a sua escrita correta.
Os erros ortográficos de palavras irregularesdevem ser corrigidos nas séries iniciais do Ensino Fundamental (alfabetização) pela memorização contextualizada (dentro de um texto), nunca decorar listas de palavras; á partir das séries finais, a etimologia das palavras, inserindo o conhecimento de outras línguas das quais se originam já devem ser introduzidas.
Quanto à correção dos erros ortográficos de palavras regulares, é recomendável que o professor faça um mapa dos erros de cada aluno, antes de planejar o ensino da grafia correta, para que a ações pedagógicas alcances os objetivos nos planejamentos, e para esse mapa é importante assinalar como são discriminados os erros, e acompanhar a necessidade e o desenvolvimento de cada aluno e de toda a turma.
O mesmo autor considera a existência de três tipos de relações de regularidade ortográfica:

Regularidades diretas, nas quais cada letra corresponde a apenas um som e vice-versa, independente de sua posição na palavra, o que implica numa regularidade absoluta entre letra e som, como é o caso, no português brasileiro, das letras: p, b, t, d, f, v;
Regularidades contextuais, nas quais é possível antecipar a escrita correta levando-se em consideração a posição que determinada letra ocupa na palavra ou as letras vizinhas. Por exemplo, a nasalização da vogal que vier antes das letras p e b devem ser obtidas pelo uso da letra m, como em pomba e tampa, enquanto a letra n deve ser usada no restante dos casos, como em canto evocando; por fim, as.
Regularidades morfológico-gramaticaissão aquelas em que é necessário recorrer à gramática e, em particular, à morfologia, para obter a grafia correta de uma palavra. Por exemplo, a escolha entre o sufixo eza ou esa vai depender da categoria gramatical e de aspectos morfológicos da palavra em questão: caso seja um adjetivo pátrio, será escrita com a letra s(chinesa, portuguesa), mas, se for um substantivo derivado de adjetivo, a palavra deverá ser escrita com a letra z (realeza, beleza).
REGULARES DIRETOS – ERROS MORFOLÓGICOS
GRAMATICAIS

Aluno P/B T/D F/V S/Z S/C/SS
Andressa
Carlos
Diana X X
Fernando
Jefferson X X X

ERROS REGULARES CONTEXTUAIS

Aluno S/SS R/RR QU L/U M/N NH/LH/CH O/U E/I M/N/NH/ÃO
Cleide X x
Flávio x X
Geovana
Hebert
Matheus X X X X X
Pedro X X X
As sugestões de planejar atividades para a grafia correta após o mapa de cada aluno e no total da turma pode-se iniciar a critério do professor. Melhor que se comece pelos erros comuns á maioria dos alunos levando em conta qual a proposta da escola para série/ano. Ainda assim veja as sugestões de atividades:
Sempre trabalhando com textos: Leitura e Escrita
Contos recontos – escrita/reescrita (textos prontos – impressos / livro didático / literatura infanto/juvenil, parlendas, poemas, músicas, gêneros literários variados como crônicas, piadas…) – trabalhando autocorreção, consulta ao dicionário, correção coletiva (em casos de produções coletivas) correções individuais.
Sugestão de atividade através de um texto impresso (quando o professor quer trabalhar: NH/ÃO/N/M
Leitura – reprodução (Música) – transposição de verso em prosa (trabalhando aspectos textuais: parágrafo, pontuação…).
1º Passo – Texto individual impresso
São Francisco
Vinicius de Morais
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo a água
Do ribeirinho.
Lá vai são Francisco
De pé no chão
Levando nada no seu surrão
Dizendo ao vento
Bom dia, amigo.
Dizendo ao fogo
Saúde irmão.
(Arca de Noé – Rio de Janeiro – José Olímpio)

2- O professor após fazer uma breve história sobre o personagem

Solicita aos alunos que façam leitura silenciosa;
Leitura oral coletiva;
Vocabulário (palavras desconhecidas);
Solicita a definição deste texto – poesia? (texto em versos - poético) -ou prosa (texto narrativo, dissertativo); lembrar as diferenças textuais de cada um;
Interpretação oral (professor faz perguntas e os alunos respondem de acordo com o texto lido).3 – Transcrição para prosa (texto narrativo: conto). Se for a primeira vez que os alunos vão realizar essa transcrição da estrutura do texto, o professor deverá fazer primeiro ou junto com os alunos na lousa, caso contrário cada um fará no seu caderno. Em qualquer situação o texto, agora em forma de conto, será transcrito no caderno.
4- Reconto – o professor solicita aos alunos que façam o reconto (produzir um conto baseado na história que foi lida, usando as palavras que estarão no banco de dados fixado na lousa):
BANCO DE PALAVRAS

*mesmo que o professor considere um trabalho demorado, é um trabalho que deve ser rotineiro em vários conteúdos de língua portuguesa e que dá excelentes resultados.
5- Leitura do reconto (deixar livre para que quiser ler em voz alta para a turma).
Solicitar a autocorreção através do banco de palavras; após a autocorreção solicitar que cada aluno indique quantas e quais palavras erraram (mesmo consultando o Banco de Palavras os alunos transcrevem errado), o professor vai trabalhar cada palavra que está no Banco e explicar as regras de cada “dificuldade” (erros ortográficos):
como exemplo: a nalização com o uso do:
N/M: Francisco, bom, junto, vento, levando, junto…
ÃO – São, chão, surrão, irmão pode, aqui, surgir a dúvida do ÃO ou AM -Subsídio para o professor:
A pronúncia é feita como se houvesse um acento gráfico na penúltima sílaba, que é a sílaba tônica, a mais forte: quando se usam:
AM: cantam, rasgam, lavam
Nas palavras com ÃO - palavras terminadas em "ão", em sua maioria, são oxítonas: (e se assim não o forem, receberão uma acentuação adequada:
órgão, órfão, acórdão, sótão, bênção... porque aí elas são paroxítonas).
NH – são duas letras que representam um mesmo som.
6 - Ilustração -
7 – Cantar (se o professor não conhecer a melodia leve o CD de áudio e surpreenda os alunos com o texto que no final, é uma música, eles vão curtir).
Outras variações –

Ditado das palavras contextualizadas, correção, uso do dicionário, formação de frases com as palavras do ditado.
Produção de texto coletivo – correção coletiva – propor que as crianças expliquem porque cada palavra tem a grafia correta (ensinada pelo professor) deixando que ela com suas palavras criem as regras de acordo com o entendimento que tiveram. Anotem as regras no caderno.
Bingo de imagens (que contenha as palavras que os alunos estão encontrando dificuldades na grafia) –
Palavras Cruzadas, Caça – palavras (sempre com palavras que necessitam da grafia correta e que estejam contextualizadas na leitura, na produção de texto.

Contos de Fadas: o professor lê, os alunos fazem o reconto, correção consultando o livro de histórias – é preciso que o professor tenha no mínimo 4 edições iguais –para pesquisa em grupos (onde eles vão pesquisar a grafia correta), depois – reescrita do texto;

Placas, letreiros, avisos que contem erros ortográficos, na comunidade (pesquisa dos alunos que trarão para a sala de aula e farão a correção ortográfica – esta atividade vai despertar o interesse pelas grafias corretas- leitura).
Leitura, muita leitura;
Estas atividades podem e devem ser usadas desde que as palavras estejam contextualizadas.




Por estas sugestões, o professor pode usar sua criatividade e desenvolver novas atividades de acordo com seu planejamento. No caso de alunos com dificuldades em outros grupos de dificuldades, diferente do grupo que o professor planejou para a maioria da turma, ele deve dispor de atividade diversificada.
Não esquecendo que o mapa inicial é a base, e guardar os textos produzidos são o norte do desenvolvimento e avanço, inclusive avaliação.
Erros de ortografia tem que ser trabalhados pelos grupos, o que não pode acontecer é, no final do ano, reprovar um aluno porque “escreve muito errado”.
Por:
Júlia Virginia de Moura- Pedagoga
Fonte de Pesquisa:
Morais, Artur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. Editora Ática, 1998, 128 p
Gramática Didática da Língua Portuguesa – Hermínio Sargentim –IBEP
Língua Portuguesa – Solução para dez desafios do professor – Rana e Augusto – Edit. Ática
FONTE: http://soatividadesparasaladeaula.blogspot.com.br

Jogos na Psicogênese – Uma Proposta de Interferência em cada Nível–atividades lúdicas

“O desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de um tipo de linguagem escrita para outro. Devem acompanhar esse processo através de seus momentos críticos até o ponto da descoberta de
que se pode desenhar não somente objetos, mas também a fala.” (Vygotsky, 1987, p.134).
Jogos na Psicogênese – Uma Proposta de Interferência em cada Nível- em formação continuada aos professores da CREP- Planaltina-DF, bastante concorrida na procura de diversificação das práticas pedagógicas, foi realizada pela pela Especialista em Educação e Psicopedagogia Márcia Aparecida Vieira-SEE/DF .
Durante a Oficina, a Professora Márcia Aparecida, fez uma demonstração dos diversos jogos que podem ser usados nos níveis da psicogênese, com objetivos definidos não só do avanço nas hipóteses, como oportunizar, através do lúdico, vários momentos ao aluno de repensar sua escrita. Os jogos , de acordo com a professora e psicopedagoga, são ferramentas pedagógicas que mais possibilidades oferecem aos alunos em construir o conhecimento, principalmente na aquisição da escrita e da leitura, pois são significativos, divertidos, levando-se em conta que vários aspectos do desenvolvimento da psicomotricidade e do comportamento social são alcançados: atenção, concentração, coordenação motora, lateralidade, estrutura espacial assim como regras, limites, e valores.

Nível Pré-Silábico

Neste nível da Psicogênese um dos jogos mais importantes,
(ou qualquer outro similar) é trabalhar com os sons da letras. Sons Iniciais e Sons Finais. Através destes jogos ou de atividades em que se usa miniaturas, imagens… o aluno vai construir o conhecimento de que na escrita há uma relação entre letra e som, entre grafema e fonema. È importante a percepção fonológica na escrita, pois a aquisição deste conhecimento vai ser transposto na construção de novas palavras, e no avanço para outros níveis. Foi lembrado que nem todos os jogos devem ser comprados prontos, mas podem ser confeccionados pelo professor.

Nível Silábico

A sonoridade das letras é um jogo que pode seguir os níveis pré-silábico, silábico e silábico/alfabético. O professor ao trabalhar neste níveis, de acordo com a professora Márcia, deve da muita ênfase na pronúncia das palavras, aproximando muito do “fônico”, trabalhando muito a postura do corpo, também. O jogo encaixe letras/figuras vai de forma lúdica levar o concreto para o abstrato, em que o aluno vai relacionar som/imagem, o que neste nível da psicogênese é importante para que o aluno avance na construção das hipóteses.

No nível silábico/alfabético, recomenda-se os Jogos “Batalha de Palavras” e “Letra Letra”.Neste nível, os alunos necessitam perceber que as palavras tem um determinado número de letras. Da mesma forma que que ele, nesta hipótese já avançou na construção do conhecimento da sonoridade, dos sons iniciais, sons finais, a descoberta de quantas letras ele vai usar na palavra que quer registrar, é fundamental para que possa passar ao nível alfabético, sem disparidades.
Nível Alfabético .

Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba e também domina as convenções ortográficas.
Quando o aluno vem avançando nas hipóteses, através de jogos, de atividades escritas como produção de textos ( com rimas, parlendas, quadrinhas e etc.) reconto coletivo, autocorreção e correção coletiva, no nível alfabético ele vai brincar com mais autonomia com letras e palavras. E a sugestão de jogos para este nível: Troca Letras ( quando vai construir, destruir e reconstruir novas palavras através de novas descobertas);
É o momento em que vai surgir a aglutinação de palavras, por exemplo: ogatocomeuorato. E uma atividade excelente para que o aluno desenvolva a escrita correta, além dos ditados de frases, ou palavras e muita leitura(textos de pequena ), uma sugestão excelente de atividade , é atividade escrita o impresso e ilustrado), em que todo o texto vem com as palavras aglutinação, o professor faz a leitura, depois lê com os alunos e depois da descoberta de que as palavras estão grudadas, ( O professor faz as duas leituras: pausada e aglutinada), os alunos vão separar as palavras como no modelo:

Desenvolvendo a leitura e a escrita, produções, recontos, através de pequenos textos ilustrados(imagens, fotos, gravuras que sejam significativas de acordo com a vivência ou do imaginário, e o conhecimento prévio dos alunos.


Finalizando, a professora Márcia, falou da importância do lúdico na aprendizagem, e que os resultados de sucesso da alfabetização tem na ludicidade uma ferramenta , que a princípio pode parecer que demanda muito trabalh0 por parte do professor, mas que se ele desde o início, adota esta prática com sua turma as dificuldades em coordenar as atividades vão fazendo parte, naturalmente, da rotina da sala de aula.
Esta foi uma das oficinas que participei e que com certeza trouxe uma prática diversificada não só para a alfabetização em si, mas especificamente na avaliação não só dos alunos, mas na própria avaliação do trabalho do professor, quando pode-se questionar se suas ações pedagógicas estão avançando ou não e como fazê-las avançar, além da base que os níveis da psicogênese dá ao planejamento ao professor.
Por: Júlia Virginia de Moura – Pedagoga
FONTE:http://soatividadesparasaladeaula.blogspot.com.br

CEALE

CADERNO CEALE
Para que não tem acesso ao material elaborado pelo CEALE  para o MEC e para a Secretaria de Educação de Minas Gerais acompanhe a seguir um pequeno resumo sobre cada um dos cinco eixos. Os mesmos foram apresentados com suas respectivas capacidades em Alfabetização e Letramento Com os Cinco Eixos.

É de extrema importância saber o que cada um quer dizer para que fique claro o trabalho do professor alfabetizador. Após essa compreensão o trabalho alcançará dimensões de aprendizado que vai surpreender até o professor mais experiente. Nada é novidade!

1. COMPREENSÃO E VALORIZAÇÃO DA CULTURA ESCRITA

Sabemos que ainda há muitas crianças que chegam à escola sem ter tido a oportunidade de conviver e de se familiarizar com os meios sociais de circulação da escrita. Por isso é tão importante que o professor trabalhe com os alunos seus usos, para que serve e suas aplicações práticas.

Ao trabalhar as capacidades propostas neste eixo, o professor estará introduzindo seus alunos no mundo letrado. Trata-se do processo de letramento que não deve ser trabalhado separado do trabalho específico da alfabetização, isso significa promover simultaneamente a alfabetização e o letramento.

“Na nossa civilização, todo cidadão, qualquer que seja seu grau de escolaridade ou sua posição social, está, de algum modo, inserido numa cultura letrada: tem documentos escritos e realiza, bem ou mal, práticas que dependem da escrita (ex.: tomar ônibus, pagar contas, etc.).” (Pró-Letramento: alfabetização e linguagem, fascículo 1, pág. 18,19).


2. APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA

São conhecimentos que os alunos precisam adquirir para compreender as regras que orientam a leitura e a escrita no sistema alfabético bem como a ortografia da língua portuguesa.

Este eixo aborda capacidades que devem ser trabalhadas com os alunos em sala de aula de forma sistemática. Aqui há várias capacidades que já devem ser introduzidas, trabalhadas e consolidadas logo no primeiro ano do processo de alfabetização.

Como as capacidades iniciais deste eixo referem-se a conhecimentos básicos é importante que o professor perceba que esses não são conhecimentos óbvios para o aluno que está no início do processo.

É durante o trabalho das capacidades desse eixo que os alunos vão compreender alguns conhecimentos básicos como:
* Diferenças entre a escrita e outras formas gráficas;
* Orientação e o alinhamento da escrita da língua portuguesa (da esquerda para a direita, de cima para baixo);
* Função de segmentação dos espaços em branco e da pontuação de final de frase entre outros que podem ser conferidos no quadro que apresenta este eixo; entre outros.

3. LEITURA

O aluno não precisa saber ler e escrever para que o professor inicie o trabalho com a leitura. A leitura é um dos conteúdos do currículo que deve ser trabalhado em todos os anos de escolaridade.

Para atender a essa capacidade pode-se iniciar o trabalho com textos que fazem parte da tradição oral como parlendas, cantigas, músicas, poemas, entre outros.
É importante que a criança perceba a leitura como um ato prazeroso e necessário. Além de possuir objetivos diferentes como ler por prazer, para estudar, para informar, para revisar o que escrevemos, para seguir instruções, etc.

Ao longo do trabalho com essa capacidade os alunos vão alcançando níveis gradativos, que vão desde a decodificação de palavras e textos escritos até a leitura com fluência e compreensão, que é a meta principal no ensino da leitura.


4. PRODUÇÃO ESCRITA

Serão tratadas neste eixo as capacidades necessárias ao domínio da escrita, considerando desde as primeiras formas de registro alfabético e ortográfico até a produção autônoma de textos.

A escrita, tanto na escola como fora dela, deve servir a algum objetivo, ter alguma função e dirigir-se a algum leitor. Muitas crianças chegam à escola sem saber escrever, além de não saberem por que e para que se escreve.


Como a maioria dos textos que escrevemos são grafados em língua culta, os alunos devem ter clareza que a escrita é diferente da fala, ou seja, não se escreve da mesma maneira que se fala.

Neste processo estão inclusas capacidades que começam a ser adquiridas no processo de alfabetização proporcionando ao aluno alcançar a condição letrada, permitindo-lhe uma ativa participação nas práticas sociais próprias da cultura escrita.


5. DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE

Todo conteúdo, ao ser introduzido, passa necessariamente pela oralidade através de atividades orais (fala e escuta), tanto do aluno como do professor.

É importante o professor perceber a importância de propiciar ao aluno, principalmente àqueles oriundos de um meio social menos favorecido, o acesso a uma língua de prestígio, não deixando, no entanto de respeitar a língua adquirida no seu meio social e familiar.

Cabe à escola contribuir para que a criança aprenda a interagir oralmente de acordo com as regras de convivência dos diversos espaços sociais, já que em muitos casos isso só será oportunizado a ele no ambiente escolar.

Agora que você já conhece, em síntese, o que cada eixo pretende alcançar no processo de Alfabetização e Letramento, comente nesta postagem suas experiências após utilizar os eixos em sua sala de aula. Diga o que deu certo e o que não deu para que possamos acompanhar e esclarecer dúvidas que possam surgir ao longo do seu trabalho!

Acompanhe as próximas postagens, onde estarei sugerindo atividades que esclarecem, de forma prática, a aplicação dos cinco eixos em sala de aula.

ALFABETIZAÇÃO

ALGUMAS SUGESTÕES PARA A ALFABETIZAÇÃO

A criança desde muito pequena, aprende a reconhecer com facilidade nome de pessoas, animais, objeto de seu ambiente familiar, isto é, reconhece substantivos. Um procedimento natural será o de iniciar o processo da leitura com estes substantivos envolvidos em idéias conhecidas, significativas, concretizáveis, permitindo sua exploração através dos sentidos – ver – ouvir – falar – tocar – cheirar – experimentar.

Nos primeiros anos de escolaridade da criança, o professor deve insistir, pelo menos, em dois aspectos, o treino e a formação de hábitos concretos de leitura. Por esse motivo, o que tivermos à disposição, deve ser aproveitado para incentivar a criança ler.

· Avisos e ordens, que comumente são expressos em voz alta, podem ser escritos.

· Saudações, reforços, perguntas que podem ser escritas em cartazes ou também no quadro de giz.

· A criança identifica tudo o que há na sala de aula. Nomeia-as.

· O professor, após identificação, explica que todos estes nomes podem ser escritos e lidos.

· Junto às crianças, escreve em fichas o nome das “coisas” que citaram. Exemplo: escreve lentamente a palavra porta. Lê a palavra e diz para as crianças indicando a porta: “isto é uma porta. E aqui lemos a palavra porta. Vamos colocar na porta?”. Faz o mesmo com outras palavras.

· Colocar os nomes das crianças na classe ou no lugar de guardar o material. As crianças “se desenham” e o professor escreve o nome delas e os distribui de maneira que elas já comecem algumas relações como “meu nome começa que nem o da Tatiane”.

Para facilitar o acesso da criança ao livro, o professor deve:

· Organizar um cantinho de leitura na sala de aula com gravuras e pequenos textos. Estimular para que a criança o freqüente, deixando-o manipular o material. O professor lê história no “canto” mostrando a ilustração e permitindo-lhe comentários, perguntas e complementações.

· Motivar e criar espaços para a criança narrar fatos do cotidiano e registrar (o professor). Posteriormente o professor lê a “história” da criança.

· Dramatizar cenas.

· Modelar, recortar ou desenhar os personagens da história.

· Visitar a biblioteca.

· Escrever o que a criança diz de seus desenhos (estes, inclusive, podem servir como um recurso para a criança ler depois que já domina o mecanismo da leitura, podendo reescrever o que disse).

A criança deve ser motivada a ler. Para que ela não perca o interesse, é preciso variar as estratégias apresentando a leitura de diferentes formas para evitar a memorização.

Estas são apenas algumas sugestões as quais deverão ser desdobradas sob muitas outras formas, como já foi salientado, o importante é que a criança leia muito, treine o mecanismo da leitura, sem, no entanto, separar o mecanismo da interpretação e compreensão do que se está lendo.

Escrita

A escrita deve surgir do interesse e curiosidade da criança. E esta se manifesta pelo desejo que a criança tem de descobrir, reconhecer e a utilizar os sinais gráficos com que constantemente se depara. Inicialmente, surge a necessidade de decifrar o meio e de se apropriar dos símbolos (palavras – sinais – frases) e, posteriormente, quer utilizar deles reproduzindo-os.

É importante que a criança saiba qual é o objetivo da escrita – “por que escrevemos?” A escrita é um sistema convencional utilizado pelo homem com a finalidade de se comunicar entre si, registrar suas descobertas, suas histórias e suas idéias e pensamentos. É um meio de expressão e conservação de idéias e pensamentos. E é assim que deve ser encarada. A escrita só tem valor educativo quando a criança já souber o que está escrevendo.

Muitos pais e professores apressam-se em ensinar a escrita sem se preocupar se realmente aquilo que a criança escreveu foi dominado e compreendido por ela. Educadores querem ver um caderno bonito, com bastantes coisas escritas. E, quando a criança não consegue fazer “aquela” tão almejada letra bonita (o que é muito natural que aconteça, quando a criança não está madura para esta atividade) apressam-se em apresentar-lhe o famoso caderno de caligrafia, onde a saturam, obrigando-a a preencher linhas com palavras vazias de significado e isoladas do processo.



COMPOSIÇÃO CRIADORA

Nas séries iniciais, o professor deve estar preocupado em preparar a criança para desenvolver a habilidade de leitura e redação que é a construção de pensamento oral ou escrita. E assim a criança estará desenvolvendo a habilidade de pensar com lógica, objetividade e clareza.

A composição escrita na alfabetização deve levar a criança a sentir necessidade de expressar seu pensamento espontaneamente como o faz na sua vida diária. Assim antes mesmo da criança dominara escrita, pode ser iniciada na composição. Para tanto, o professor proverá atividades que levem a criança a desejar ver expresso seu pensamento por escrito. Num primeiro momento o professor escreverá o que o aluno ditou e finalmente lerá o que foi escrito. Na segunda fase a criança estará lendo e copiando, numa terceira fase a criança fará suas próprias composições.

Segundo Eglê Franche a “técnica de redigir deve se iniciar na alfabetização, partindo das experiências dos alunos”. A criança ao entrar para a escola,traz consigo uma bagagem cultural e vivêncial consolidadas em seu meio, que na realidade é desprestigiada e “podadas asas” de sua criatividade, que normalmente acontece nas aulas de comunicação e expressão especialmente nas de redação, em que são propostos temas ou títulos distantes da realidade do aluno.

Um procedimento comum nas salas de aulas é fazer com que os alunos só escrevam palavras “já dominadas”, isto é, cuja forma ortográfica se supõe que eles conheçam. Isso faz com que grande parte dos alunos, ao escreverem, quase não cometam erros ortográficos (quando erram é, em geral por distração). Entretanto, isso faz também com que os alunos não possam se exprimir livremente, tendo de escrever frases e até histórias usando apenas palavras já dominadas.

Diante disso, surgem aquelas redações que nada mais são que um conjunto de frases desconexas, às vezes até um número de linhas pré-fixadas pela professora. Salva-se a ortografia das palavras, mas passa-se ao aluno a terrível idéia de que escrever é simplesmente combinar palavras cuja ortografia se conhece. O texto como expressão lingüística do pensamento fica assim deturpado ao se aprender a escrever. Reforçam essa idéia os textos das cartilhas que também são elaboradas com palavras já estudadas antes. Dessa forma revela um método mecanicista de aprendizagem que dispensa a reflexão do aluno e inibe a curiosidade e a procura da novidade ao tratar a escrita.

Uma outra estratégia de ensino, e muito melhor é admitir que os alunos, no início, sabem falar, muito bem, sua língua e a usam com propriedade, e que, portanto, tal capacidade, pode e deve ser transportada diretamente para a escrita. Aconteceu, porém, que isso esbarra numa dificuldade que é a forma ortográfica imprevisível de muitas palavras que os alunos nunca estudou. Contudo, se os alunos, após os primeiros contatos com o alfabeto e com algumas famílias de letras e a escrita de umas poucas palavras forem estimulados a escrever suas histórias espontaneamente, guiados pela semântica, pelo enredo e tentando escrever as palavras que precisa segundo as possibilidades de uso das palavras ou letras no sistema ortográfico da língua, certamente irão cometer erros de ortografia, mas passarão suas habilidades falantes aos textos escritos. Obviamente se pedirá também que cuidem da ortografia mas que não se amedrontem ao escrever se não souberem, porque é possível escrever português, por exemplo, sem ser na forma ortográfica.

Esses alunos vão perceber logo que a ortografia é algo diferente do simples ato de escrever palavras do português e que pára se sair bem ou se sabe como escrever ortograficamente uma palavra, ou se pergunta. Cada tentativa pode produzir escrita, mas não necessariamente a forma ortográfica. Esses procedimentos ajuda a auto-correção dos alunos, estimula a curiosidade pelas formas ortográficas sem trazer frustrações e faz com que os alunos expressem por escrito textos, lingüístico e literariamente perfeitos.

A iniciativa do professor no sentido de variar as estratégias para a obtenção de recursos para ampliação dos conhecimentos trazidos pelas crianças é de suma importância, pois esse trabalho de leitura e escrita na alfabetização não é fácil, ao passo que trabalhamos com crianças oriundas de realidades diferentes. Mas é um trabalho gratificante.

O ensino da leitura e da escrita, embora tendo sido trabalhado separadamente neste trabalho, é realizado simultaneamente. Não há como separar a leitura da escrita na aprendizagem.

27 de março de 2013

O QUE É CULTURA?

Cultura vem a ser o acúmulo da vivência histórica de significados sociais: linguagens, técnicas, valores, fé e gosto, construídas coletivamente. Tem relação com a maneira de vestir, de morar, de comer, de trabalhar, de rezar, de se comunicar, de se interagir.
A cultura é viva, flexível e plural, associando até mesmos elementos aparentemente divergentes e díspares. Portanto, não é possível subjugar o conceito à afirmação conservadora e tradicionalista de que a ordem política presente é a única viável, visto que sua modificação vai de encontro ao patrimônio cultural herdado dos antepassados.
A cultura não é estanque: é tudo o que o homem adiciona à natureza. Tudo o que o homem faz na vida e que lhe não é inato ao nascimento pode ser considerado como ação de cultura. Cultura é construção, transformação constante, produto e fator de imanência social.
Um povo que perde a sua cultura, sua história, sua memória, seus costumes, perde sua alma, fica sem identidade. No Brasil, tão vasto, tão amplo, com tantas expressões diferentes, com distintas maneiras de ser, de viver, de conviver e de fé múltipla, que vão se modificando de lugar para lugar, e a todo o momento, não podemos falar de uma única cultura, mas de culturas plurais que o formam.
A cultura é o alimento da educação. A educação é transmissora da cultura. A escola é um espaço de trocas culturais, é um lugar de propagação e interação da cultura e do conhecimento.
“A cultura é o tecido onde diferentes e diversos fios se entrelaçam” (Ana Carla Fonseca).

26 de março de 2013

CRÔNICAS

Crônicas interessantes para trabalhar em sala de aula
A Rua do Ouvidor
Joaquim Manuel de Macedo
A Rua do Ouvidor contou diversas lojas de perfumarias, e, por consequência, devia ser a rua mais cheirosa, mais perfumada entre todas as da cidade do Rio de Janeiro.
E todavia não o era!...
Com efeito não havia nem há rua mais opulenta de aromas, de perfumes, de pastilhas odoríferas, de banhas e de pomadas de ótimo cheiro; mas tudo isso encerrado em vidrinhos, em frascos e em pequenas caixas bonitas que mantinham e mantêm a Rua do Ouvidor tão inodora como as outras de dia.
Atualmente de noite observa-se o mesmo fato.
Naquele tempo, porém, isto é, nos tempos do Demarais, e ainda depois, a Rua do Ouvidor, de fácil e reta comunicação com a praia, era uma das mais frequentadas pelos condutores dos repugnantes barris, das oito horas da noite até às dez.
A esses barris asquerosos o povo deu a denominação geralmente adotada de - tigres - pelo medo explicável que todos fugiam deles.
Esse ruim costume do passado me traz à memória informação falsa e ridícula que li, e caso infeliz e igualmente ridículo, de que fui testemunha ocular e nasal em 1839, no meu saudoso tempo de estudante.
A informação é a seguinte:
Um francês (viajante charlatão) passou pela cidade do Rio de Janeiro, e demorando-se nela alguns dias, ouviu dos patrícios da Rua do Ouvidor queixas dos incômodos tigres que frequentes passavam ali de noite. Sábio e consciencioso observador que era, o viajante tomou nota do ato, e poucos anos depois publicou, no seu livro de viagens, esta famosa notícia:
“Na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, feras terríveis, os trigraves, vagam, durante a noite, pelas ruas, etc., etc.!!!”
E é assim que escreve a história!
O caso que observei foi desastroso, mas de natureza que fez rir a todos.
Pouco depois das oito horas da noite, um inglês, trajando casaca preta e gravata branca...
Entre parêntese.
Em 1839 ainda era de uso ordinário e comum a casaca; o reinado de paletó começou depois; muitos estudantes iam às aulas de casacas, e não havia senador nem deputado que se apresentasse desacasacado nas respectivas Câmaras: o paletó tornou-se eminentemente parlamentar de 1845 em diante.
Fechou-se o parênteses.
O inglês de chapéu de patente, casaca preta e gravata branca subia pela Rua do Ouvidor, quando encontrou um negro que descia, levando à cabeça um tigre para despejá-lo no mar.

O pobre africano ainda a tempo recuou um passo, mas o inglês que não sabia recuar avançou outro; o condutor do tigre encostou-se à parede que lhe ficava à mão direita, e o inglês supondo-se desconsiderado por um negro que lhe dava passo à esquerda pronunciou a ameaçadora palavra goodemi, e sem mais tir-te nem guar-te honrou com um soco britânico a face do africano, que perdendo o equilíbrio pelo ataque e pela dor, deixou cair o tigre para diante e naturalmente de boca para baixo.
Ah! Que não sei de nojo como o conte!
O Tigre ou o barril abismou em seu bojo o chapéu e a cabeça e inundou com o seu conteúdo a casaca preta, o colete e as calças do inglês.
O negro fugiu acelerado, e a vítima de sua própria imprudência, conseguindo livrar-se do barril, que o encapelara, lançou-se a correr atrás do africano, sacudindo o chapéu em estado indizível, e bradando furioso:
— Pegue ladron! Pegue ladron!...
Mas qual - pega ladron! -: todos se arredavam de inocente e malcheiroso negro que fugia, e ainda mais o inglês, tornado tigre pela inundação que recebera.
Era geral o coro de risadas na Rua do Ouvidor.
O inglês, perdendo enfim de vista o africano, completou o caso com um remate pelo menos tão ridículo como o seu desastre. Voltando rua acima, parou em frente de numeroso grupo de gente que testemunhara a cena, e ria-se dela.
Ainda hoje o estou vendo; o inglês parou, e sempre a sacudir o chapéu olhou iroso para o grupo e disse mas disse com orgulhosa gravidade britânica:
— Amanhã faz queixa a ministro da Inglaterra, e há de ter indenização de chapéu e de casaca perdidas.
Ah! Eu creio que então a melhor das risadas que romperam foi a minha gostosa, longa e repetida risada de estudante feliz e alegrão.
É inútil dizer que não houve questão diplomática. A Inglaterra ainda não se tinha feito representar no Brasil por Mr. Christie, o único capaz (depois do jantar) de exigir indenização do chapéu e da casaca que o patrício perdera.
Não foi este único desastre que os tigres ocasionaram, foram muitos e todos mais ou menos grotescos, e sei de um outro (além da encapelação do inglês) ocorrido na Rua do Carmo hoje Sete de Setembro, que de súbito desfez as mais doces esperanças do casamento inspirado e desejado por mútuo amor.
O namorado era estudante, meu colega e amigo; estava perdidamente apaixonado por uma viúva, viuvinha de dezoito anos, e linda como os amores.
Uma noite, a bela senhora estava à janela, e à luz de fronteiro lampião viu o namorado que, aproveitando o ponto do mais vivo clarão iluminador, lhe mostrava, levando-o ao nariz, um raminho de lindas flores, que ia enviar-lhe, quando nesse momento o cego apaixonado esbarrou com um condutor de tigre, e, embora não encapelado, foi quase tão infeliz como o inglês.
O pior do caso foi que a jovem adorada incorreu no erro quase inevitável de desatar a rir, e logo depois de fugir da janela por causa do mau cheiro de que se encheu a rua.
O namorado ressentiu-se do rir impiedoso da sua esperançosa e querida noiva; amoroso, porém, como estava, dois dias depois tornou a passar diante das queridas janelas.
No erro; a formosa viúva, ao ver o estudante, saudou-o doce, ternamente, mas levou o lenço a boca para dissimular o riso lembrador de ridículo infortúnio.
O estudante deu então solene cavaco, e não apareceu mais à bela viuvinha.
Um tigre matou aquele amor.
Memórias da Rua do Ouvidor. Rio de Janeiro: Perseverança, 1878.


Falemos das flores (25 de novembro de 1855)
José de Alencar
Falemos das flores.
O que é uma flor?
Será esta criação vegetal que na primavera se abre do botão de uma planta?
Não: a flor é o tipo da perfeição, é a mais sublime expressão da beleza, é um sorriso cristalizado, é um raio de luz perfumado.
Por isso há muitas espécies de flor.
Há as flores do vale - mimosas criaturas que vivem o espaço de um dia, que se alimentam de orvalho, de luz e de sombras.
Há as flores do céu - as estrelas, - que brilham à noite no seu manto azul, como os olhos de uma linda pensativa.
Há as flores do ar - as borboletas, - que têm nas suas asas ligeiras as mais belas cores do prisma.
Há as flores da terra - as mulheres, - rosas perfumadas que ocultam entre as folhas os seus espinhos.
Há as flores dos lábios - os sorrisos, lindas boninas que o menor sopro desfolha.
Há as flores do mar - as pérolas, - filhas do oceano que saem do seio das ondas para se aninharem no seio de uma mulher morena.
Há as flores da poesia - os versos, - às vezes tão cheios de perfumes e de sentimentos como a mais bela flor da primavera.
Há as flores d'alma - os sentimentos, - flores a que o coração serve de vaso, e as lágrimas de orvalho.
Há as flores da religião - as preces, - modestas violetas que perfumam a sombra e o retiro.
Há as flores da harmonia - os gorjeios - que brincam nos lábios mimosos de uma boquinha sedutora.
Há as flores do espírito - os ziguezagues, - que nascem sobre o papel como rosas silvestres e sem cultura.
(Não falo dos nossos ziguezagues, que, quando muito, são flores murchas).
Há enfim uma espécie de flor que é tão rara como a tulipa negra de Alexandre Dumas, como o cravo azul de Jean-Jacques, como o crisântemo azul de George Sand.
É a flor da vida, este sonho dourado, este puro ideal a que todos aspiram e de que tão poucos gozam.
Porque a flor da vida apenas vive um dia, como as rosas da manhã que a brisa da tarde desfolha.
E quando murcha, deixa dentro d'alma os seus perfumes, que são essas recordações queridas que nos sorriem ainda nos últimos tempos da existência.
Para uns a flor da vida nasce nos lábios de uma mulher; para outros no seio de um amigo.
Feliz do caminhante que à beira do bosque por onde passa colhe esta florzinha azul, espécie de urze cingida de uma coroa de espinhos.
Muitas vezes, depois de muitas fadigas, quando já tem as mãos feridas dos espinhos, e que vai colher a flor, ela se desfolha.
O vento soprou sobre ela, ou um verme roeu-lhe os estames.
Até aqui os meus leitores têm visto o mundo pelo prisma de uma flor; mas não se devem iludir com isso.
Algum velho político de cabelos brancos lhes dirá que isto são simples devaneios de uma imaginação exaltada.
A flor é a poesia, mas o fruto é a realidade, é a única verdade da vida.
Enquanto pois os poetas vivem à busca de flores, os homens sérios e graves, os homens práticos só tratam de colher os frutos.
Eles veem desabrochar as flores, exalar os seus perfumes, e esperam como o hortelão que chegue o outono e com ele o tempo da colheita.
E na verdade, a flor encerra sempre o germe de um fruto, de um pomo dourado, que outrora perdeu o homem, mas que é hoje a sua salvação.
A explicação disto me levaria muito longe, se eu não me lembrasse que até agora ainda não escrevi uma linha de revista, e ainda não dei aos meus leitores uma notícia curiosa.
Mas, a falar a verdade, não me agrada este papel de noticiador de coisas velhas, que o meu leitor todos os dias vê reproduzidas nos quatro jornais da corte, em primeira, segunda, e terceira edição.
Poderia dizer-lhe que depois da epidemia vai-se revelando uma outra epidemia de divertimentos, realmente assustadora.
Fala-se em clube artístico, em baile mascarado no teatro lírico, em passeios de máscaras pelas ruas, numa companhia francesa de vaudevilles, e em mil outras coisas que tornarão esta bela cidade do Rio de Janeiro um verdadeiro paraíso.
Neste tempo é que os folhetinistas baterão as asas de contentes, e não terão trabalho de escrever tiras de papel; preferirão ir ao baile, ao passeio, ao teatro, colher as flores de que hão de formar o seu bouquet de domingo.
Enquanto porém não chega esta bela quadra, essa primavera dos nossos salões, esse abril florido da nossa sociedade, não há remédio senão contentarmo-nos com o que temos, e em vez de rosas, apresentar ao leitor as folhas secas do ano.


A respeito de teatro, não falemos; é uma casa em cujo pórtico (digo pórtico figuradamente) a prudência parece ter gravado a inscrição de Dante: — Guarda e passa.
Se desprezais o aviso e entrais, daí a pouco tereis razão de arrepender-vos.
Sentai-vos em uma cadeira qualquer: a vossa direita está um gruísta; a vossa esquerda um chartonista.
Levanta-se o pano: representa-se a Norma ou a Fidanzata Corsa; canta uma das duas prima-donas, uma das duas prediletas do público.
— Bravo! grita o gruísta entusiasmado.
— Que exageração! diz o chartonista estirando o beiço.
— Divino!
— Oh! é demais!
— Sublime!
— Insuportável!
E assim neste crescendo continuam os dois dilettanti, de maneira que o vosso ouvido direito está sempre em completa oposição com o vosso ouvido esquerdo.
Cai o pano.
No intervalo conversai um pouco com os vossos vizinhos.
— É preciso ser completamente ignorante, diz o gruísta com o aplomb de um maestro, para não se apreciar a sublimidade do talento desta mulher!
Vós, meu leitor, que não quereis assinar um termo de ignorante, não tendes remédio senão confessar-vos gruísta, e em lugar de dois pontos de admiração dais três.
— Com efeito, é uma artista exímia!!!
Apenas acabais a palavra, quando o chartonista vos interroga do outro lado.
— É possível que um homem de gosto e de sentimento admita semelhantes exagerações?
Ficais embatucado; mas, se não quereis passar por homem de mau gosto, deveis imediatamente responder:
— Com efeito, não é natural.
Daí a um momento o vosso vizinho da direita retruca:
— Veja, todos os camarotes da 4a ordem estão vazios.
— É verdade!
Torna o vizinho esquerdo:
— Com esta chuva, que casa, hem!
— Boa!
Agora acrescentai a isto as desafinações do Dufrene, a rouquidão do Gentile, os cochilos do contra-regra, e fazei ideia do divertimento de uma noite de teatro.
Ao correr da pena. 2ª ed. São Paulo: Melhoramentos, s/d.


Quem tem medo de mortadela?
Mário PrataModismo é conosco mesmo. O brasileiro adora inventar moda. E todo mundo vai atrás dela. A última do brasileiro é “primeiro mundo”. Os publicitários nativos inventaram a expressão e agora tudo que nós queremos tem que ser coisa do “primeiro mundo”.
O carro é do primeiro mundo, a bebida é do primeiro mundo, a mulher é do primeiro mundo. Cineastas querem fazer filme de primeiro mundo, diretores de teatro trazem a moda lá da Europa. E os preços, evidentemente, também são de primeiro mundo.
Será que não nos bastam os exemplos de Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia, que se debruçaram na mamata da CEE e agora enfrentam uma séria recessão e desemprego?
Por que essa mania, de repente, de querer virar primeiro mundo? De terceiro para primeiro? Não seria o caso de fazer um estágio, antes, no segundo mundo?
Os do primeiro mundo adoram as coisas aqui do terceiro. Por exemplo, a caipirinha. Alemães, ingleses, americanos, suecos caem trôpegos pelas calçadas de Copacabana. Quer coisa rnais brasileira, mais terceiro mundista, mais caipira e mais barata? Mas já estão avacalhando com ela. Agora já tem caipirinha de vodca e, pasmem, de rum. Caipirinha sempre foi e sempre será de cachaça. Coisa de caipira mesmo. E é esta bebida que os europeus vêm procurar aqui. Mas já meteram a vodca e o rum nela para ficar com cara de primeiro mundo. Vamos deixar a caipirinha caipira, brasileiros!
Toda essa introdução para chegar à mortadela. Ou mortandela, como preferem garçons e padeiros. Quer coisa mais brasileira que a mortadela? Claro que ela veio lá da Itália. Mas tornou-se, talvez pelo baixo preço, o petisco do brasileiro. O nome vem de murta, uma plantinha italiana que lhe valeu o nome. Infelizmente o brasileiro acha que mortadela é coisa de pobre, de faminto. E o que somos nós, cara-pálidas?
A cachaça e a mortadela são produtos do Brasil, do nosso querido terceiro mundo. Mas acontece que há um preconceito dos patrícios contra a cachaça e a mortadela. Contra a mortadela o caso é mais grave. Se você oferecer mortadela numa festa, vão te olhar feio. Você deve estar perto da falência.
Neste Natal e no Reveillon frequentei várias mesas, e em nenhuma havia mortadela. Queijos de primeiro mundo, vinho de primeiro mundo, perfumes de primeiro mundo, até um peru argentino eu comi. Mas mortadela que é bom, nada. Nem uma fatiazinha.
Quando o brasileiro irá assumir que a mortadela é a melhor entrada do mundo? Quando você for para a Europa, não adianta pedir dead her que não vai encontrar. Nem muerta delMas nem tudo está perdido. No dia 1° do ano almocei com o casal Annette e Tenório de Oliveira Lima, e lá estava a mortadela, fresquinha no prato rósea. Um limãozinho em cima, um pedacinho de pão e viva o terceiro mundo, visto lá de cima do apartamento do Morumbi.
No mesmo dia, de noite, fui ao peemedebista Bar Nabuco, debaixo de frondosas sibipirunas da Praça Vilaboim e estava lá, no cardápio, toda sem-vergonha, a mortadela brasileira. Achei que estava começando bem o ano. Vai ser um Ano Bom, como se dizia antigamente. Se os novos-ricos do PMDB estão comendo mortadela, nem tudo está perdido. No Gargalhada Bar mais para PT, há um excelente sanduíche de mortadela.
E, nas boas padarias do ramo você ainda encontra a verdadeira mortadela, aquela que chega no balcão, feita na chapa, sem queimar muito, servida em pãezinhos saídos do forno.
Vamos deixar o primeiro mundo para lá. Vamos, este ano, tomar cachaça e comer mortadela. É muito mais barato ser pobre. Deixemos que o primeiro mundo exploda entre eles, mesmo tomando uísque escocês e comendo queijo fedido.
Por favor senhores brasileiros primeiro-mundistas, vamos deixar de frescura. Mortadela é o que há. É um barato.
Feliz 94 para todos vocês. Muita cachaça e muita mortadela. Apesar de tudo, o primeiro mundo é triste e melancólico. Continuemos felizes e alegres com a nossa cachaça e a nossa gostosa mortadela.
E que os candidatos à presidência deste nosso país do terceiro mundo não se esqueçam que o Jânio sempre se elegeu comendo “mortandela” e não caviar do primeiro mundo.

Publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 5/1/1994.

A arte de ser avó
Rachel de QueirozNetos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo...
Quarenta anos, quarenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as suas compensações - todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.
Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores nem de paixões: a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento a prestações, você não encontra de modo nenhum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choros, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino seu que lhe é “devolvido”. E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixados pelos arroubos juvenis.
[...]
E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz: “Vó!”, seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.
[...]
Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menininho - involuntariamente! - bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque “ninguém” se zangou, o culpado foi a bola mesmo, não foi, Vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague...

Elenco de cronistas modernos. 21ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.

Conformados e realistas
(Tostão)
Fernando Calazans e poucos outros jornalistas esportivos têm sido críticos e realistas sobre a qualidade e o futuro do futebol brasileiro, da Seleção e dos clubes. Penso da mesma forma. Estamos preocupados. Já a numerosa turma do oba-oba, também chamada de otimista, acha que somos muito pessimistas.
Os conformados, os que têm pouco senso crítico e também os modernistas, que são muito bem preparados cientificamente, dizem que o futebol moderno é esse aí. Temos de engoli-lo. Tocar a bola e esperar o momento certo para tentar fazer o gol virou sinônimo de lentidão. Confundem modernidade com mediocridade.
Ninguém é tão ingênuo para achar que se deve jogar hoje no estilo dos anos 60. O que queremos é ver mais qualidade. Não podemos nos contentar com um futebol medíocre, quase só de jogadas aéreas e de muita falta e correria. O encanto do futebol é outro.
Os jogadores são produzidos em série, para exportação, como uma fábrica de parafusos. Os atletas de talento são colocados na mesma linha de produção dos medíocres. Há mercado para todos. Aumentou a quantidade e diminuiu a qualidade.
Nos últimos 14 anos, a Argentina ganhou cinco mundiais sub-20 (acontecem de dois em dois anos), além de duas medalhas de ouro nas Olimpíadas. O time que derrotou o Brasil tem sete jogadores da equipe campeã mundial sub-20 em 2005.
Muitos vão dizer, com um ótimo argumento, que nesse período, o Brasil ganhou duas copas do mundo e mais um vice, enquanto a Argentina não venceu nada. A razão disso é óbvia. A Argentina não teve um único fenômeno nesses 14 anos, até chegar Messi. Já o Brasil teve Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Kaká. Todos os cinco ganharam o título de melhor do mundo.
Os fenômenos, em todos os esportes, dependem muito menos das condições em que são treinados. Eles não têm explicação. Mas não se pode depender tanto deles. É preciso criar boas estruturas e estratégias para formar um número maior de excelentes atletas. Esses têm diminuído no futebol brasileiro.
Muitos treinadores brasileiros conhecem tudo de esquema tático, de estatísticas, dos adversários, porém conhecem pouco as sutilezas e subjetividades. Não são bons observadores.
Quem não sabe ver não sabe nada. Eles se preocupam mais com seus esquemas táticos que com a qualidade do jogo e se os melhores jogadores estão nos lugares certos.
Há exceções. Enfim, apareceu um técnico brasileiro que colocou Carlos Alberto na posição certa, se movimentando na frente, por todos os lados, e mais perto do gol, onde pode e deve driblar. Assim ele jogou no Porto com José Mourinho. Carlos Alberto não é armador, organizador, como atuava.
Felipão estava louco para ver Robinho no Chelsea porque precisa de um atacante rápido, habilidoso, que joga melhor pelos lados e que é capaz de marcar no próprio campo e aparecer com facilidade no ataque. Robinho é um desses raros jogadores. Se Felipão fosse treinador da Seleção, certamente faria o mesmo.
O Povo Online, 30/8/2008. Disponível em .


A escola então era risonha e franca?
Naquele ano de 1919, em Fortaleza, a nossa rua se chamava do Alagadiço: era larguíssima, uma longa sucessão de chácaras com jardim à frente, imenso quintal atrás. (...)
Do outro lado da rua, defronte ao poste do bonde, ficava a escola pública da Dona Maria José. (...) Nela estudava o meu tio Felipe, que era quase da minha idade.(...) E eu, que chegara um mês antes do Pará, tinha loucura pra freqüentar a escola, mas ninguém consentia. Minha mãe e meu pai alimentavam idéias particulares a respeito de educação formal: desde que eu já sabia ler — aprendi sozinha pelos cinco anos — e tinha livros em casa, jornais, revistas (O Tico-Tico!), o resto ficava para mais tarde. Eu então fugia, atravessava o trilho para espiar a escola. Principalmente nos dias de sabatina, quando a meninada toda formava uma roda, cantando a tabuada, a professora com a palmatória na mão. Primeiro era em coro, seguido: “6+6, 12! 6+7, 13!” O mais difícil era a tabuada de multiplicar, principalmente nas casas de sete pra cima e entrando no salteado: “7x9, 56; 8x9, 72!” Aí a palmatória comia e os bolos eram dados pelo aluno que acertava, corrigindo o que errava. E eram aplicados na proporção do erro. Tabuada de sete a nove era fogo. O pior era um aluno grandalhão — iria pelos 14 anos — que não acertava nunca. Chegando a vez dele, a roda cantava: “8x7?” A roda esperava e ele gaguejava, ficava da cor de um pimentão e começava a chorar. Palmatória nele. Eu, que espionava da janela e já tinha aprendido a tabuada, de tanto ver sabatina, soprava de lá: “56!” Dona Maria José, se ouvia, levantava os olhos pra cima e até sorria. Mas o pobre nunca entendia o sopro. Uma vez caiu de joelhos. Mas não perdoavam: bolo nele! E no dia seguinte ele vinha pra aula de mão amarrada num pano, sempre sujo.
As pessoas são cruéis. Menino é muito cruel. Agora me lembrei que chamavam o coitado de Zé Grandão. Nunca deu pra nada, nem pra caixeiro de bodega — não conseguia anotar direito as compras no borrador. Ele mesmo, mais tarde, nos contou isso.
(...)
Por isso me ficou a convicção, lá no fundo da alma: só se pode mesmo vencer na vida aprendendo tabuada de cor e salteado. Principalmente as casas altas de multiplicar.
QUEIROZ, Rachel de. As terras ásperas – Crônicas.
S. Paulo: Ed. Siciliano, 1993.

Ser brotinho
Paulo Mendes Campos
Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado: é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.
Ser brotinho é não usar pintura alguma, às vezes, e ficar de cara lambida, os cabelos desarrumados como se ventasse forte, o corpo todo apagado dentro de um vestido tão de propósito sem graça, mas lançando fogo pelos olhos. Ser brotinho é lançar fogo pelos olhos.
É viver a tarde inteira, em uma atitude esquemática, a contemplar o teto, só para poder contar depois que ficou a tarde inteira olhando para cima, sem pensar em nada. É passar um dia todo descalça no apartamento da amiga comendo comida de lata e cortar o dedo. Ser brotinho é ainda possuir vitrola própria e perambular pelas ruas do bairro com um ar sonso-vagaroso, abraçada a uma porção de elepês coloridos. É dizer a palavra feia precisamente no instante em que essa palavra se faz imprescindível e tão inteligente e superior. É também falar legal ebárbaro com um timbre tão por cima das vãs agitações humanas, uma inflexão tão certa de que tudo neste mundo passa depressa e não tem a menor importância.
Ser brotinho é poder usar óculos enormes como se fosse uma decoração, um adjetivo para o rosto e para o espírito. É esvaziar o sentido das coisas que os coroas levam a sério, mas é também dar sentido de repente ao vácuo absoluto. Aguardar na paciente geladeira o momento exato de ir à forra da falsa amiga. É ter a bolsa cheia de pedacinhos de papel, recados que os anacolutos tornam misteriosos, anotações criptográficas sobre o tributo da natureza feminina, uma cédula de dois cruzeiros com uma sentença hermética escrita a batom, toda uma biografia esparsa que pode ser atirada de súbito ao vento que passa. Ser brotinho é a inclinação do momento.
É telefonar muito, demais, revirando-se no chão como dançarina no deserto estendida no chão. É querer ser rapaz de vez em quando só para vaguear sozinha de madrugada pelas ruas da cidade. Achar muito bonito um homem muito feio; achar tão simpática uma senhora tão antipática. É fumar quase um maço de cigarros na sacada do apartamento, pensando coisas brancas, pretas, vermelhas, amarelas.
Ser brotinho é comparar o amigo do pai a um pincel de barba, e a gente vai ver está certo: o amigo do pai parece um pincel de barba. É sentir uma vontade doida de tomar banho de mar de noite e sem roupa, completamente. É ficar eufórica à vista de uma cascata. Falar inglês sem saber verbos irregulares. É ter comprado na feira um vestidinho gozado e bacanérrimo.
É ainda ser brotinho chegar em casa ensopada de chuva, úmida camélia, e dizer para a mãe que veio andando devagar para molhar-se mais. É ter saído um dia com uma rosa vermelha na mão, e todo mundo pensou com piedade que ela era uma louca varrida. É ir sempre ao cinema, mas com um jeito de quem não espera mais nada desta vida. É ter uma vez bebido dois gins, quatro uísques, cinco taças de champanha e uma de cinzano sem sentir nada, mas ter outra vez bebido só um cálice de vinho do Porto e ter dado um vexame modelo grande. É o dom de falar sobre futebol e política como se o presente fosse passado, e vice-versa.
Ser brotinho é atravessar de ponta a ponta o salão da festa com uma indiferença mortal pelas mulheres presentes e ausentes. Ter estudado ballet e desistido, apesar de tantos telefonemas de Madame Saint-Quentin. Ter trazido para casa um gatinho magro que miava de fome e ter aberto uma lata de salmão para o coitado. Mas o bichinho comeu o salmão e morreu. É ficar pasmada no escuro da varanda sem contar para ninguém a miserável traição. Amanhecer chorando, anoitecer dançando. É manter o ritmo na melodia dissonante. Usar o mais caro perfume de blusa grossa e blue-jeans. Ter horror de gente morta, ladrão dentro de casa, fantasmas e baratas. Ter compaixão de um só mendigo entre todos os outros mendigos da Terra. Permanecer apaixonada a eternidade de um mês por um violinista estrangeiro de quinta ordem. Eventualmente, ser brotinho é como se não fosse, sentindo-se quase a cair do galho, de tão amadurecida em todo o seu ser. É fazer marcação cerrada sobre a presunção incomensurável dos homens. Tomar uma pose, ora de soneto moderno, ora de minueto, sem que se dissipe a unidade essencial. É policiar parentes, amigos, mestres e mestras com um ar songamonga de quem nada vê, nada ouve, nada fala.
Ser brotinho é adorar. Adorar o impossível. Ser brotinho é detestar. Detestar o possível. É acordar ao meio-dia com uma cara horrível, comer somente e lentamente uma fruta meio verde, e ficar de pijama telefonando até a hora do jantar, e não jantar, e ir devorar um sanduíche americano na esquina, tão estranha é a vida sobre a Terra.
O cego de Ipanema. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960.

 última crônica
Fernando SabinoA caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você...”. Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
Elenco de cronistas modernos. 21ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.


Peladas
Armando NogueiraEsta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto.
E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: “Eu jogo na linha! eu sou o Lula!; no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe”. Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha.
Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro joga sem camisa.
Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.
Em compensação, num racha de menino ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quica no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.
Aqui, nessa pelada inocente é que se pode sentir a pureza de uma bola. Afinal, trata-se de uma bola profissional, uma número cinco, cheia de carimbos ilustres: “Copa Rio-Oficial”, “FIFA — Especial”. Uma bola assim, toda de branco, coberta de condecorações por todos os gomos (gomos hexagonais!), jamais seria barrada em recepção do Itamaraty.
No entanto, aí está ela, correndo para cima e para baixo, na maior farra do mundo, disputada, maltratada até, pois, de quando em quando, acertam-lhe um bico, ela sai zarolha, vendo estrelas, coitadinha.
Racha é assim mesmo: tem bico, mas tem também sem-pulo de craque como aquele do Tona, que empatou a pelada e que lava a alma de qualquer bola. Uma pintura.
Nova saída.
Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.
O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar. Em cada gomo o coração de uma criança.
Os melhores da crônica brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977.

O amor acaba
Paulo Mendes CamposO amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania¹ da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
1. No sentido literário, epifania é um momento privilegiado de revelação quando ocorre um evento que “ilumina” a vida da personagem.
O amor acaba - Crônicas líricas e existenciais. 2ª- ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

Um caso de burro
Machado de AssisQuinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os gostos não são iguais.
Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso de burros, donde concluí que não estaria deitado, mas caído. Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos o burro levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam-se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar próximo do fim.
Diante do animal havia algum capim espalhado e uma lata com água. Logo, não foi abandonado inteiramente; alguma piedade houve no dono ou quem quer que seja que o deixou na praça, com essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem bebeu da água; estava já para outros capins e outras águas, em campos mais largos e eternos.
Meia dúzia de curiosos tinha parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas justamente do lado da anca. Diga-se a verdade; não o fez — ao menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos. Esses poucos minutos, porém, valeram por uma hora ou duas. Se há justiça na Terra valerão por um século, tal foi a descoberta que me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos.
O que me pareceu, é que o burro fazia exame de consciência. Indiferente aos curiosos, como ao capim e à água, tinha no olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho interior e profundo. Este remoque popular: por pensar morreu um burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos que a princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte é que o torna necessário. Quanto à matéria do pensamento, não há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso tempo que ali gastei. Sou outro Champollion, porventura maior; não decifrei palavras escritas, mas ideias íntimas de criatura que não podia exprimi-las verbalmente.
E diria o burro consigo:
“Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça remorso. Não furtei, não menti, não matei, não caluniei, não ofendi nenhuma pessoa. Em toda a minha vida, se dei três coices, foi o mais, isso mesmo antes haver aprendido maneiras de cidade e de saber o destino do verdadeiro burro, que é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem. Ultimamente é que percebi que me não entendiam, e continuei a zurrar por ser costume velho, não com ideia de agravar ninguém. Nunca dei com homem no chão. Quando passei do tílburi ao bonde, houve algumas vezes homem morto ou pisado na rua, mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o cocheiro na fuga; deixava-me estar aguardando autoridade.”
“Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução declarado os direitos do burro, tais direitos não existem. Nenhum golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os obrigou. Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de governo, teve em conta os interesses da minha espécie. Qualquer que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um pouco temperada pela teima que é, em resumo, o meu único defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim um bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei por sóis nem chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos os bens que pratiquei.”
“A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando depressa o tílburi e o namorado à casa da namorada — ou simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia ao bonde podia mirar a moça que estava na janela. Não poucos devedores terei conduzido para longe de um credor importuno. Ensinei filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do porte e na quietação dos sentidos. Quando algum homem, desses que chamam patuscos, queria fazer rir os amigos, fui sempre em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara. Em fim...”
Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado que pesaroso. Contente da descoberta, não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A consideração, porém, de que todos os burros devem ter os mesmos dotes principais, fez-me ver que os que ficavam não seriam menos exemplares do que esse. Por que se não investigará mais profundamente o moral do burro? Da abelha já se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também, coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas são superiores às nossas, mais racionais. Por que não sucederá o mesmo ao burro, que é maior?
Sexta-feira, passando pela Praça Quinze de Novembro, achei o animal já morto.
Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver, espetáculo repugnante; mas a infância, como a ciência, é curiosa sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim passam os trabalhos deste mundo. Sem exagerar o mérito do finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século. Requiescat in pace.
Disponível em .


Cobrança
Moacyr ScliarEla abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: “Aqui mora uma devedora inadimplente.”
— Você não pode fazer isso comigo — protestou ela.
— Claro que posso — replicou ele. — Você comprou, não pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas vezes tentei lhe cobrar, você não pagou.
— Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise...
— Já sei — ironizou ele. — Você vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados. Problema seu, ouviu? Problema seu. Meu problema é lhe cobrar. E é o que estou fazendo.
— Mas você podia fazer isso de uma forma mais discreta...
— Negativo. Já usei todas as formas discretas que podia. Falei com você, expliquei, avisei. Nada. Você fazia de conta que nada tinha a ver com o assunto. Minha paciência foi se esgotando, até que não me restou outro recurso: vou ficar aqui, carregando este cartaz, até você saldar sua dívida.
Neste momento começou a chuviscar.
— Você vai se molhar — advertiu ela. — Vai acabar ficando doente.
Ele riu, amargo:
— E daí? Se você está preocupada com minha saúde, pague o que deve.
— Posso lhe dar um guarda-chuva...
— Não quero. Tenho de carregar o cartaz, não um guarda-chuva.
Ela agora estava irritada:
— Acabe com isso, Aristides, e venha para dentro. Afinal, você é meu marido, você mora aqui.
— Sou seu marido — retrucou ele — e você é minha mulher, mas eu sou cobrador profissional e você é devedora. Eu a avisei: não compre essa geladeira, eu não ganho o suficiente para pagar as prestações. Mas não, você não me ouviu. E agora o pessoal lá da empresa de cobrança quer o dinheiro. O que quer você que eu faça? Que perca meu emprego? De jeito nenhum. Vou ficar aqui até você cumprir sua obrigação.
Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ilegível. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um lado para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz.
O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2001.

O cajueiro
Rubem BragaO cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro atrás da casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
Eu me lembro do outro cajueiro que era menor e morreu há muito tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente “tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, “beijos”, violetas. Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde.
No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera: mas assim mesmo fiz questão de que Carybé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo de outras terras um parente muito querido.
A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de ventania, num fragor tremendo pela ribanceira; e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa.
Diz que passou o dia abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos se assustaram; mas foram brincar nos galhos tombados.
Foi agora, em fins de setembro. Estava carregado de flores.
Setembro, 1954.

Cem crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1956.

A bola
Luis Fernando VerissimoO pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse “Legal!”. Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
— Como e que liga? — perguntou.

— Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
— Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
— Não precisa manual de instrução.
— O que é que ela faz?
— Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
— O quê?
— Controla, chuta...
— Ah, então é uma bola.
— Claro que é uma bola.
— Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
— Você pensou que fosse o quê?
— Nada, não.
O garoto agradeceu, disse “Legal” de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de bip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.
O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina.
O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
— Filho, olha.
O garoto disse “Legal”, mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

São Paulo: as pessoas de tantos lugares
Milton HatoumÀ primeira vista, São Paulo assusta. Aos poucos, o susto cede ao fascínio, à surpresa da descoberta de muitos lugares escondidos ou ocultados numa metrópole da qual a natureza parece ter sido banida. Isto só em parte é verdade. Há vários parques e jardins — Aclimação, Villa-Lobos, Burle Marx, Água Branca e tantos outros —, sem contar o Ibirapuera, que simboliza uma promessa de urbanismo mais civilizado, ou de um processo urbano mais humanizado, interrompido pela ganância das construtoras e da especulação imobiliária em conluio com o poder público municipal.
Esse urbanismo desastroso e desumano é uma das características das cidades brasileiras, em que os bons arquitetos não participam da intervenção na paisagem urbana. Apesar das adversidades, um morador de São Paulo aprende a gostar da metrópole. Já quase não se vê o céu de Sampa, mas há bairros que são pequenas cidades, há ruas com um casario de uma outra época, com um ritmo de vida próprio, como se outro tempo resistisse ao cerco dos arranha-céus horrorosos e ao mundo das finanças e do consumo desenfreado.
Gosto de passear pelo Cambuci, Belenzinho, Penha; Brás, Mooca, Tatuapé e Santana ainda revelam muitos encantos, assim como a Estação da Luz e o Mercado Municipal. No mundo grandioso da metrópole, pode-se descobrir uma série de recantos: pequenas praças, um recorte de paisagem, um beco, um conjunto de casas neoclássicas, uma antiga vila operária, um boteco ou restaurante. Recantos que encerram um outro modo de vida, como se a metrópole fosse um palimpsesto a ser descoberto em cada andança. O oposto disso são edifícios dotados de clube e shopping centers, que separam seus moradores do resto da cidade, gerando uma nova forma de segregação do espaço, ainda mais radical que os condomínios.
Há pouco tempo, uma amiga carioca me disse que gostava cada vez mais de São Paulo. Quis saber por que. Porque fiz boas amizades na metrópole vizinha, ela disse.
Senti isso quando me mudei para cá em 1970. Morei num quarto de pensão na Liberdade. Um dos colegas dessa pensão era outro migrante, um rapaz de Londrina que passava o dia estudando música e que se tornou, além de um grande músico, um grande amigo: Arrigo Barnabé.
Entendi que São Paulo era uma meca para onde confluíam pessoas de todos os quadrantes, as latitudes e as origens; talvez seja este o maior encanto desta metrópole que une o culto ao trabalho com promessas de amizade. A diversidade étnica de São Paulo reitera a mestiçagem brasileira, uma das nossas maiores riquezas.
Não há um único paulistano que não reclame do trânsito, da poluição, da violência e das filas intermináveis, mas as relações de trabalho e afeto, que são formas poderosas de inserção social, servem de contrapeso ao caos e aos males da metrópole.
Milton Hatoum, 55, escritor, autor de Órfãos do Eldorado e Dois irmãos (ambos pela Companhia das Letras), entre outros títulos. Texto publicado na Revista da Folha, 25/05/2008.

Sobre a crônica
Ivan ÂngeloUma leitora se refere aos textos aqui publicados como “reportagens”. Um leitor os chama de “artigos”. Um estudante fala deles como “contos”. Há os que dizem: “seus comentários”. Outros os chamam de “críticas”. Para alguns, é “sua coluna”.
Estão errados? Tecnicamente, sim — são crônicas —, mas... Fernando Sabino, vacilando diante do campo aberto, escreveu que “crônica é tudo o que o autor chama de crônica”.
A dificuldade é que a crônica não é um formato, como o soneto, e muitos duvidam que seja um gênero literário, como o conto, a poesia lírica ou as meditações à maneira de Pascal¹. Leitores, indiferentes ao nome da rosa, dão à crônica prestígio, permanência e força. Mas vem cá: é literatura ou é jornalismo? Se o objetivo do autor é fazer literatura e ele sabe fazer...
Há crônicas que são dissertações, como em Machado de Assis; outras são poemas em prosa, como em Paulo Mendes Campos; outras são pequenos contos, como em Nelson Rodrigues; ou casos, como os de Fernando Sabino; outras são evocações, como em Drummond e Rubem Braga; ou memórias e reflexões, como em tantos. A crônica tem a mobilidade de aparências e de discursos que a poesia tem — e facilidades que a melhor poesia não se permite.
Está em toda a imprensa brasileira, de 150 anos para cá. O professor Antonio Candido observa: “Até se poderia dizer que sob vários aspectos é um gênero brasileiro, pela naturalidade com que se aclimatou aqui e pela originalidade com que aqui se desenvolveu”.
Alexandre Eulálio, um sábio, explicou essa origem estrangeira: “É nosso familiar essay², possui tradição de primeira ordem, cultivada desde o amanhecer do periodismo nacional pelos maiores poetas e prosistas da época”. Veio, pois, de um tipo de texto comum na imprensa inglesa do século XIX, afável, pessoal, sem-cerimônia e, no entanto, pertinente.
Por que deu certo no Brasil? Mistérios do leitor. Talvez por ser a obra curta e o clima, quente.
A crônica é frágil e íntima, uma relação pessoal. Como se fosse escrita para um leitor, como se só com ele o narrador pudesse se expor tanto. Conversam sobre o momento, cúmplices: nós vimos isto, não é, leitor?, vivemos isto, não é?, sentimos isto, não é? O narrador da crônica procura sensibilidades irmãs.
Se é tão antiga e íntima, por que muitos leitores não aprenderam a chamá-la pelo nome? É que ela tem muitas máscaras. Recorro a Eça de Queirós, mestre do estilo antigo. Ela “não tem a voz grossa da política, nem a voz indolente do poeta, nem a voz doutoral do crítico; tem uma pequena voz serena, leve e clara, com que conta aos seus amigos tudo o que andou ouvindo, perguntando, esmiuçando”.
A crônica mudou, tudo muda. Como a própria sociedade que ela observa com olhos atentos. Não é preciso comparar grandezas, botar Rubem Braga diante de Machado de Assis. É mais exato apreciá-la desdobrando-se no tempo, como fez Antonio Candido em “A vida ao rés do chão”: “Creio que a fórmula moderna, na qual entram um fato miúdo e um toque humorístico, com o seu quantum satis³ de poesia, representa o amadurecimento e o encontro mais puro da crônica consigo mesma”. Ainda ele: “Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas”.
Elementos que não funcionam na crônica: grandiloquência, sectarismo, enrolação, arrogância, prolixidade. Elementos que funcionam: humor, intimidade, lirismo, surpresa, estilo, elegância, solidariedade.
Cronista mesmo não “se acha”. As crônicas de Rubem Braga foram vistas pelo sagaz professor Davi Arrigucci como “forma complexa e única de uma relação do Eu com o mundo”. Muito bem. Mas Rubem Braga não se achava o tal. Respondeu assim a um jornalista que lhe havia perguntado o que é crônica:
— Se não é aguda, é crônica.

1. Blaise Pascal (1623-1662), matemático, filósofo e teólogo francês, autor de Pensamentos.
2. “Ensaio familiar”. Ensaio é um gênero inaugurado por Michel de Montaigne (1533-1592); vem da palavra francesa essayer (“tentar”). Um ensaio é um texto onde se encadeiam argumentos, por meio dos quais o autor defende uma ideia.
3. Em latim, “a quantidade necessária”.
Veja São Paulo, 25/4/2007.


Do rock
Carlos Heitor ConyTocam a campainha e há um estrondo em meus ouvidos. A empregada estava de folga, o remédio era atender o mau-caráter que me batia à porta àquela hora da manhã. Vejo o camarada do bigodinho com o embrulho largo e enfeitado.
— É aqui que mora a senhorita Regina Celi?
Digo que não e fulmino o importuno com um olhar cheio de ódio e sono, mas antes de fechar a porta sinto alguma coisa de íntimo naquele “senhorita Regina Celi”, sim, há uma Regina Celi em minha casa, minha própria filha, mas apenas de 12 anos, uma guria bochechuda ainda, não merecia o título e a função de senhorita.
Chamo o homem que já estava no elevador. Eram CDs, a garota encomendara um mundão de CDs numa loja próxima, e pedira que mandassem as novidades, pois as novidades estavam ali, embrulhadinhas e com a nota fiscal bem às claras.
Gemo surdamente na hora de assinar o cheque e recebo o embrulho. A garota dormia impune, o mundo podia desabar, e ninguém a despertaria do sono 12 anos. Deixo o embrulho em cima do som e volto para a cama, forçar o sono e a tranquilidade interior, abalada pelo cheque tão matutino e fora de propósito. Quando ordeno os pensamentos e ambições no estreito espaço do meu pensamento e retomo um sono e um sonho sem cor nem gosto, começa o rock.
Anos atrás, seria começa o beguine. Mas o beguine passou de moda, e o swing, o mambo, o baião e outras pragas vindas de alheias e próprias pragas. Pois aí estava o rock, matinal, cor de sangue e metal inundando o dia e o quarto com sua voz rouca, seu compasso monótono e histérico.
Purgo honestamente meus pecados e lembro o pai, que me aturava a mania pelos sambas de Ary Barroso. O velho não dizia nada, mas me olhava fundo e talvez tivesse ganas de me esganar. Mas me aturava e aturava o meu Brasil brasileiro.
Hoje, aturo o rock. Vou ao banheiro, lavo o rosto, visto um short e vou para a sala disposto a causar boa impressão à senhorita Regina Celi, que de babydoll, esbaforida, se degringola ao som de U2.
O tapete já fora arrastado e amarfanhado a um canto. Meu castiçal de prata foi profanado com a cara de um tipo até simpático que naquela manhã ganhará alguma coisa à custa do meu labor e cheque.
A senhorita Regina Celi tem a cara afogueada, os pés e as pernas avançam e ficam no mesmo lugar, o corpo todo treme e sua, até que ela me estende o braço.
— Vem, papai!
O peso dos meus invernos e minhas banhas causa breve hesitação. Mas ali estamos, eu e a senhorita Regina Celi, uma menina que ainda pego no colo e aqueço com meu amor e o meu carinho, quando ela tem medo do mundo ou de não saber os afluentes da margem esquerda do rio Amazonas na hora do exame. Ela me chama e me perdoa.
Então, aumento o volume do som, espero o tal do U2 dar um grito histérico e medonho - e esqueço o cheque, a vida e a faina humana rebolando este cansado corpo-pasto de espantos - até que o fôlego e o U2 acabem na manhã e no som.
Crônicas para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

Considerações em torno das aves-balas
Ivan ÂngeloBalas perdidas transformam-se em notícia por todo o país.
Desde que isso começou — não faz muito tempo, nem pouco — mais de uma centena de pessoas foram atingidas só na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo não se conta, ou perde-se a conta. Em Belo Horizonte, elas sinistramente trabalham em silêncio. Em Salvador são abafadas pelo baticum dos tambores. Sem nenhum bairrismo elas voam geral, irrompem num circo, num ônibus, numa janela de sala de estar, numa padaria, em muitas escolas, numa praça, num banco, numa rua e se alojam num corpo. Aí se livram da sua característica principal — a de perdidas — e se acham, são achadas.
Por que se diz perdida? Perdida é a bala que não se encontra nunca, são as que voam até perder a força e tombam, exaustas e sem glórias de Jornal Nacional, num mato qualquer.
A bala perdida: quem a perdeu? A linguagem tem sempre uma lógica. Quem perdeu a bala perdida? O atirador? Pior para quem a achou.
Uma pessoa quando perdida, não tem rumo. Se diz: desorientada. Uma bala não. A bala perdida segue reta e veloz como quem sabe aonde vai. Igualzinho às outras, suas irmãs, que levam endereço certo.
Perdida, então quer dizer o quê? Desperdiçada? A linguagem nem sempre tem lógica. Quem perdeu a bala perdida? O atirador? Pior para quem achou.
Quando acha um corpo a bala pode ainda se chamar perdida? A que acha, mesmo não sendo aquele corpo que buscava, será menos desperdiçada do que as outras, que esbarram em uma simples parede?
Ninguém procura balas perdidas. Nem quem as perdeu, nem quem as encontrou, sem querer. São indesejadas, e quanto mais o sejam, mais ansiosas parecem por alojar-se. Essas balas voadoras, libertas da sua casca, só são realmente perdidas se ninguém nunca mais as viu. Então são também inúteis, pois isso é a negação da sua essência mortal.
Uma bala, quando útil, fere, mata. É criadora: cria órfãos, viúvas, pais inconsoláveis. Quem a dispara sabe disso. Quem fabrica e vende sabe disso. Quem recolhe impostos sobre ela sabe muito bem. Porque ela não serve para mais nada, para isso foi feita.
Seria próprio chamar de desaparecidas essas inúteis? No país das balas perdidas, perdem-se também crianças, chamadas desaparecidas. Mas esta já é outra história.
Não, a essas balas não se poderia chamar de desaparecidas porque ninguém sabia delas antes de se libertarem de sua casca, ainda pacíficas, guardando para si sua capacidade voadora e mortal. Só depois que explodem é que voam, e então se perdem ou não.
O poeta João Cabral de Melo Neto deu um lindo nome a essas balas sem dono: ave-bala. No poema “Morte e vida Severina”, o retirante pergunta aos que levam um defunto: “Quem contra ele soltou / essa ave-bala”. E a resposta: “Ali é difícil dizer / Irmão das almas, / Sempre há uma bala voando / desocupada”.
Éramos um povo acostumado à arma branca, à peixeira, ao punhal, ao facão; herdamos a tradição ibérica de sangrar, cortar o pescoço, capar. Meninos já tinham seu canivete de ponta. Malandros riscavam o ar com navalhas. Mulheres da vida brandiam giletes. Numa arruaça, quem metia a mão numa cara, dava rasteiras. Em algum momento o “te meto a faca” virou “te meto a bala”, aquele “te meto a mão na cara” virou “te meto uma bala na cara”. Começaram a voar as aves-balas.
O que aconteceu no meio? Talvez o cinema, o faroeste, os gangsters, a TV, guerras sujas, guerrilhas, terrorismo, drogas proibidas. Nasceu o culto da pontaria certeira. Billy the Kid, John Wayne, Randolph Scott, Frank e Jesse James, Schwarzenegger, Stalone, Matrix. “No século do progresso / o revólver teve ingresso / pra acabar com a valentia” — cantou Noel Rosa nos anos 1930. Surgiu outro tipo de valente, o que fica atrás do revólver. Não é preciso arriscar-se, chegar perto para ferir. “Mais garantido é de bala / Mais longe fere”, diz o poeta João Cabral. Ninguém pense que a influência estrangeira é justificativa. Não, não importamos a violência, ela é mais nossa que o petróleo. Importamos foi a cultura da arma de fogo.
No país das balas perdidas, perdem-se também crianças, nem sempre desaparecidas. Muitas delas, talvez a maioria, vão mais tarde brincar por aí de soltar aves-balas, nem sempre perdidas.
O comprador de aventuras e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2000. Coleção Para Gostar de Ler, v. 28.

Pavão
Rubem BragaEu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960.

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